Com renda extra, controle de gastos que não são essenciais fica muito mais fácil (CLAUDIA)
Da Redação
Publicado em 14 de julho de 2012 às 23h38.
São Paulo - Em vez de cortar gastos, por que não concentrar as energias em aumentar a receita mensal com fontes de renda alternativas? Anísio Castelo Branco, presidente do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), defende a estratégia: “Em vez de deduzir da renda fixa as despesas fixas e variáveis, o cálculo de controle das finanças deveria ser feito em duas partes: da renda fixa se deduzem os gastos fixos; e de uma fonte de renda extra são deduzidos os gastos extras”.
Basicamente, trata-se de buscar o seu lado monetizável. Em todos os casos vale ponderar, de acordo com o seu contrato de emprego, até que ponto pode chegar a dedicação à atividade extra, para que ela não gere conflitos.
É importante ressaltar também que novas receitas, em alguns casos, podem implicar em novas tributações. Se a renda extra não for obtida de uma pessoa jurídica e, portanto, não tiver sido tributada na fonte, ela deve ser declarada no imposto de renda.
E ainda, com fontes provenientes de duas fontes jurídicas, na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda, deve ser feito o chamado “mensalão”. “Se as duas fontes somadas resultam em um imposto maior do que o já tributado na fonte, o contribuinte deve declarar e pagar o imposto sobre essa diferença, o recolhimento na forma de mensalão”, esclarece Jorge Lobão, diretor de relações institucionais do Centro de Orientação Fiscal (Cenofisco).
1. Ministre palestras
Todo mundo tem alguma história para contar. E para Thales de Azevedo Leito, sócio-fundador da Ata Palestras, todo mundo tem também uma palestra para dar. Ele trabalha no ramo há 14 anos e conta que recorrem à esta renda extra desde camelôs e especialistas em Acarajé até ex-ministros e o ex-presidente Lula.
Os cachês também variam, e muito. Podem chegar a centenas de milhares de reais e, segundo Thales, não é difícil receber mais de 1.000 reais em uma palestra. “Este é um mercado milionário e tem crescido muito porque a cultura brasileira é muito verborrágica. Qualquer um pode dar uma palestra, para isso basta ser natural e ter alguma coisa para falar que interessaria a alguém mais”, afirma Thales.
A Ata Palestras oferece treinamentos para quem quiser se iniciar na área. Os preços são acordados segundo a perspectiva de retorno que o conferencista oferece à empresa. Isto é, se ele for um palestrante com potencial e concordar em se vincular à empresa, ele pode até não pagar nada pela consultoria.
A Ata também busca empresas que paguem pela palestra. Para isso, ela cobra uma parcela do cachê, que varia de acordo com a remuneração do palestrante.
2. Faça um blog ou crie um site e atraia anúncios
Fazer um blog ou criar um site, dependendo do número de acessos, pode render até centenas de milhares de reais com anúncios.
Segundo Edney Souza , vice-presidente de publishers da Boo Box e coordenador do Curso de Educação Executiva em Redes Sociais da Trevisan, um veículo criado há pouco tempo e que chegue a ter 10.000 acessos diários pode render mais de 1.000 reais em anúncios em menos de um mês.
Para quem está começando e não sabe como atrair anúncios, na Boo Box o autor do site ou blog se cadastra de graça e a empresa fica responsável por trazer os anunciantes. Eles encontram as empresas que possam ter interesse em anunciar, de acordo com o perfil do site, e cobram do publisher 50% sobre o valor pago pelo anunciante.
Souza explica que a qualidade da informação é imprescindível para que o autor consiga retorno financeiro. “Para quem quer ganhar dinheiro, a melhor fórmula é pensar qual é o mercado que tem negociante interessante e o que eu tenho de conhecimento que pode gerar interesse”, explica Souza.
3. Participe de um Conselho Administrativo
Antes os conselheiros de administração eram admitidos apenas por indicação e se fossem grandes executivos. Hoje, em muitos casos, recrutadores buscam o profissional ideal ou ele mesmo se apresenta. E não é imprescindível ter um cargo de chefia; ser jovem e ter um conhecimento específico que possa contribuir para a empresa podem ser o suficiente.
