Maurício Moura: hoje, quem decide as eleições é quem está fora das bolhas (Exame/reprodução/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 2 de maio de 2023 às 12h23.
As eleições têm um impacto direto no mercado financeiro e na formação do preço dos ativos. Nos últimos anos, em diferentes países, a polarização tem ganhado força e o resultado eleitoral segue incerto até o final da eleição. Um levantamento realizado por Maurício Moura, economista e fundador do Instituto Ideia (empresa de pesquisas eleitorais), apontou que nos últimos cinco anos, 90% das eleições tiveram definição de até 3 pontos percentuais, o que é considerada uma margem muito pequena. Além disso, o resultado eleitoral nos últimos anos indicam caminhos de políticas diferentes.
“Ninguém dúvida que se Biden ou Trump ganhassem seriam caminhos diferentes, assim como Lula e Bolsonaro. E o leitor sabe disso. Hoje, se vence a campanha com os eleitores que estão fora das bolhas. As pessoas estão condenadas a dialogarem com quem pensa igual. O eleitor que está fora da bolha é quem decide a eleição”, disse Moura, durante a sua participação no 60º episódio do Clube da Exame Invest, podcast sobre investimentos ancorado por Daniel Cunha, sales no BTG Pactual e Bruno Lima, equity research analyst do BTG Pactual.
Este cenário gera oportunidades de investimentos. Pensando nisso, Moura em parceria com a gestora Gauss Capital, lançaram o um fundo multimercado que opera eleições globais. Denominado de Zaftra, a estratégia do fundo é investir em ativos baseado no resultado de eleições presidenciais em vários países. É o primeiro deste tipo no mundo.
O fundo já realizou pesquisas na Colômbia, Itália e Brasil e a estratégia macro é olhar oportunidades nos índices do países, em moedas e juros. “Eu rodo a pesquisa eleitoral no país e faço uma projeção de probabilidade do resultado. Monto a posição em um período entre 5 e 15 dias do resultado eleitoral. Analiso a projeção de probabilidade e como o mercado está precificando essa projeção. Enxergamos assimetria e oportunidade real."
O fundo deve acompanhar este ano eleições como Espanha (maio), Turquia (maio), Argentina (outubro) e Nova Zelândia (outubro). Em 2024, o calendário tem eleições em Taiwan (janeiro), Índia (abril), África do Sul (maio), México (julho), Estados Unidos (novembro), e Reino Unido (dezembro).
Para Moura, as eleições em Taiwan são destaque para o investidor. "A eleição em Taiwan será critica. A narrativa, pela primeira vez, será: você está com a China ou com os Estados Unidos? A atual presidente não pode se reeleger e o candidato deve ser o vice do partido. Este é um partido que é próximo dos Estados Unidos, mas dentro do partido cresceu o sentimento de ser independente. Há 10 anos atrás, 50% das pessoas em Taiwan se consideram chineses. Hoje, este número é de 30%. Existe um sentimento nacional forte lá." Assista ao episódio completo abaixo: