Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, e Denise Pavarina, conselheira do Bradesco, em painel do Women Invest Summit (Women Invest Summit/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 15 de setembro de 2022 às 20h40.
Última atualização em 15 de setembro de 2022 às 20h45.
Em assuntos dominados por homens há décadas, existe uma tendência de que as mulheres acreditem que os temas não 'sejam para elas'. Isso passa por desde trocar o pneu de um carro até buscar uma carreira em Exatas, e também por investir.
Mas, afinal, essa é apenas uma convenção social ou, de fato, a mulher não tem perfil de investidora? Este foi o tema de um debate entre Denise Pavarina, conselheira do Bradesco, e Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual. A discussão foi realizada em um dos painéis do Women Invest Summit, organizado por um grupo que já soma mais de mil investidoras. Maria Helena Válio, fundadora do grupo, foi a intermediadora.
Pavarina começou o painel apontando que existem características naturais das mulheres, mas também muitos mitos. "Parte do nosso trabalho é desmistificar isso".
Roberto Salloutti, CEO do BTG, aponta que o perfil de investidor conservador, moderado e avançado é o mesmo para homens e mulheres e o banco busca não se ater ao estereótipo de que a mulher é mais conservadora. "Minhas sócias sempre me provocam que o banco precisa olhar para as clientes da mesma forma. O perfil vai depender do comportamento e psicológico de cada um, e não de gênero".
Já Pavarina aponta que as diferenças são menores do que se pensa, mas existem. E elas são sustentadas por pesquisas de gestoras globais, como Fidelity e Vanguard.
Uma delas é que a mulher tem mais objetivos de longo prazo e gira menos a carteira do que os homens, aponta Pavarina. "Eu sou um exemplo disso. Quando a pandemia começou eu esperei para mudar a carteira, para verificar se o mercado havia desmanchado de vez ou iria se recuperar".
A estratégia parece ser acertada: o resultado, segundo pesquisa da Fidelity, é que a carteira de investimentos feminina rendeu em média 1,8 ponto porcentual a mais do que a dos homens, enquanto sua volatilidade foi 5 pontos porcentuais mais baixa.
Já o levantamento da Vanguard aponta que há uma preferência das mulheres por liquidez maior do que a dos homens. "Talvez por isso nós sejamos chamadas de conservadoras", diz Pavarina.
Sallouti traz o questionamento sobre se o caminho é assumir essas diferenças ou abordar os clientes sem preconceito e oferecer mais educação financeira. "Dessa forma, acreditamos que o perfil da mulher pode mudar. É importante entender o ciclo no qual estão".