José Roberto de Toledo, presidente da Lello: "pessoas estão conseguindo equacionar melhor os seus gastos" (Lello/Divulgação)
Natália Flach
Publicado em 11 de julho de 2020 às 07h48.
A crise econômica fez com que muitos inquilinos procurassem os proprietários dos imóveis onde moram ou têm o seu pequeno comércio na tentativa de renegociar o valor do aluguel. A imobiliária Lello intermediou o equivalente a 12 milhões de reais em renegociações – entre descontos, abonos e adiamentos – desde o início da pandemia do novo coronavírus em São Paulo. Na locação residencial, os pedidos de ajustes chegaram a 27%, enquanto na comercial alcançaram 60%.
"As lojas tiveram de ser fechadas, e muitas empresas pequenas não estavam preparadas para a paralisação. Também pegou de surpresa muitos empreendedores que tinham acabado de abrir seus negócios", afirma José Roberto de Toledo, presidente da Lello, em entrevista exclusiva à EXAME.
A partir de junho, a demanda por renegociação de aluguéis residenciais caiu 50%, um indício de que o pior da crise já passou. "Analisamos caso a caso, pois tínhamos que achar uma solução para o impacto no orçamento do locatário sem descuidar do proprietário do imóvel que precisa dessa renda." O executivo se refere à central de negociações que foi criada para atender e avaliar caso a caso os pedidos de abonos e adiamento dos pagamentos de aluguéis. O objetivo desse time de especialistas é cuidar de todas as mediações e negociações necessárias.
Foram esses profissionais que contribuíram para que a inadimplência não se tornasse algo exorbitante. No caso dos imóveis residenciais, o número de atrasos passou de 1,07% para 2,6% em março e para 8,6% em abril. Já em junho alcançou 2,1%. "As pessoas estão conseguindo equacionar melhor os seus gastos, e a moradia é prioridade", explica.
Por sua vez, a inadimplência nos imóveis comerciais saltou de algo entre 3% e 3,5% para 8,9% em março e para 28% em abril. "Mas também estamos vendo que está ficando sob controle."
Outro mecanismo que contribuiu para continuidade dos negócios foi o uso de assinatura eletrônica nos contratos, que já era uma realidade na empresa há mais de quatro anos, mas que cresceu muito no período da quarentena.
Do total de transações de locação de imóveis realizadas, 94% dos contratos foram assinados digitalmente. Em relação aos de compra e vendas, essa modalidade de assinatura eletrônica chegou a 50% dos contratos. "Fizemos primeiro contrato de compra e venda de modo totalmente eletrônico."
A transação, recém-autorizada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), foi feita por meio da plataforma e-notariado, via videoconferência e com assinaturas digitais utilizando o certificado digital - ICP- Brasil.