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Tem espaço na mala? Um app transforma viajante em correio pago

A Grabr, com sede em São Francisco, coloca viajantes em contato com os consumidores e os ajuda a criar uma logística de compra e entrega de produtos

Malas: Os impostos e taxas de importação são elevados em países em desenvolvimento como o Brasil, e o acesso aos produtos é limitado. (Thinkstock/Choreograph/Thinkstock)

Malas: Os impostos e taxas de importação são elevados em países em desenvolvimento como o Brasil, e o acesso aos produtos é limitado. (Thinkstock/Choreograph/Thinkstock)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 18 de março de 2018 às 14h05.

Quem viaja do exterior para visitar amigos ou familiares no Brasil costuma receber pedidos para levar produtos ao País - vitaminas, o último iPhone ou até uma torneira para a cozinha, por exemplo. Agora existe um aplicativo que leva a prática além dos amigos e familiares e transforma completos estranhos em correio. E em lucros.

A Grabr, uma startup de três anos com sede em São Francisco, coloca viajantes em contato com os consumidores e os ajuda a criar uma logística de compra e entrega de produtos. Ou seja, atua ao mesmo tempo como agência de aluguel de espaço de bagagem sobressalente e como serviço de entrega. Ou talvez um novo tipo de serviço de correio.

Os impostos e taxas de importação são elevados em países em desenvolvimento como o Brasil, e o acesso aos produtos é limitado. Para piorar, recentemente as empresas aéreas impuseram limites mais rigorosos ao peso das bagagens. Os viajantes internacionais agora precisam pagar excesso de bagagem quando o peso supera 23 quilos, contra 32 quilos anteriormente.

“As pessoas esperam familiares e amigos viajarem para trazerem coisas para elas”, disse a chefe da Grabr no Brasil, Michele Chahin, em entrevista por telefone. “Estamos trazendo a tecnologia para algo que é natural para os brasileiros.”

Como funciona

A plataforma foi desenvolvida de forma a proteger os dois lados. O viajante faz a compra, o comprador paga e o aplicativo retém os recursos até que ambas as partes se encontrem e confirmem que tudo saiu bem. O comprador paga ao viajante um valor previamente acordado, e a Grabr cobra 7 por cento de comissão sobre o valor bruto.

Os compradores normalmente economizam pelo menos 30 por cento com os produtos em comparação com os preços locais, disse Chahin, que é a única funcionária da Grabr no Brasil.

A Grabr, que compete com aplicativos como PiggyBee e Backpack, gerenciou o transporte de mais de 350.000 encomendas globalmente desde o início das operações, de Moscou à cidade de Ho Chi Minh. No ano passado, 40 por cento das entregas foram para a Argentina e 30 por cento para o Brasil, disse Chahin.

O mercado é maior na Argentina, por enquanto, porque os moradores têm menos acesso a determinados produtos. No Brasil, há maior disponibilidade de produtos, mas os impostos sobre as importações podem ser dolorosamente elevados. Os produtos com maior demanda são os eletrônicos, incluindo todos os produzidos pela Apple. Maquiagem, produtos capilares e itens de colecionador também são populares.

A Grabr quer que seus clientes respeitem as regras locais e paguem as taxas alfandegárias necessárias. O aplicativo publica links para websites de agências alfandegárias. “Os usuários devem atuar dentro dos limites”, disse Chahin.

Na semana passada, a Grabr recebeu US$ 8 milhões em uma rodada de financiamento liderada pela Foundation Capital e anunciou que o sócio geral da Foundation, Charles Moldow, entrará para o conselho da startup. Entre os primeiros investidores estão Founders Fund e SignalFire. A empresa informou em comunicado que planeja usar o capital levantado para lançar novos recursos e contratar mais funcionários.

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