O conceito de empoderamento não está restrito a uma geração específica ( Klaus Vedfelt/Getty Images)
CEO do Grupo Clara Resorts
Publicado em 21 de setembro de 2023 às 08h00.
Última atualização em 25 de setembro de 2023 às 14h23.
Se você está tendo problemas em encontrar pessoas para montar um time de sucesso, saiba que não está sozinho. No atual cenário corporativo, a escassez de mão de obra é uma preocupação global. No Brasil, essa realidade é agravada pela falta de qualificação dos profissionais disponíveis. Como enfrentar esse desafio? A resposta está na valorização e no empoderamento das equipes, desde o nível operacional até a alta gerência.
A abordagem ideal envolve duas estratégias interligadas: a formação e qualificação das equipes, combinadas ao empoderamento. Não é possível exigir desempenho se os colaboradores não foram preparados para isso. Uma hierarquia organizacional achatada, aliada ao empoderamento e ao respeito, são fundamentais para criar uma equipe de alto desempenho.
A qualidade de vida e a sensação de propósito também são fatores decisivos na retenção de talentos. Um estudo da consultoria global McKinsey revela que 31% dos jovens, entre 18 e 34 anos, e 14% dos profissionais com mais de 35 anos estão dispostos a deixar seus empregos. Motivos como a falta de oportunidades de desenvolvimento, insegurança psicológica, inflexibilidade e ausência de propósito estão entre as principais razões para a saída desses colaboradores.
Manter uma comunicação eficaz é essencial. Ouça as sugestões e preocupações de sua equipe, pois o feedback é um elemento crucial para a melhoria contínua. O desenvolvimento estratégico é compartilhado com todos os envolvidos em cada atividade, criando um senso de pertencimento e valorização. O conceito de empoderamento não está restrito a uma geração específica, é uma necessidade de nosso tempo. Líderes devem adotar uma abordagem de pirâmide invertida, colocando o serviço à frente e entendendo que a falta de comunicação é responsabilidade deles.
Investir na capacitação contínua e consistente é outro aspecto primordial. As empresas, hoje em dia, têm um papel de agente de educação. Oferecer subsídios e recursos para que os funcionários possam aprimorar suas habilidades e conhecimentos, investindo no que gostam, no que tenham prazer em aprender e que faça sentido para aperfeiçoar, cada vez mais, suas competências dentro da jornada que podem desenvolver na empresa.
Como consequência, os colaboradores têm voz ativa e se tornam intraempreendedores, contribuindo de forma mais significativa com aquela atuação conhecida como “dono do negócio”. Isso fortalece a coesão da equipe, melhora o ambiente de trabalho e reduz a rotatividade, trazendo inovações de forma orgânica, vindo daqueles que estão no dia a dia da empresa.
Como CEO no setor hoteleiro, posso atestar que a definição de um propósito genuíno e compartilhado é fundamental. Temos uma missão clara: “cuidar é da nossa natureza”. Colocamos os hóspedes em primeiro lugar e todos os colaboradores compreendem que satisfazê-los é nossa prioridade. Do jardineiro ao chef, da camareira à recepção, todos estão unidos por um objetivo maior: a humanidade está acima de tudo. Eles têm autonomia para tomar decisões alinhadas com nossos valores, demonstrando que o empoderamento não é um privilégio, mas uma cultura que beneficia a todos.
Esse propósito genuíno não pode ser comprado, é uma construção baseada na valorização. Quando os colaboradores estão satisfeitos, seu entusiasmo se reflete no trabalho diário. Um dia, estava em um de meus resorts brincando com minha filha mais nova na brinquedoteca, quando uma hóspede me perguntou como eu fazia para treinar a equipe para todos estarem sempre sorrindo.
Foi a minha vez de sorrir e responder que este é um reflexo da felicidade de quem trabalha aqui, porque todos são reconhecidos, empoderados e independentes. A felicidade no ambiente de trabalho não é um mero reflexo da satisfação dos clientes, mas sim da satisfação da equipe. Portanto, a pergunta que fica é: “o seu time está sorrindo também?”.