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Registro de consumidores inadimplentes subiu 20% em 2022, diz Boa Vista

Indicador da Boa Vista aponta que a inadimplência segue em alta no país e cenário é desafiador em 2023

Boa Vista: "Não seria nenhuma surpresa se em 2023 o número de registros apontasse para mais uma alta, mas a expectativa que temos é de que ela seria muito mais tímida" (Sirinarth Mekvorawuth / EyeEm/Getty Images)

Boa Vista: "Não seria nenhuma surpresa se em 2023 o número de registros apontasse para mais uma alta, mas a expectativa que temos é de que ela seria muito mais tímida" (Sirinarth Mekvorawuth / EyeEm/Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 13 de janeiro de 2023 às 12h21.

O brasileiro terminou o ano endividado e sem conseguir pagar suas dívidas. O número de registros de consumidores inadimplentes fechou o ano de 2022 em alta de 19,9%, na comparação com 2021. É o que apontou um levantamento da Boa Vista. Apenas em dezembro, a alta registrada foi de 3,6%. O indicador encerrou o 4º trimestre do ano passado 4,7% a frente da média observada no 3º trimestre do mesmo ano, também na série livre dos efeitos sazonais.

Flávio Calife, economista da Boa Vista, explica que depois de um período atípico, como foram os anos de 2020 e 2021, o indicador de registros voltou a subir e com força. O indicador antecipou o movimento na taxa de inadimplência das famílias do Banco Central, que também subiu bastante no ano passado. Segundo o especialista, essa forte alta observada em ambos já era esperada e o nível atual, tanto do indicador da Boa Vista, quanto da taxa de inadimplência, retrata melhor a situação das famílias na economia brasileira.

"Não seria nenhuma surpresa se em 2023 o número de registros apontasse para mais uma alta, mas a expectativa que temos é de que ela seria muito mais tímida em comparação aos quase 20% que tivemos em 2022. O cenário é delicado, 2023 deverá ser mais um ano de inflação e juros altos. O crédito também cresceu bem em 2022, mesmo quando descontamos o uso do cartão de crédito à vista, e isso também pode pressionar o orçamento das famílias por um pouco mais de tempo. A tendência, por ora, aponta para mais elevação nos registros, assim como para a taxa de inadimplência, em 2023.”

Indicador de inadimplência

(Boa Vista/Divulgação/Divulgação)

Recuperação de Crédito do Consumidor

O indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista também registrou crescimento de 15,4% em 2022 na comparação anual. O indicador subiu 2,9% em dezembro na comparação mensal dos dados dessazonalizados.
O economista explica que o forte aumento no número de registros influenciou no aumento impactou no número de recuperação. Segundo ele, as famílias têm buscado cada vez mais por estes serviços de recuperação, uma vez que possuem cada vez mais opções de como fazê-lo.

“Agora, está em discussão um novo programa federal de renegociação de dívidas, o ‘Desenrola’. Ainda é cedo para falar algo de concreto porque muitos detalhes importantes ainda não foram divulgados. O que se tem no momento é uma ideia que talvez conte com o apoio dos bancos privados, a ver. Fato é que a recuperação seguirá sendo muito importante no mercado de crédito, uma vez que a inadimplência não deve voltar a cair de forma consistente tão cedo.”

Registro de inadimplentes e recuperação de crédito

(Boa Vista/Divulgação/Divulgação)

Metodologia

O indicador de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. Já o indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras.

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