Reflexões de um líder: afinal, o que faz sentido para o seu negócio e para o seu cliente no processo de busca, compra e consumo? (Reprodução/Reprodução)
Colunista
Publicado em 10 de abril de 2023 às 13h01.
Última atualização em 15 de maio de 2023 às 17h01.
Algo que observo nas interações com colegas líderes de empresas é que nem sempre todos eles têm tempo para organizar o pensamento sobre as principais tendências do mundo, no ponto de vista dos consumidores.
A quantidade de informação às quais executivos são expostos é tamanha que a priorização é uma questão de “sobrevivência” mental. Mas ela normalmente é feita por influência do momento em que a empresa está vivendo ou mesmo por algum fato que executivos tenham mais interesse ou receio.
Pensando nisso, organizei uma lista de elementos que acredito merecer alguma reflexão, seja para a construção de ações concretas, seja para que simplesmente entrem em sua matriz de riscos e oportunidades para os próximos anos.
Vivemos a era das narrativas e isso confunde o brasileiro “médio”. A batalha econômica Estados Unidos e China, a encruzilhada de crescimento europeu, o papel da Rússia e, especialmente, a influência crescente da Índia no mundo, assim como o crescimento da voz árabe em questões inovadoras chegam por meio de notícias que vão construindo uma nova visão de mundo menos ocidentalizada. Como isso impactará o consumo das marcas e dos seus produtos?
É claro que todos buscamos o mesmo: um planeta sustentável. E não apenas do ponto de vista ambiental, mas também social e das relações de governança. No entanto, cada vez mais nos damos conta que a transição energética irá pesar no bolso de cada um de nós e será mais lenta que o previsto.
Cada dia vemos que algumas certezas que tínhamos são questionáveis, como por exemplo a questão dos carros elétricos versus carros movidos a etanol. A reciclagem dá vez à circularidade, isso é, usar o mesmo produto por mais tempo.
E, crescendo a velocidades quânticas, está a questão da proteção e governança de dados pessoais, bem como as barreiras e escolhas éticas necessárias para a aplicação da Inteligência Artificial, aí incluída a inteligência generativa como GPT 4, DALL-E, etc
A pandemia e a crise econômica global afetaram nosso pensamento do mundo. Se até 2020 a visão era que todos precisamos apoiar uns aos outros, o medo gerado pela saúde em risco, o desemprego e o retorno da inflação, levou a um pensamento mais centrado na família e nas suas necessidades.
As discussões perderam altura e deixaram a sociedade mais pragmática, como forma de responder às externalidades negativas. Temos uma geração jovem menos sonhadora e mais racional, e esse grupo irá dominar o consumo dos próximos anos.
Em paralelo, temos mulheres e homens de 50 anos que terão carreiras mais longevas, com mais saúde e, por consequência, mais poder de escolha por pelo menos duas ou três décadas. Em que geração eu aposto o desenvolvimento do meu negócio? Que dificuldades e oportunidades surgem do pragmatismo?
O Brasil se digitalizou através do acesso à internet de qualidade em todas as regiões, idades e classes sociais. Além disso, aprendemos a pesquisar de tudo na rede, porém o fazemos cada vez menos nos mecanismos clássicos de busca e cada vez mais nos sites de varejo, das marcas ou nas mídias sociais.
Encontramos diversão no mundo digital, mas, paradoxalmente, isso tem levado ao crescimento de uma nostalgia analógica em jogos e outras atividades lúdicas, inclusive a leitura. Fica muito difícil definir o que é físico ou digital, já que quase toda a atividade de consumo passa por ambos os mundos, em algum momento.
Ter um app basta? Ou é preciso criar um metaverso, quando nem a Meta mais investirá nisso? Devo apostar na realidade virtual, artificial ou aumentada? O que faz sentido para o meu negócio, para a minha/meu cliente, em seu processo de busca, compra e consumo?
Com o home office, o trabalho passou a ser algo que você faz e não um lugar aonde você vai todos os dias. Isso ressignificou o trabalho, tornando-o mais portátil e monetizável. Aquilo que você sabe fazer bem, pode ocupá-lo em uma empresa formal durante o dia, e vendê-lo a outra empresa no fim de semana. Ou pode ainda realizar uma outra atividade, que te dá prazer mas (ainda) não paga as suas contas, e vendê-la através de sites como GetNinjas, Elo7 e outros.
Finalmente, com a chegada do GPT 4, há novas profissões que irão desaparecer e outras que não precisarão de profissionais sem experiência. Como aproveitar esses profissionais em sua empresa? Qual o nível de desenvolvimento constante seus funcionários irão demandar?
Como você já percebeu, esses cinco elementos afetam os negócios de maneira distinta, portanto convido que separe 20 minutos, assim que terminar de ler o texto, para imaginar como cada um deles pode impactar a sua empresa.
Escreva uma lista curta para cada elemento e envie à sua diretoria, para que juntos definam quais delas merecem uma discussão na próxima reunião de board.