Pegadas: Para ter uma boa aposentadoria deve-se evitar planos de previdência com altos custos (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2012 às 07h00.
Dúvida do internauta: Quero me aposentar aos 55 anos e pago a previdência oficial do governo. Tenho 34 anos e também pago previdência privada, plano que contratei em 2010. Fiz a opção pelo regime regressivo de imposto de renda. Tenho quase 63.000 reais de valor atual. A taxa de administração é de 3,4% ao ano e a taxa de carregamento é de 1,5%. Meu depósito mensal é de 671,75 reais e meu plano é misto, com 70% dos investimentos em renda fixa e 30% em renda variável. Também faço aportes esporádicos de 1.200 reais. Quando chegar aos 55 anos quero me aposentar e começar a receber da previdência privada um valor aproximado de 5.000 reais ou mais e continuar pagando a previdência oficial até completar 65 anos e me aposentar com ela também. Eu consigo? Estou no caminho certo ou preciso alterar alguma coisa?
Resposta de Fernando Meibak*:
Que bom que você está preocupado com o futuro, pensando no longo prazo e agindo financeiramente para a preparação para aposentadoria.
Respondendo às suas indagações, comento que sou forte defensor da contribuição à previdência oficial, o INSS, pois a despeito de problemas estruturais importantes, ela garante bons benefícios. Continue depositando regularmente.
O seu produto de previdência privada é muito ruim. Uma taxa de administração de 3.5% ao ano é extremamente elevada, pois estamos com juros de 7.25% ao ano. Ou seja, o peso da taxa é de quase 50% do rendimento de renda fixa. A taxa de carregamento também é muito elevada, de 1,5%.
Fiz algumas contas com os dados que passou: saldo atual de 63.000 reais; aportes regulares mais extras de 1.871,75 reais; idade atual de 34 anos; idade de aposentadoria de 55 anos; IR regressivo, planos mistos (70% renda fixa; 30 renda variável); objetivo de renda 5.000 reais.
Trabalhamos com um cenário de inflação de 4% ao ano e juros reais de 2% ao ano para efeito de simulação de rendimento futuro. Assumimos variação no percentual de renda variável igual ao da renda fixa. Descontamos os 1,5% de carregamento nos aportes mensais, ou seja, serão de 1.843,67 reais. Assumimos que os aportes continuarão fixos todo o tempo. Não consideramos os efeitos do imposto de renda.
Fizemos duas simulações. A primeira, mantendo os custos atuais. A segunda, reduzindo o custo total para 1% ao ano. Atualizamos o objetivo de renda de 5.000 reais para a data de aposentadoria (aos 55 anos) pela inflação de 4% ao ano. Calculamos os valores acumulados e em quanto tempo as reservas acabarão. Veja os resultados na tabela abaixo.
Saldo acumulado aos 55 anos em reais com os custos do plano atual | Duração do benefício de 5.000 reais mensais | Saldo acumulado aos 55 anos em reais se o custo total for de 1% | Duração do benefício de 5,000 reais mensais |
---|---|---|---|
714.077 | 8 anos | 1.054.854 | 11,4 anos |
Veja que numa migração para outro produto com custo de 1% ao ano, você terá um montante de cerca de 340.000 reais a mais, o que daria um prazo adicional de saques de cerca de 3 anos e 5 meses.
Descontando outros aspectos do seu plano (que é um VGBL), do ponto de vista financeiro, caso você sobreviva até os 55 anos, terá tido um custo elevadíssimo. Minha recomendação. Avalie produtos similares no mercado a um custo máximo de 1,25% ao ano. Utilize o mecanismo de portabilidade e transfira os recursos. Se encontrar muita dificuldade, saque os recursos e aplique via Tesouro Direto, em NTN-Bs série principal de prazo longo.
* Fernando Meibak é sócio da consultoria Moneyplan, ex-diretor de gestão de investimentos do ABN-Amro Real e HSBC Brasil e autor do livro “O Futuro Irá Chegar! Você Está Preparado Financeiramente para Viver até os 90 ou 100 Anos?”.
Dúvidas, observações ou críticas sobre esta resposta de especialista? Deixe seu comentário abaixo!
Envie outras perguntas sobre aposentadoria para seudinheiro_exame@abril.com.br.