Ray Dalio: megainvestidor segue apostando na China (NurPhoto/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 2 de abril de 2024 às 12h24.
Última atualização em 2 de abril de 2024 às 17h33.
A China tem sido foco das expectativas dos mercados ao redor do mundo em 2024, já que enfrenta desafios para estimular a economia. Mas, mesmo assim, alguns investidores seguem apostando no país. É o caso de Ray Dalio, fundador, CIO (chefe de tecnologia) e membro do conselho da Bridgewater.
A confiança no país asiático não é de hoje. Como ilustrou em um post nas redes sociais publicado nesta segunda-feira, 1º, Dalio sempre investiu em mercados chineses e considera que a trajetória tem sido “um sucesso em todas as formas que [ele] esperava ser bem-sucedido, incluindo demonstrar aos investidores como eles podem ter um bom desempenho tanto nos mercados baixistas quanto nos mercados altistas.”
Os bons frutos, segundo o executivo, vêm por meio da diversificação inteligente do portfólio e de uma ponderação dos ativos que são melhores para qualquer que seja o ambiente. Por causa disso, em sua análise, não existe o que chamam de mercado ruim, mas, sim, uma má tomada de decisão. “Considero os mercados da China bons para o meu tipo de tomada de decisão.”
Em um tom nostálgico e caloroso, Dalio externaliza na publicação seu apego emocional pelo país que se baseia em uma admiração pela cultura, mas também em uma compreensão dos desafios que a China enfrenta. Também reitera que ele não é do tipo de investidor que retira seu dinheiro quando os ventos não estão tão positivos.
Isso porque, segundo o megainvestidor americano, os problemas do país asiátivo parecem ser “administráveis”, tanto por ele próprio, em estratégias de alocações, como pelos próprios líderes chineses, em que Dalio acredita que aqueles que orientam a política na China conseguirão lidar bem com os problemas.
A exemplo, ele já vê sinais de que os líderes econômicos do país estão se preparando para fazer uma flexibilização quantitativa juntamente com reestruturações da dívida para arquitetar, em sua visão, uma ‘bela desalavancagem’. “Como todos os países ao longo da história, podem reestruturar a economia do sistema financeiro para ser produtiva. Eles também podem lidar bem com as forças políticas, geopolíticas, naturais e tecnológicas.”
E os indicadores já apontam para uma possível concretização da visão do megainvestidor. Os últimos dados divulgados mostram que a atividade industrial da China registrou crescimento em março, a primeira vez desde setembro de 2023. Um desses indicadores foi o índice oficial de compra de manufaturados, que subiu para 50,8, segundo informou o Departamento Nacional de Estatísticas do país. Em fevereiro, esse número era de 49,1.
Por mais que a economia esteja mostrando certa estabilização somente agora, o executivo comenta que todos os mercados devem ser julgados pelos preços relativos aos fundamentos, e sempre há bons investimentos a serem encontrados.
“O momento de comprar é quando todos odeiam o mercado e ele está barato (o que é agora o caso das ações chinesas)”, afirma, enfatizando novamente que acredita que as lideranças econômicas chinesas estejam prestes a fazer algo como para aliviar a dívida do país.
Mas Dalio compreende quem diz que investir lá não vale a pena os riscos. Ele cita as ideologias políticas de quem aponta para a China como “inimigo”, uma “ditadura comunista” com um “histórico claro de fracasso”, e que se houvesse uma guerra entre Estados Unidos e China seria desastrosa, especialmente se for um investidor americano por lá.
“Penso muito sobre essas questões e outras questões quando considero investir na maioria dos países. Não se consegue encontrar um país onde não haja questões a considerar. Para mim, nenhuma destas questões superou as razões mencionadas anteriormente para investir na China.”
Por conta disso, em sua visão, a questão chave não é se deve ou não investir na China, mas sim quanto deve investir. Ele afirma que sua tese de investimentos é ter 15 ou mais bons fluxos de retorno não correlacionados e vê a China como um deles, sendo uma posição central da qual varia levando em consideração as razões citadas.