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Anúncio derruba o mito da "Maldição dos 27 anos"

Criada pela AlmapBBDO, peça será publicada na edição de agosto da revista Billboard

"Você nunca vai fazer 28": anúncio será veiculado na edição de agosto da revista Billboard (Divulgação)

"Você nunca vai fazer 28": anúncio será veiculado na edição de agosto da revista Billboard (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2014 às 16h49.

São Paulo - A morte da cantora Amy Winehouse provocou uma série de teorias sobre o que teria causado sua partida. Uma delas – a “Maldição dos 27 anos” – ganhou força e espaço na mídia. Ela foi desenvolvida a partir de vários casos de ídolos da música mortos antes de completar 28 anos. E Amy Winehouse não escapou. Aos olhos de muita gente, tornou-se a mais nova vítima da maldição.

Desde que começou a aparecer na mídia, com sua voz, tatuagens, cabelos armados e passos trôpegos, desequilibrados pelo álcool, drogas e, às vezes, apenas por seu jeito de ser e de se apresentar, sua morte precoce foi prevista.

A carreira de Amy sempre provocou comentários paralelos: falava-se da beleza de sua voz e interpretação, e de suas bebedeiras, seus vícios, as fotos alteradas, os espetáculos nos quais esquecia letras. Ainda assim, quando ela se foi, a teoria da morte de ídolos aos 27 anos ganhou espaço e força, com vários fatos que “comprovariam” a cantora inglesa como mais uma vida ceifada por conta da tal maldição.

No anúncio criado pela AlmapBBDO, “Você nunca vai fazer 28”, a “Morte” refuta a “teoria dos 27 anos” e desmonta, um a um, os argumentos que a constroem, num texto bem-humorado e com uma ponta de ironia, escrito por Andre Kassu. A direção de arte é de Marcos Medeiros, com ilustração de Arthur d’Araújo e Tiago Pinho. A direção de criação é de Luiz Sanches.

Ele será publicado na edição de agosto da revista Billboard. Num estilo interessante, a “Morte” discorre sobre os motivos pelos quais chamou para perto de si Jim Morrison, Jimi Hendrix, Brian Jones, Janis Joplin e Kurt Cobain, entre outros. E lembra os ídolos talentosos que partiram com outras idades. E termina falando sobre seu último pedido. Qual seria o último pedido da Morte?

Leia o texto do anúncio:

"Você nunca vai fazer 28.

Oh, agora vocês falam de uma maldição dos 27 anos. Misturam teorias conspiratórias, buscam explicações na numerologia, apelam para a astrologia. Então, eu levaria Jim Morrison e Jimi Hendrix pelo simples fato de que eles nasceram sob o signo de Sagitário? Poupem-me.

Mistificar o simples é algo tão humano que me traz uma sensação rara: sorrir. Resolvi, portanto, dar algumas respostas. Não é isso que vocês vivem procurando?


Antes de qualquer coisa, Brian Jones foi um engano. Logo, toda a teoria da maldição dos 27 é baseada em um erro. Um erro primário, confesso. O meu alvo era Keith Richards, mas estava em uma péssima noite. Adoro Brian, ele é muito talentoso, acredite, pois o ouço todos os dias. Não tinha motivos para levá-lo.

Ele tinha sido expulso da banda, estava triste e minha encrenca era com Mick e Keith. Muito por causa daquela canção Sympathy for the Devil. Eu adoraria que aqueles versos tivessem sido escritos para mim. Então, resolvi usá-los contra Keith. Cheguei cantando: Please allow me to introduce myself, I'm a man of wealth and taste, I've been around for a long, long years... Mas atingi Brian.

Em troca, dei a Keith todos os anos de vida que Brian teria direito. E isso, apenas isso, explica o fato dele estar vivo. Ele não é um sobrevivente, eu que me senti culpada. Ele pode subir em coqueiros, tomar doses cavalares de bebida e continuar andando, porque eu, um reles imortal, cometi um pequeno deslize.

Voltemos aos fatos como eu vivi, ou morri. Jimi Hendrix veio depois. Mas preste atenção nessa letra: angel came down from heaven yesterday, she stayed with me just long enough to rescue me. Ok, não sou um anjo. Mas entendo a metáfora como quiser e levei ao pé da letra.

Achava que era comigo que ele estava falando. Aproveito para acabar com um dos mitos que me cercam. Jimi Hendrix não toca com Stevie Ray Vaughan, nem faz jam sessions com Charlie Parker.

Seria injusto ouvir algo que você, mortal, nunca ouviu. Sim, eu tenho um senso de justiça. Ou você acha que é à toa que inúmeras versões inéditas surgem após a morte? Que, por décadas, esses artistas mantenham a presença nos rankings de venda? Eu simplesmente sei criar um mito. Ah, se eu gostasse tanto do número 27 teria levado Stevie Ray com essa idade. E aí, sim, teríamos uma grande teoria. 

Janis Joplin? Ela cantava Farewell Song. Preciso explicar muito? E, cá entre nós, acho que a sua voz não continuaria a mesma. E seria doído vê-la cantando pior. Há uma outra questão humana. Com tanto artista ruim, porque eu levo os melhores? Bem, em que momento vocês imaginaram que eu teria mau gosto musical? Eu simplesmente gosto de boa música. 


Depois tem o menino Jim Morrison. Eu sou discreta, chego sem esperar. Mas quando ouvi “The End” pensei: esse rapaz sabe que eu estou chegando. E gosto de me imaginar como o beautiful friend da letra.

Ver The Doors em turnê com outros cantores quase me traz um arrependimento. Ele não merecia isso. E Val Kilmer? Pensei em adiantar a vinda de um certo diretor só por essa escolha. Mas com Jim, senti que os 27 seriam um assunto. E isto foi algo pensado. Pela primeira vez, até então. E descansei. Gary Thain do Uriah Heep? Alan Wilson do Canned Heat? Pigpen do Grateful Dead? Ah, não me subestime. Todos ao acaso. Não fosse a busca pela internet, você não conseguiria ligar um assunto ao outro.

Tive muito trabalho nesse tempo. Levei grandes do reggae, o rei do rock, pelo menos uma dúzia de rappers, o menino Lennon e o maior ídolo pop de todos os tempos. Eternizei lendas, marquei seus lugares na história. E aí, vem a tal maldição dos 27 com Kurt Cobain. Sério? O cara canta: I hate myself and I want to die,  Come on death e vocês acham que ele se foi por causa dos 27? Eu simplesmente adorava a audácia desse rapaz. Gostava como ele escrevia canções para mim. Vocês não sabem, mas me doeu tanto que vesti xadrez por um mês em luto. Em troca, lhes deixei o Dave Grohl repleto de ideias. E, mais uma vez, diversos takes inéditos do Nirvana.

E agora, vocês lamentam pela Amy. Fazem novas conjecturas com os 27. Uma explicação: ela era simplesmente muito talentosa. Você não escolhe o seu playlist? Eu também. E, de quebra, preservei sua voz em Back to Black. Com o tempo, vocês esquecerão a imagem de uma artista em decadência física e se lembrarão apenas de sua grande voz. Por isso, ela não fez 28. 

Encerrando: não me importa 27 ou 42. Ah, você em suas crenças não se tocou que Peter Tosh e Elvis morreram com 42? A morte é o meu trabalho, apenas. E eu não acredito em superstições. Último pedido? Olha que ironia, eu falando em último pedido. Se é para fazer uma versão de uma canção de alguém que eu levei, que seja realmente boa. Eles raramente se sentem homenageados. Digo-lhes com conhecimento.

PS: Não comentei sobre Robert Johnson porque temos um acordo."

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