O presidente Donald Trump, durante evento na Casa Branca. (Chip Somodevilla/AFP)
Colunista
Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 14h00.
O segundo mandato de Donald Trump oferece uma oportunidade única de reflexão sobre os sistemas políticos contemporâneos. A política, longe de ser linear, demonstra a constante tensão entre tradição e transformação. Nos últimos anos, os Estados Unidos, símbolo global de liberdade, democracia e inovação, vivenciaram uma inversão de papéis que desconcertou liberais e conservadores. Essa dinâmica desafia lideranças e sociedades a revisitar seus valores e crenças fundamentais.
Historicamente, os conservadores zelavam por legados e tradições enquanto progressistas se empenhavam mais em chacoalhar o sistema. Nesse delicado jogo de posições garantiu-se nas sociedades democráticas que nenhum extremo dominasse por completo nada. Os Estados Unidos, porém, usando de seu papel preponderante no planeta, liderou na última década essa curiosa revolução nos conceitos políticos.
O novo (antigo) presidente americano promoveu uma ruptura ao tradicional levando os progressistas à confusão de terem que, pela primeira vez, adotarem posições conservadoras de preservação de estabilidade e tradição… e levando os conservadores a refletirem sobre quais valores estão sendo preservados. Isso nos mostrou a impermanência da regra política e total fluidez sobre o que define ser liberal, conservador ou progressista.
Sou um otimista nato e vejo que a revolução política americana na última década, com ramificações no mundo inteiro, inclusive no Brasil, fez todos, independente de ideologia, saírem da zona de conforto e refletirem sobre suas convicções. Mas há uma confusão, até na interpretação de tais convicções, o que gerou ainda mais polarização.
Nessa segunda oportunidade de Trump, portanto, o mundo observará com atenção esse delicado equilíbrio entre a tradição e transformação. A ruptura e a preservação. Ainda mais sendo os EUA o símbolo maior da liberdade, democracia e inovação do planeta.
Esse é o momento de refletir sobre o legado que será deixado para gerações futuras. Como não há mais a preocupação política com reeleição, que seja a oportunidade do presidente Trump usar sua influência e força para proteger, unir e inspirar o mundo inteiro. Que a inovação respeite a tradição. Que a coragem preserve o essencial dos direitos.
Uma mensagem de esperança já será a maior contribuição que esse segundo round poderá dar, já que ficará evidente nossa humanidade sendo colocada em primeiro plano. E assim, independente das ditas convicções que carregamos, estaremos mais focados no que nos une e não naquilo que nos separa.