Alto padrão em prédios comerciais e residenciais são uma das apostas das gigantes do setor | Foto: Witthaya Prasongsin/ Getty Images (Witthaya Prasongsin/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 6 de outubro de 2021 às 15h08.
Última atualização em 7 de outubro de 2021 às 04h20.
O mercado imobiliário deve ficar ainda mais aquecido nos próximos anos, mesmo com a inflação global e as eleições de 2022 causando incerteza entre investidores. Esta é a visão de Daniel Cherman, diretor geral da Tishman Speyer, e Roberto Perroni, sócio e CEO da Brookfield Properties Groups Brazil, executivos à frente de duas das maiores companhias globais no segmento de investimento em imóveis.
Cherman e Perroni discutiram as tendências do mercado de imóveis no BTG Invest Talks, evento organizado pelo BTG Pactual digital (do mesmo grupo controlador da EXAME), na última terça-feira, dia 5.
“Volatilidade política, inflação e aumento nos juros vão atrapalhar a captação local, mas será um momento interessante para investir. Devem aparecer grandes oportunidades nos próximos 12 meses e quem estiver capitalizado vai conseguir aproveitar esse movimento”, destacou Cherman.
Para os executivos, o mercado está enfrentando um momento de distorções que podem ser transformadas em boas oportunidades de negócio.
“Existem prédios alugados em São Paulo nos quais o preço nominal da locação segue o mesmo nos últimos 10 anos mesmo com o avanço da inflação. Isso é algo que nunca ocorreu na história. Se o Brasil tiver alguma estabilidade macroeconômica nos próximos anos, os aluguéis devem ganhar força e voltar com um crescimento bem acima da inflação porque os preços estão muito defasados, até mesmo nos galpões”, acrescentou Perroni.
Entre as apostas mais interessantes, Perroni destaca o segmento de logística e o residencial para a renda – este último ainda em fase de estudo dentro da Brookfield. “É algo que pode ser interessante em um cenário de alta de juros em que o financiamento ficou mais caro, tornando o aluguel mais atrativo”, afirmou.
Outro segmento em alta é o corporativo “pós-pandemia”. “A qualidade dos escritórios está ficando cada vez mais importante para as empresas e percebemos uma procura mais forte por imóveis de alto padrão, com área verde. O escritório precisa crescer em qualidade para que o funcionário queira sair do home office e ir para esse local agradável de trabalho”, argumentou Cherman.
O foco no alto padrão, a propósito, é também um direcionamento no segmento residencial. “Estamos apostando em imóveis maiores, com espaço para a família, e vimos que o preço dos residenciais subiu muito forte, até mais do que os comerciais”, disse.