(Fábio Dellazzari/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de agosto de 2020 às 14h04.
Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 16h58.
Bancos, corretoras de valores e casas de análise de investimentos periodicamente recomendam a seus clientes as ações que acreditam ser as melhores. Essas carteiras mensais ou semanais geralmente têm indicações para cada perfil de investidor (conservador, moderado, arrojado) ou tipo de papel: bons pagadores de dividendos, apostas para o longo prazo, pertencentes a empresas com altos níveis de governança corporativa. Mas será que vale a pena seguir as carteiras recomendadas?
Para André Bona, especialista em finanças, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e idealizador do curso O Manual do Investidor, da EXAME Academy (a plataforma de educação da EXAME), as carteiras recomendadas podem ser úteis principalmente em dois momentos.
“Elas são um bom ponto de partida para que investidores iniciantes possam entender como é feita a escolha das ações e como o preço justo é definido, além de dar um insight inicial e impedir erros grosseiros”, afirma. “Em momentos de crise, como quando o mercado sentiu os impactos da pandemia do novo coronavírus, o investidor que tem ações consegue avaliar quais empresas podem ser mais atingidas. Há uma noção mais direta.”
Bona também acredita que essa ferramenta pode servir para aqueles investidores que não querem ir a fundo nos estudos de investimentos. “A pessoa sabe que o material foi feito por analistas. Então dá um certo conforto para seguir sem se envolver muito”, diz.
Embora as carteiras recomendadas possam ser bastante úteis, Bona não considera uma boa estratégia fazer um compilado de carteiras e investir nas ações com mais indicações. “Isso pode gerar uma carteira desequilibrada. Pode ser que três empresas de um mesmo setor tenham sido recomendadas mais vezes e a pessoa fique presa a um setor. Cada carteira é balanceada seguindo fatores de risco. Não adianta recorrer às ações mais citadas”, diz.
Segundo Bona, outro risco de se investir nas ações com mais recomendações é comprar um ativo já precificado. “Se tem determinada empresa se repetindo muito nas carteiras e é quase uma unanimidade no mercado, elas podem não ter uma grande oportunidade de valorização justamente porque o mercado já está comprado. É mais produtivo acompanhar uma carteira recomendada de uma instituição em que se confia na avaliação”, explica.
Mas ainda que as carteiras recomendadas possam ser uma ferramenta poderosa para o pequeno investidor, Bona ressalta que elas são como um produto na prateleira, sem estar adaptada às necessidades de cada um. “O investimento não se baseia apenas no mercado, se baseia também no próprio investidor. Os perfis de risco e as necessidades são diferentes. Não existe uma fórmula-padrão.”
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