Obra de Palatnik adquirida pela Hurst Capital ao centro; Artur Farache (à esq.), presidente da Hurst, com Augusto Salgado, diretor de obra de arte da Hurst | Foto: Natan Oller/Divulgação (Natan Oller/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 20 de junho de 2021 às 08h15.
Conhecido pelo acesso restrito em geral a milionários, o mercado de obras de arte passará, em pouco tempo, a também atrair investidores de varejo. É o que pretende a fintech de investimentos alternativos Hurst Capital.
Após entrar no mercados de imóveis, músicas e precatórios, a empresa se prepara para lançar um pacote com três obras do renomado artista plástico brasileiro Abraham Palatnik, adquirido por 650.000 reais. Será o primeiro de muitos projetos da empresa no ramo. “Queremos um por mês”, afirma Arthur Farache, presidente da Hurst.
Arquitetado por meio de crowdfunding, o investimento terá aporte mínimo de 10.000 reais e previsão de rentabilidade de 17% ao ano. A expectativa é a de que o valor seja resgatado entre 24 e 36 meses.
Pioneiro na arte cinética, em que a obra parece estar em constante movimento, Palatnik morreu no ano passado e parte de seu trabalho foi perdida em um incêndio que atingiu um galpão das galerias Nara Roesler, em março deste ano. "Isso reduziu a oferta. Se a demanda continuar a mesma, a tendência é que os ativos se valorizem", diz Farache.
Para estabelecer o potencial de valorização, a Hurst também pôs na conta o comportamento de preços das obras de Palatnik dos últimos 15 anos e descontou os custos envolvendo os ativos, como armazenagem, seguro e transporte.
A escolha das obras, conta Farache, foi resultado de uma seleção que durou nove meses e analisou trabalhos de 200 artistas brasileiros.
"A liquidez foi um fator importante para chegar ao nome de Palatnik. Há um número de transações no mercado que nos deixa confortável para conseguir realizar o resgate do dinheiro investido."
Os investidores, no entanto, não precisarão ficar até o fim do período previsto. Caso queiram pedir o resgate antecipado, será possível vender sua participação por meio de tokens registrados no blockchain do Ethereum.
Segundo Arthur, o sistema funcionará de forma semelhante ao de uma companhia aberta, com a possibilidade de os próprios investidores tomarem decisões por meio de votações, como alterar o local de exibição das obras ou mesmo vender os ativos por um preço abaixo do potencial de valorização definido pela Hurst.
“Os investidores terão o poder de decisão, inclusive, para tirar a Hurst e contratar um novo custodiante. Podem surgir coisas imprevisíveis”, comenta Farache. Para isso, precisará haver um quórum mínimo para aprovação por maioria simples por parte dos investidores.
A ideia é que os investidores tenham até 24 horas para votar, com o pleito sendo decidido por meio de ferramentas semelhantes às usadas em assembleias de empresas de capital aberto. “Almejamos, no futuro, fazer as votações por meio de blockchain, mas entendemos que pode haver uma limitação técnica dos usuários em relação à plataforma.”
No entanto, para assegurar a rentabilidade, foram estabelecidas algumas regras. A principal delas é a da aprovação compulsória da venda das obras por propostas que atinjam o potencial de valorização previsto de 17% ao ano.