Minhas Finanças

Títulos do Tesouro Direto caem até 7% em junho

Perda é virtual para quem não resgatar os títulos

Homem preocupado: movimento é um ajuste a um novo cenário de aumento da expectativa de alta dos juros (master1305/Thinkstock)

Homem preocupado: movimento é um ajuste a um novo cenário de aumento da expectativa de alta dos juros (master1305/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 3 de julho de 2018 às 12h20.

A alta dos juros nos mercados futuros e no mercado secundário de títulos públicos em junho, apesar de o Banco Central ter mantido a taxa Selic em 6,5% ao ano, provocou a queda dos preços dos papéis do governo federal negociados pelo sistema do Tesouro Direto. Trata-se de um ajuste ao novo cenário, com taxas mais altas, que desvalorizam os papéis mais antigos, que pagam juros menores.

Como a rentabilidade do título é a diferença entre o que o investidor paga hoje e o que ele vai receber no vencimento, quanto maior o juro, menor o valor atual, e vice-versa. Dessa forma, o impacto da oscilação dos juros será maior para títulos mais longos, que têm mais juros embutidos até o vencimento.

Perda é só para quem resgatar antes

Essa oscilação, porém, é válida apenas para quem vender o papel hoje no mercado, antes do vencimento. Quem carregar o título até o vencimento, receberá exatamente o que combinou na aplicação. A “perda” que se vê na tabela representa mais o custo de oportunidade, ou seja, quanto o investidor deixou de ganhar por ter aplicado por um juro mais baixo que o atual. Mas essa perda será compensada ao longo do tempo até o vencimento, resultando no rendimento original da aplicação. É como a casa ou o carro, que oscilam de preço todos os dias, de acordo com o mercado. Só vai perder de verdade quem vender a casa ou o carro naquele dia.

Por isso a recomendação para quem compra esses títulos longos é só aplicar o dinheiro que não vai ser necessário antes do vencimento, para evitar ter de sacar antes e cair justamente em um momento de perda e sair no prejuízo.

Essa perda será vista também em muitos fundos renda fixa de longa duração, que aplicam em títulos mais longos, e em multimercados.

Papel mais longo tem maior perda

Assim, quanto maior o prazo, maior o impacto da oscilação dos juros. Por isso, o papel com a maior perda em junho é o Tesouro IPCA+ 2045, ou NTN-B Principal, papel mais longo do Tesouro Direto. O preço do título caiu 7,16%, acumulando no ano queda de 6,7%. Essa perda é efeito da alta do juro real pago pelo papel, de 5,68% para 5,86%. A diferença parece pequena na taxa, mas quando aplicada até 2045 traz o impacto visto no preço.

Papel mais curto tem perda menor

É possível ver o impacto do prazo ao comparar a queda do papel 2045 com o 2035. Ambos costumam pagar as mesmas taxas de juros, e o impacto no preço é, portanto, apenas do prazo. No caso da NTN-B 2035, a perda de junho foi de 4,05% e, no ano, de 2,47%, bem menos que a de 2045, apesar das taxas serem iguais. Por isso, quem não quer enfrentar oscilações muito fortes pode optar por papéis mais curtos.

Prefixados com juros no fim oscilam mais

Se as NTN-B sofrem o impacto apenas dos juros reais, os prefixados sofrem pois sua taxa inclui uma projeção de inflação fixa até o vencimento. Esse impacto é reduzido pelo prazo mais curtos dos papéis ou pelo fato de o título pagar juros semestrais. Os papéis com juros semestrais caem menos que os que só têm desembolso no fim.

Assim, o título prefixado mais longo com juros semestrais, o Tesouro Prefixado com Juro Semestral, ou NTN-F, para 2029, caiu 2,55%. Já o prefixado sem juros semestrais, ou LTN, com vencimento em 2025, perdeu 2,88% em junho, apesar do prazo menor. Essas perdas refletem a alta dos juros, de 11,27% ao ano para 11,77% no caso da NTN-F para 2029 e de 10,99% ao ano para 11,52% para 2025 na LTN.

LFT não oscila

Se os papéis prefixados ou corrigidos pela inflação têm perdas, os que seguem os juros diários, ou Tesouro Selic, ou LFT, não tem oscilações pois seus juros são calculados dia após dia. Não há, portanto, variação de preço, que é corrigido pela taxa do overnight Selic, a mesma definida pelo Banco Central (BC), e que hoje está em 6,5% ao ano. O Tesouro Selic é portanto recomendado para o dinheiro de curtíssimo prazo, que não pode correr riscos de oscilações dos juros. Ou para quem não quer ver a aplicação variando até o vencimento, mesmo sabendo que não há perda real nisso.

Mas a segurança tem seu preço: se o juro cair no futuro, o ganho da LFT vai cair junto.

Abaixo, as oscilações dos preços de mercado dos títulos do Tesouro Direto.

TítulosVencimento30 dias*JunhoNo ano12 meses
Prefixado01/01/20190,520,53,349,98
Prefixado01/01/2020-0,36-0,353,4611,36
Prefixado01/01/2021-0,65-0,73,6412,07
Prefixado01/01/2023-0,47-1,321,459,82
Prefixado01/01/2025-0,92-2,88??
Pré juro semestral01/01/2021-0,52-0,63,2411,33
Pré juro semestral01/01/2023-0,38-1,151,519,29
Pré juro semestral01/01/2025-0,52-1,95-0,027,42
Pré juro semestral01/01/2027-0,36-2,43-1,415,6
Pré juro semestral01/01/2029-0,11-2,55??
Tesouro Selic01/03/20210,440,443,097,35
Tesouro Selic01/03/20230,330,332,927,21
Tesouro IPCA+15/05/20190,810,813,5510,43
Tesouro IPCA+15/08/2024-0,49-1,251,648,72
Tesouro IPCA+15/05/2035-2,18-4,05-2,473,52
Tesouro IPCA+15/05/2045-4,28-7,16-6,70,16
IPCA+ juro semestral15/08/2020-0,08-0,13,6710,95
IPCA+ juro semestral15/08/2024-0,29-0,842,089,17
IPCA+ juro semestral15/08/2026-0,83-1,580,88,77
IPCA+ juro semestral15/05/2035-1,33-2,57-0,326,48
IPCA+ juro semestral15/05/2045-2,06-3,61-1,565,8
IPCA+ juro semestral15/08/2050-2,26-3,89-1,964,68

Fonte: Tesouro Direto. * 30 dias encerrados em 2 de julho, ou seja, de 2 de junho a 2 de julho, considerando a taxa de compra na aplicação e de venda no resgate.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasInvestimentos-pessoaisJurosrenda-fixaTesouro Direto

Mais de Minhas Finanças

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 3,5 milhões nesta quarta-feira

Fila do INSS sobe e chega a quase 1,8 milhão; aumento em três meses é de 33%

Mega da Virada 2024 inicia apostas com prêmio recorde de R$ 600 milhões

Influenciadoras de Wall Street: como elas estão democratizando as finanças pessoais