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Dividendos e JCP de R$ 10,5 bi da Ambev viram água no chope do mercado; ação cai 4%

Investidores e analistas previam pagamentos entre R$ 12,4 bilhões e R$ 12,8 bilhões

Ambev: retorno estimado, incluindo recompra de ações, é de 6% (Ambev/Divulgação)

Ambev: retorno estimado, incluindo recompra de ações, é de 6% (Ambev/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 12 de dezembro de 2024 às 16h17.

Última atualização em 12 de dezembro de 2024 às 16h29.

O anúncio de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) da Ambev deixou os investidores de ressaca. O montante de R$ 10,5 bilhões ficou levemente abaixo das estimativas de analistas. Em um dia de Ibovespa em baixa e ações de varejo e consumo amargando perdas, os papéis da cervejaria caem quase 4%.

As projeções do mercado eram de algo entre R$ 12,4 bilhões a R$ 12,8 bilhões, num patamar de distribuição da ordem de 90% com base no lucro estimado para 2024, mas o anúncio ficou mais próximo dos 75%.

"Dado o que consideramos uma estrutura de capital ineficiente da Ambev — com uma posição de caixa líquida de R$ 17,6 bilhões (0,5x EBITDA) e uma alíquota efetiva de impostos estimada em 23% —, esperávamos um pouco mais", escreveu o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

Assumindo que todo o programa de recompra de ações estimado em R$ 2 bilhões seja executado em breve, esse percentual aumenta, mas ainda fica abaixo dos 90% previstos pelos analistas. "No total, projetamos um retorno de 6%."

O anúncio trouxe uma mudança no cronograma de distribuição, que até então era anual, e agora poderá contemplar períodos mais curtos, incluindo a base trimestral. "Essa divulgação pode encerrar as expectativas que impulsionaram a recente movimentação dos preços das ações quanto à possibilidade de uma distribuição extraordinária significativa para alavancar a empresa e otimizar sua estrutura de capital", escreve o time do Citi, que mantém reocmendação de compra para o papel.

A mudança na estrutura de capital permanece um tema central no caso de investimento da Ambev, um papel que tem andado de lado na Bolsa há anos, mas que vinha ensaiando desempenho melhor recentemente. Parte dessa melhora de trajetória do papel está relacionada à expectativa de que a empresa aproveitaria o anúncio anual de dividendos para anunciar ajustes em sua estrutura de capital, possivelmente por meio de dividendos extraordinários.

Para a equipe do Jefferies, faltaram novidades acerca de pagamentos extraordinários e o que a empresa pretende fazer do ponto de vista de política de alocação após a reforma tributária. O banco manteve a recomendação neutra. com preço-alvo de R$ 14.

O esperava ações para lidar com o montante de tributos recuperáveis que a empresa possui atualmente. Até o terceiro trimestre, a Ambev reportou R$ 12,6 bilhões em tributos federais recuperáveis, que podem compensar os pagamentos de IR/CSLL, permitindo evitar desembolsos de caixa por mais dois anos, aproximadamente.

Além disso, é provável que, em meio à transição de comando de Jean Jereissatti para Carlos Lisboa, a Ambev decida aumentar a distribuição de dividendos para otimizar sua estrutura de capital, mas esse ajuste vai ocorrer gradualmente, em vez de ser uma medida única.

"Essa abordagem gradual estaria alinhada com a posição tributária da empresa e proporcionaria maior flexibilidade. Qualquer mudança na estratégia de dividendos provavelmente começará no próximo ano fiscal, com os tributos recuperáveis oferecendo uma margem de apoio para a transição", avalia o BTG, que manteve recomendação neutra. O preço-alvo é de R$ 15, projetando uma valorização de 9,4%.

Em 2024, as ações da cervejaria acumulam perda de 3,5%, negociadas a R$ 13,23.

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