Dólar: o rali é impulsionado pelos sinais de aperto monetário enviados por autoridades do Fed e pelo sólido relatório do mercado de trabalho dos EUA (halduns/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 10 de agosto de 2021 às 15h43.
Última atualização em 10 de agosto de 2021 às 16h48.
O Goldman Sachs mostra cautela em relação ao recente rali do dólar, remando contra a maré em um mercado em que a maioria aposta nos ganhos da moeda.
Estrategistas do gigante de Wall Street argumentam que a força recente do dólar vai se esgotar com a desaceleração do crescimento econômico dos Estados Unidos, reforçando a tese de um período prolongado de política monetária frouxa do Federal Reserve.
O rali é impulsionado pelos sinais de aperto monetário enviados por autoridades do Fed e pelo sólido relatório do mercado de trabalho dos EUA, fundos alavancados que apostavam na queda da moeda, que passaram a abrir caminho para uma alta.
Contra esse pano de fundo, estrategistas de bancos como Rabobank, ING e MUFG veem momentum por enquanto, especialmente devido à expectativa de que o Fed tome um rumo diferente de outros grandes bancos centrais ao reduzir o estímulo.
No entanto, para estrategistas do Goldman como Kamakshya Trivedi, o espaço para ganhos continua limitado, citando a desaceleração dos gastos fiscais e da inflação que voltarão a pesar sobre o dólar. E é uma visão que vai dividir ainda mais autoridades monetárias antes da conferência em Jackson Hole no final de agosto, quando membros do Fed devem discutir a redução do estímulo de forma mais detalhada.
“Não vemos motivo para uma valorização sustentada do dólar”, escreveram analistas como Trivedi em relatório aos clientes. “A economia dos EUA deve desacelerar à medida que o impulso fiscal se torna negativo, e a queda da inflação deve permitir ao Fed esperar por um longo período.”
O índice do dólar à vista da Bloomberg acumula alta de cerca de 1% neste mês, apoiado por comentários de autoridades do Fed que apontaram a perspectiva de que o estímulo seja retirado mais cedo do que o esperado. Enquanto isso, aumentam apostas de políticas divergentes entre bancos centrais. Nesta semana, a expectativa de que o Banco Central Europeu vai manter a política de suporte empurrou o euro ao nível mais baixo em relação ao dólar desde abril.
“O fato de termos preocupações significativas sobre a variante delta na Ásia e em outros lugares sugere que o dólar pode capturar demanda por refúgio”, disse Jane Foley, chefe de estratégia cambial do Rabobank. “Isso indica que há um risco maior de o euro cair abaixo do nível 1,17 e que a força do dólar seja mais acentuada no final de 2021 e início de 2022 do que eu havia previsto no início do ano.”