Buenos Aires: apesar da alta dos preços de bilhetes, alguns fatores podem compensar o gasto adicional (Getty Images/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 28 de setembro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 28 de setembro de 2019 às 07h00.
São Paulo - Na primeira quinzena de setembro, quando se encerrou um mês desde que a crise política na Argentina provocou uma forte desvalorização do peso, o preço médio da passagem aérea cobrado entre o trecho São Paulo e Buenos Aires foi de 1.498 reais, 48,3% a mais que a média do ano, de 1.010 reais. É o que indica um levantamento feito pelo buscador de bilhetes aéreos Viajala.
Na segunda quinzena de agosto o preço da passagem para o trecho já havia ficado 23,2% mais alto que a média: 1.245 reais.
Para Eduardo Martins, diretor nacional do buscador Viajala.com.br, não é possível afirmar com toda certeza que o aumento dos preços registrado esteja diretamente ligado à queda do peso argentino. "Ainda não temos tempo suficiente de crise, acentuada em agosto com a derrota do presidente Macri nas prévias, para garantirmos qualquer alteração como uma tendência de alta no preço das passagens, embora o viés exista", explica.
Martins ressalta que em agosto há um resquício das férias de inverno que pode afetar os preços. Além disso, a alta do dólar no Brasil, que ultrapassa 4 reais, faz com que o turista procure mais por destinos da América do Sul, o que pode levar ao aumento dos preços.
O mês com o valor médio mais baixo registrado no ano foi fevereiro, quando a passagem custou, em média, 849 reais.
Já o mês com o valor médio mais alto registrado foi julho, alta temporada de férias, com passagens a 1.282 reais, em média. "Julho é um período de buscas intensas por viagem, já que muita gente pesquisa suas férias em cima da hora", justifica Martins.
Segundo o diretor nacional do Viajala, por um lado, sim, existe a possibilidade de que os preços de bilhetes para Buenos Aires continuem subindo. Isso porque os custos das empresas aéreas locais são em dólares. Ou seja, quando o valor do peso argentino cai, o preço local do serviço sobe, já que passam a ser necessários mais pesos argentinos para cobrir o mesmo valor em dólar.
Por outro lado, há dois fatores que podem fazer com que o brasileiro sinta pouco essa diferença.
O primeiro é que a low cost argentina Flybondi começará a operar no Brasil no dia 11 de outubro, saindo do Rio de Janeiro e de Florianópolis. A companhia já está vendendo passagens mais baratas para a capital argentina desde julho.
As empresas de baixo custo oferecem preços mais competitivos, cobrando à parte por serviços considerados básicos, como marcação de assento e check-in no aeroporto.
Segundo um levantamento do Viajala feito em julho, viajar para Buenos Aires com a Flybondi no fim deste ano chega a custar até 63% menos do que optando com empresas aéreas tradicionais.
Além disso, com o peso em queda, é possível que os gastos dos brasileiros em dólares ou reais em Buenos Aires seja um pouco mais baixo, o que ajudaria a compensar os possíveis aumentos de tarifas aéreas. "Vale lembrar que o real também está sujeito à mesma flutuação em relação à moeda estrangeira", recorda Martins. "Ou seja, se o valor do real despenca por alguma razão, vamos sofrer o mesmo efeito que os argentinos."