Amy Webb: futurista abriu o segundo dia do festival SXSW (Divulgação)
Repórter Especial
Publicado em 8 de março de 2025 às 16h39.
Última atualização em 8 de março de 2025 às 17h43.
AUSTIN, TEXAS - Como já é tradição no SXSW, Amy Webb abriu o segundo dia do festival apresentando os principais insights do Tech Trends Report, relatório de tendências que chega à sua 18ª edição e é desenvolvido pelo Future Today Institute. Conhecendo muito bem a sua audiência, Amy fez um breve agradecimento em português para conectar-se com os inúmeros brasileiros que enfrentaram uma fila que ocupou três andares do Austin Convention Center antes do início do seu painel.
Ao longo de mais de uma hora, a futurista, CEO do Future Today Institute e professora da NYU Stern School of Business analisou diversos tópicos: tecnologias emergentes, avanços científicos, cidades inteligentes, bioengenharia, mobilidade, mudanças comportamentais e, claro, inteligência artificial foram alguns dos temas tirados por Amy do report -- que conta com mil páginas.
Entre alertas sobre as mudanças climáticas e muitas cutucadas aos bilionários donos de big techs, Amy Webb cravou um novo termo (como faz todos os anos): inteligência viva (living intelligence – LI).
Resultado da convergência entre inteligência artificial, biotecnologia e sensores avançados, a Inteligência Viva promete "reescrever as regras da nossa realidade como a conhecemos hoje", explica. Isso porque a LI consegue colocar as máquinas em um patamar que, até hoje, a humanidade não viu. "A inteligência viva é um sistema que pode sentir, aprender, se adaptar e evoluir", afirma Amy.
Amy Webb também cravou que veremos uma grande mudança na relação humanos-robôs em até dois anos. "Há muitos anos temos a ideia de que os robôs, um dia, estarão inseridos em nossas rotinas, mas sempre estivemos longe disso. Quando a Boston Dynamics apresentou o Atlas, um robô humanoide de 1,88m, todo mundo ficou impressionado. No entanto, continuamos sem mordomos-robôs em nossas casas. Porém, o que os robôs não conseguiram avançar até agora, veremos nos próximos 12 a 24 meses. A era dos robôs finalmente chegou", explica a especialista.
Ela destacou como, há poucas semanas, o Google DeepMind descobriu como treinar um robô para amarrar um sapato -- algo que era extremamente difícil para uma máquina. "Isso é realmente um grande avanço para a robótica. Eu sei que não parece grande coisa, mas é muito importante para aqueles que prestam atenção aos sinais", analisa.
Com a biologia e a tecnologia convergindo de maneiras surpreendentes, incluindo a criação dos primeiros computadores comerciais feitos com neurônios humanos vivos, Amy afirmou que "estamos vendo as primeiras máquinas vivas nascerem".
Por diversas vezes durante o painel, Amy Webb usou o espaço para fazer alertas. Em relação à Inteligência Viva, ela acredita que "não estamos preparados para isso. Estamos cruzando uma linha e não sabemos o que vai acontecer".
A especialista também questionou as implicações éticas da biotecnologia, perguntando "de quem são as partes do cérebro nesses computadores?", em relação aos novos sistemas de computação neural. E, claro, destacou o quanto avanço desordenado das tecnologias pode ser mais prejudicial que benéfico. " Não há plano de longo prazo, não há estratégia".
Mas, longe de ser uma pessimistas, Amy Webb acredita que é possível lidarmos com todas essas mudanças de uma forma menos catastrófica, especialmente se governos e líderes tiverem um planejamento de longo prazo. "As decisões tomadas na próxima década irão determinar o destino de longo prazo da civilização humana", finalizou.