Ator Caio Castro afirmou juntar todo o dinheiro necessário para a compra para depois pagar em parcelas (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2011 às 00h05.
São Paulo - Em evidência na novela das oito, o ator Caio Castro afirmou que compra tudo à prestação. Em entrevista ao jornal carioca "O Dia", o global não deixou de fazer uma ressalva: antes de financiar, contudo, ele junta todo o dinheiro necessário para arrematar o bem à vista.
Quando perguntado se era pão-duro, Castro não titubeou ao dizer que sim. Mas na visão de quem entende de finanças, seu comportamento contraria o perfil dos que gostam de poupar. "Se fosse pão-duro, ele não deveria querer pagar juros", afirmou Jurandir Macedo, professor de finanças da UFSC e consultor do Itaú.
Segundo Macedo, todo financiamento necessariamente embute algum juro. Com o dinheiro suficiente para pagar à vista, portanto, não faz sentido parcelar a aquisição se existe a possibilidade, inclusive, de negociar um desconto ao quitar a conta de uma vez só.
Para as empresas, a possibilidade de financiar e ainda sair ganhando é muito mais tangível. Isso acontece porque elas têm acesso a linhas de créditos especiais, com juros na casa de 8% ao ano. "Como a rentabilidade do patrimônio líquido da companhia pode facilmente superar esta taxa, pegar dinheiro emprestado acaba valendo a pena", explica Macedo.
No caso das pessoas físicas, conseguir pôr em prática um plano como este é tarefa das mais difíceis. Para conseguir a façanha, é necessário investir o dinheiro em alguma aplicação financeira cujo rendimento líquido pague o financiamento e ainda deixe alguma sobra para o investidor.
Quem compra uma casa pelo Sistema Financeiro Habitacional (SFH), por exemplo, paga juros anuais de 10,5% ao ano acrescidos da variação da TR para imóveis de até 450.000 reais. "No fim das contas, o financiamento sai por cerca de 13% ao ano. E conseguir este retorno líquido e garantido é muito difícil", explica o professor do Insper Ricardo Almeida.
Para ele, apenas dois tipos de investimento podem dar conta do recado: bolsa ou a compra de imóveis na expectativa de valorização do ativo. Nos dois casos, alerta o especialista, o retorno é absolutamente incerto no curto prazo.
Na visão de Macedo, da UFSC, renunciar ao pagamento à vista só vale a pena quando o uso do dinheiro ameaça mexer com uma reserva de emergência. Ele recomenda que todos os investidores façam uma poupança que corresponda ao total gasto pela família em três a seis meses.
Assim, não será necessário recorrer a nenhum tipo de crédito se ocorrer qualquer tipo de imprevisto. "Quem usa 50.000 para comprar um carro à vista, por exemplo, pode esquecer que vai ter que pagar IPVA e seguro mais tarde", afirma Macedo. "Se não tiver dinheiro para saldar estas dívidas, o indivíduo pode acabar contratando financiamentos bem mais caros lá na frente, como cartão de crédito ou cheque especial, com juros superiores aos que seriam cobrados pelo financiamento do carro."
Outra exceção, segundo o especialista, é a compra de produtos pela internet em que não há possibilidade de barganhar qualquer desconto pelo pagamento em uma única quota. "Quando você compra uma passagem de avião ou um livro pela web, o preço na maior parte das vezes está dado. Por isso, parcelar em quatro ou cinco vezes sem juros pode acabar na mesma."