Notas de reais: poupança continua rendendo menos que outras aplicações (Raul Junior//Você S/A/VOCÊ S/A)
Anderson Figo
Publicado em 11 de janeiro de 2017 às 18h21.
Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 10h58.
São Paulo - O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu, nesta quarta-feira (11), cortar a taxa básica de juros da economia, que passou de 13,75% para 13% ao ano. Mesmo com o corte na Selic, a poupança continua rendendo menos que outras aplicações de renda fixa, que são beneficiadas pelo juro ainda alto.
A decisão do Comitê não surpreendeu parte dos economistas, que esperavam por um corte mais acentuado na Selic na reunião deste mês. Essa foi a terceira redução consecutiva da taxa de juros.
A desaceleração da inflação colabora para o ciclo de corte da Selic. O IPCA (índice oficial de preços no Brasil) subiu 0,30% em dezembro, fechando o ano passado em 6,29% —abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%.
Apesar de menor, a Selic continua em patamar elevado, o que beneficia aplicações conservadoras, como os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com taxas pós-fixadas, os fundos DI (que agora têm nova nomenclatura; veja detalhes abaixo) e o Tesouro Selic, título público negociado pelo Tesouro Direto que paga ao investidor a variação da taxa básica.
Essas três opções têm seu rendimento atrelado à taxa Selic ou à taxa DI (CDI), que é bem próxima ao patamar do juro básico. Já o retorno da poupança só fica atrelado à Selic quando ela é menor ou igual a 8,5% ao ano.
Pela regra atual, a caderneta rende 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR) quando a taxa básica é inferior ou igual a 8,5% ao ano e, quando a taxa é maior do que 8,5%, o rendimento da poupança é de 0,5% ao mês mais a TR.
Veja abaixo quanto seria o valor final da aplicação de 5 mil reais na poupança, no CDB, no fundo DI e no Tesouro Selic em diferentes prazos. Os cálculos foram feitos pelo professor Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper.
Período | Poupança* | CDB 90% do CDI** | Fundo DI com taxa de 1% ao ano** | Tesouro Selic**** |
---|---|---|---|---|
6 meses | R$ 5.191,34 | R$ 5.219,77 | R$ 5.225,11 | R$ 5.234,74 |
12 meses | R$ 5.390,00 | R$ 5.463,68 | R$ 5.475,20 | R$ 5.496,00 |
18 meses | R$ 5.596,26 | R$ 5.734,14 | R$ 5.752,80 | R$ 5.786,55 |
24 meses | R$ 5.810,42 | R$ 6.033,86 | R$ 6.060,78 | R$ 6.109,55 |
30 meses | R$ 6.032,77 | R$ 6.324,14 | R$ 6.359,44 | R$ 6.423,45 |
* A TR considerada foi de 2,5% ao ano. Não há desconto de Imposto de Renda nesta aplicação.
** Taxa DI considerada foi de 12,88% ao ano.
*** Houve desconto de uma taxa de 0,5% (CBLC + corretagem) e de Imposto de Renda: 22,5% na simulação para 6 meses, 20% na simulação para 12 meses, 17,50% na simulação para 18 meses e 15% nas simulações para 24 e 30 meses.
Os valores já descontam o Imposto de Renda, que é cobrado em todas as aplicações, exceto na poupança, que é isenta. De acordo com a tabela regressiva do IR, para resgates em até 180 dias a alíquota é de 22,5%; de 181 dias a 360 dias o imposto cai para 20%; de 361 dias a 720 dias vai para 17,5%; e acima de 721 dias é aplicada a menor alíquota, de 15%.
Ainda que a poupança seja livre de Imposto de Renda, as simulações feitas acima mostram que as rentabilidades do CDB, fundo DI e Tesouro Selic são maiores do que a da poupança em qualquer prazo.
As simulações consideram taxas de administração e de remuneração normalmente praticadas no mercado, mas vale ressaltar que se as taxas forem superiores às usadas nos cálculos e as remunerações forem menores, alguns investimentos podem perder da poupança, ainda que com o alto patamar da Selic essa hipótese seja menos provável.
É importante lembrar que, com a mudança nas regras de classificação dos fundos promovida pela Anbima (associação de entidades de mercado) em 2015, os fundos DI deixaram de ter uma denominação própria. Com isso, eles foram incorporados à classe de fundos de renda fixa.
As próprias gestoras puderam determinar para qual subcategoria os fundos DI iriam —a maioria foi para “Fundos de Renda Fixa Duração Baixa Soberano” ou “Fundo de Renda Fixa Duração Baixa Grau de Investimento”.
De todo modo, como os fundos que acompanham os juros continuam a ser chamados de fundos DI no mercado, o levantamento também manteve a nomenclatura. É preciso que o investidor consulte a estratégia de cada produto para checar se, de fato, trata-se de um fundo que acompanha a flutuação do CDI.
Quanto ao Tesouro Selic, deve-se considerar que, ao comprar qualquer título público, o investidor paga uma taxa de custódia de 0,3% ao ano para a BM&FBovespa, não importa a corretora escolhida.
Ele também pode ter que pagar um valor de corretagem, de até 2% ao ano, conforme a instituição. Algumas delas não cobram essa taxa. Veja no site do Tesouro Direto as alíquotas cobradas por cada corretora.
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