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Júlia Lewgoy
Publicado em 16 de maio de 2017 às 16h00.
Última atualização em 16 de maio de 2017 às 16h00.
São Paulo - No desespero, empresas intermediárias entre devedores e credores que oferecem limpar o nome sujo em um passe de mágica são tentadoras. Mas esses serviços não cumprem a promessa em 60% dos casos, como mostra uma pesquisa realizada com pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
O levantamento ouviu 602 consumidores inadimplentes ou ex-inadimplentes em todo o Brasil. Entre os entrevistados que contrataram uma empresa e não tiveram o nome limpo, apenas 28% conseguiram recuperar o dinheiro pago pelo serviço. Ou seja, ficaram ainda mais endividados ao tentar se livrar dos débitos.
Menos da metade sabia quanto gastou com a empresa para limpar o nome e, entre os que sabiam, 36% pagaram até 1.000 reais.
“Contratar uma assessoria para limpar o nome sujo é arriscado e desnecessário. Muitas empresas prometem liquidar com a dívida sem esforço do consumidor, o que é tão impossível quanto prometer limpar os pontos da carteira de habilitação ou trazer o amor da vida”, orienta o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.
A empresa credora é a única que pode limpar o nome do devedor, só depois do pagamento da dívida. Para isso, o melhor caminho é, primeiro, organizar tudo que você ganha e gasta para enxergar com clareza onde dá para economizar. O segundo passo é procurar a empresa para renegociar a dívida.
“Faça as contas do quanto você realmente pode oferecer e apresente uma proposta realista”, ensina Vignoli. Você pode propor o parcelamento da dívida e a redução do Custo Efetivo Total (CET), que inclui os juros e outras taxas embutidas no contrato.
Tenha cuidado para não contratar um crédito mais barato para pagar a dívida e ainda assim continuar muito endividado. “Ao contratar um novo crédito, você zera o histórico da dívida e pode ter mais dificuldade para negociá-la”, explica a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim.
Antes de gastar dinheiro com uma empresa para limpar o nome, você pode procurar ajuda na Defensoria Pública, no Procon ou em núcleos de assistência jurídica de universidades, que dão assistência a pessoas altamente endividadas.
“Não é uma questão simples. Mais do que pagar a dívida, quem chega nesse ponto precisa de educação financeira, e falta onde buscar ajuda”, denuncia a economista Ione Amorim. É preciso identificar os motivos que levaram o consumidor à inadimplência. Um imprevisto como uma doença ou uma demissão? Desorganização financeira? Descontrole de gastos?
As empresas que prometem limpar nome sujo normalmente oferecem serviços pontuais de renegociação de dívida, mas não ajudam o consumidor a organizar sua vida financeira, segundo Ione. Por isso, desconfie antes de se deixar levar pelo desespero.
Se você tentou sozinho renegociar a dívida com o credor e não conseguiu, leia atentamente o contrato do serviço que você está adquirindo para limpar o nome. Saiba quanto custará, qual será a forma de pagamento e qual é exatamente o serviço prestado pela empresa.
Não faça nenhum depósito antecipado e solicite toda a documentação que comprove a reabilitação do nome. Após o pagamento da primeira parcela do acordo entre as partes, o nome do consumidor deve estar limpo em cinco dias úteis.