Cemitério (KayTaenzer/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 26 de outubro de 2016 às 05h00.
Última atualização em 26 de outubro de 2016 às 14h55.
São Paulo - A dor da morte não tem preço, mas o funeral tem, e pode custar bem caro. Planos funerários são uma alternativa recomendada para evitar o pagamento de valores abusivos em um momento de fragilidade, por mais frio que pareça planejar os custos da morte.
“Plano funeral é um investimento seguro e certeiro. Como qualquer outro serviço, quanto mais planejado o enterro, mais barato custa”, orienta Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
Você pode fazer um plano para si mesmo ou para sua família, pagando um valor fixo por mês. A cobertura paga despesas como registro em cartório, traslado do corpo, embalsamento, velório e sepultamento ou cremação, que, sem o plano, podem custar entre 1.800 e 60 mil reais (veja os custos do enterro e da cremação).
O serviço é oferecido tanto por empresas de assistência funerária quanto por seguradoras, que comercializam planos muito parecidos. No caso das seguradoras, a assistência funeral normalmente é um complemento do seguro de vida ou de acidentes pessoais, regulados e fiscalizados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A cobertura pode garantir o reembolso dos gastos com o funeral, quando o consumidor escolhe a prestadora do serviço e depois apresenta as notas fiscais das despesas, ou pode executar todos os serviços, com uma funerária escolhida pela seguradora, como explica José Varanda, coordenador da Escola Nacional de Seguros.
Já os planos de empresas de assistência funeral apenas executam o serviço, e não reembolsam clientes. Eles são comercializados isoladamente, sem estar atrelados a outros seguros, e são regulados por uma lei dos planos de assistência funerária, criada em março deste ano.
Tanto planos de seguradoras quanto de empresas de assistência funeral podem ser seguros, desde que o consumidor pesquise a idoneidade da empresa e que o serviço contratado esteja claro, como orienta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associação de Consumidores. O site Reclame Aqui e o Procon de sua cidade podem ajudar nessa tarefa.
“A morte pode pegar qualquer família desprevenida, sem ter condições de bancá-la. Os planos funerários protegem as pessoas no pior momento”, diz Maria Inês.
É preciso levar em conta que as prestações serão pagas por muito tempo e há o risco da empresa desaparecer até que você vá utilizar o serviço. Nesse ponto, as seguradoras podem ser mais vantajosas, porque elas são obrigadas por lei a constituir reservas financeiras.
Os planos das seguradoras normalmente cobrem mortes em todo o país, enquanto a maioria dos serviços das empresas de assistência cobrem apenas mortes locais.
Os planos funerários podem valer a pena porque, em geral, as empresas têm poder de barganha para oferecer os mesmos serviços por um preço muito abaixo do que consumidores contratariam sozinhos, como explica Pedro Bulcão, presidente da Sinaf Seguros.
Na Sinaf, um pacote básico de assistência para um funeral de 5 mil reais e seguro de acidentes pessoais com indenização do mesmo valor, para uma família com filhos e pai e mãe de até 40 anos, custa 15 reais por mês.
Contratar um seguro de vida com assistência funerária pode compensar mais do que um plano funerário isolado, já que os preços são muito parecidos e o seguro de vida é uma importante ferramenta de planejamento financeiro.
Na Mongeral Aegon, um seguro de vida para um homem de 30 anos, com assistência funeral de 3.500 reais, custa 30 reais por mês, sendo 29,30 reais o valor do seguro de vida e 0,70 centavos o da assistência funeral. A empresa não vende o plano funerário separadamente.
“Você pode achar uma cobertura de um funeral de 3.500 reais pequena, mas certamente não conseguiria encontrar um serviço com tudo o que oferecemos, por esse preço, por conta própria”, justifica Leonardo Lourenço, superintendente de Marketing da Mongeral Aegon.
A seguradora só permite incluir no plano família cônjuges e filhos. Assim, se você quiser incluir seus pais no plano funerário, por exemplo, pode ser mais vantajoso contratar só o plano funerário, sem o seguro de vida complementar. O importante é pesquisar bastante preços e serviços diferentes antes de contratar, para tomar a melhor decisão.