Um Conselho de Administração tem a função de definir os rumos de um negócio e a remuneração média de um conselheiro é de 14.000 reais, segundo Heloisa Belotti Bedicks, superintendente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
O segredo desta renda extra é identificar alguma competência em você que possa ser valiosa a determinada empresa. “É importante ter pessoas com experiência maior, mas em uma empresa de tecnologia pode ser importante ter uma pessoa jovem que seja especialista em mídias sociais”, esclarece Heloísa.
Ela recomenda que qualquer profissional que trabalhe "full time" não participe de mais de um conselho, já que os conselhos exigem um alto nível de dedicação do profissional.
Para quem quiser encarar este “sofisticado” trabalho extra, mas não sabe por onde começar, o IBGC tem um curso de formação com duração de 64 horas. O investimento é de 9.000 reais para associados e 11.000 reais para quem não é sócio.
4. Conquiste clientes para conhecidos e peça comissão
Se você não tem tempo sobrando, mas gostou da ideia de ganhar uma renda extra, esta pode ser a melhor opção para você. Basicamente, ela consiste em pedir uma remuneração por algo que as pessoas fazem banalmente: indicar serviços de médicos, advogados ou consultores a conhecidos.
O professor Anísio Castelo Branco, é um grande adepto da prática. Ele diz que é possível ganhar milhares de reais em apenas uma indicação. “Uma pessoa que fez uma plástica, pode combinar com o cirurgião uma comissão de 10% sobre cada paciente que indicar. Ela vai ganhar um bom dinheiro sem fazer esforço”.
Ele acrescenta que a remuneração aumenta de acordo com o grau de influência da pessoa. Alguém que trabalha na área de vendas, por exemplo, terá uma rede de contatos maior e pode fazer mais indicações.
É o caso da empresária Rebeka Borges, que trabalhava com moda e tinha contato frequente com indústrias do setor de beleza. Um amigo a apresentou ao dono de uma transportadora interessado nos contatos. Depois de lhe garantir o primeiro cliente, ela passou a cobrar pelo “serviço”. “Eu já ganhei 2.000 reais, 5.000 e até 10.000 reais. Depende do tipo de transação”, relata.
5. Faça traduções de textos
Fazer traduções de livros, artigos, documentos e afins é outra opção que não compromete o seu emprego principal. O tradutor pode determinar a hora e o local do trabalho livremente.
Renata Paiva é analista em uma consultoria. No seu emprego anterior, uma de suas funções era fazer tradução de pesquisas. Ela pediu à ex-chefe que a avisasse se houvesse algum trabalho de tradução. Desde então, tem traduzido pesquisas semanalmente e ganha com isso 1.500, ou 1.600 reais a mais por mês, fazendo em média três traduções.
Na outra empresa, ela contratava free lancers para fazer tradução, e disse que o preço varia de 30 a 50 reais por lauda. “Como eu não sou tradutora profissional, eu cobro um valor 25% abaixo do preço de mercado. Com isso eu consigo receber mais ofertas”.
6. Escreva um livro
Inúmeros sites de editoras possuem um campo de acesso escrito: Seja nosso autor. Com uma boa ideia e alguma vocação é possível se tornar um escritor, mesmo sem dedicação exclusiva à atividade. E, dependendo da aceitação, a renda extra pode ser alta e duradoura.
Mais uma vez, tudo depende de uma avaliação sobre o que você tem para dar e o que o universo esta disposto a pagar.
Rodolfo Araujo, gerente de conhecimento e inovação da Edelman Significa, sempre manteve fontes de renda alternativas. Ele sempre gostou de escrever, e, por isso, recebeu uma proposta para escrever um livro sobre a grife Chilli Beans. O livro foi publicado há um mês e ele espera um bom retorno. “Eu dou aula, já escrevi outros livros, dou cursos e sou muito curioso. Assim, as oportunidades vão aparecendo”.