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Por que o otimismo é inimigo do seu bolso

Excesso de otimismo leva investidores a se guiarem pela emoção sem avaliar os riscos das aplicações


	Otimismo exacerbado leva a crer que um golpe financeiro pode prejudicar um conhecido, mas nunca atingirá você
 (Stock.xchng)

Otimismo exacerbado leva a crer que um golpe financeiro pode prejudicar um conhecido, mas nunca atingirá você (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2013 às 12h05.

São Paulo – Diz o famoso (e sábio) ditado popular: “Tudo o que vem fácil, vai fácil”. Mesmo assim, na hora de entrar em algum investimento mirabolante com promessas de ganho fácil, o que menos se pensa em muitos casos é que esse ganho pode ir embora assim como veio, ou pior, trazer grandes prejuízos. O excesso de otimismo é o que tem levado muita gente a cair em aplicações fraudulentas, gastar mais do que pode e investir ignorando os riscos. 

Os efeitos do otimismo exacerbado talvez fiquem escondidos em momentos de euforia econômica, quando os mercados estão em alta e até os investimentos mais arriscados parecem dar sempre certo. Mas, desde 2008, com o estouro da crise financeira, investidores em todo o mundo têm sentido na pele como a confiança cega dos tempos de vacas gordas pode arruinar suas finanças.

Depois do trauma, parte dos investidores ficou mais ressabiada e o debate sobre a educação financeira se ampliou. E uma vertente dessa discussão que ganha força são as finanças comportamentais, campo de estudo da psicologia econômica que analisa como os fatores psicológicos influenciam as decisões econômicas.

Uma das principais estudiosas do assunto no Brasil é Vera Rita de Mello Ferreira, professora de psicologia econômica da Fipecafi e autora de diversos livros da área, entre eles "A Cabeça do Investidor" e "Decisões Econômicas - você já parou para pensar?".

Para Vera Rita, o otimismo em excesso é o que faz uma pessoa acreditar que os riscos podem atingir sempre os outros, mas não ela. “O otimismo do brasileiro é lindo, mas otimismo descolado da realidade é perigoso. É o que faz alguém acreditar que o cunhado pode se dar mal em um esquema, mas que ele é bom demais para também se prejudicar e vai conseguir sair antes de o esquema desmoronar”, disse a professora durante o Fórum de Educação Financeira promovido pela Visa e pelo Financial Times.

Ela explica que temos uma tendência em acreditar que entendemos mais do que realmente sabemos e que tudo dará certo no final de alguma forma. “Para cair em um golpe não é preciso pedir duas vezes, basta insistir um pouquinho que as pessoas aceitam. Uma proposta de remuneração estável para um investimento de renda variável não é difícil saber que não dá certo, mas muitos entram na aplicação porque a proposta de dinheiro fácil fala mais alto”, diz a professora.

Como entender o seu comportamento pode ajudar seu bolso

A compreensão de que não agimos motivados apenas por fatores racionais e que as emoções têm um papel importante dentro das nossas decisões é a estratégia proposta pelas finanças comportamentais para que sejam evitados os equívocos financeiros.


Ao reconhecer que possuímos vieses psicológicos, que nos levam a tomar decisões parciais, a tarefa de agir conscientemente torna-se mais fácil. “Para começar, é preciso fazer algum tipo de raciocínio sobre a decisão a ser tomada. Em segundo lugar, é preciso ter um tempo para analisar a ideia e é importante conversar com outras pessoas, mesmo que não sejam especialistas, para enxergar outros vieses que não foram vistos antes”, explica Vera Rita.

Ou seja, ao se deparar com alguma proposta de investimento que o deixe em alerta, o investidor deveria se perguntar o que pode dar errado e dormir com aquilo em mente. A ideia é avaliar se ele não está se prejudicando de alguma forma ao tomar determinada decisão.

Quando o investidor tem a consciência de que existe a tendência de se prestar muito mais atenção nas promessas de ganhos do que nos riscos, é possível fazer uma análise mais fria sobre os prós e contras de um investimento. E também fica mais evidente que é preciso pensar duas vezes antes de deixar o otimismo tomar conta e entrar em um investimento que tem promessas de remunerações exageradas.

Outra questão interessante apresentada pela psicologia econômica diz respeito à busca de padrões que deem suporte à nossa escolha. Na hora de entrar em um investimento que promete ganhos absurdos, por exemplo, há uma busca por fontes de opiniões e dados que confirmem a convicção inicial do investidor, sem que a credibilidade da informação seja o primeiro critério para essa busca. Além disso, a pessoa também enxerga padrões em ocorrências aleatórias, o que distorce e eleva ainda mais a sua confiança.

Da teoria das finanças comportamentais depreende-se que a melhor forma de os investidores melhorarem suas performances seria reconhecer quaisquer vieses psicológicos, como o excesso de preocupação ou de otimismo, que possam atrapalhar suas decisões. Os ganhos e perdas estariam, portanto, muito mais relacionados à capacidade de reduzir a influência emocional nas decisões do que às habilidades propriamente ditas do investidor.

Conforme Vera Rita resume, as emoções estão na raiz das decisões financeiras: ”É difícil entrar em contato com as emoções, mas ao fazer isso, as pessoas identificam seus próprios limites”. Talvez, sabendo que existem certos limites nos retornos dos investimentos e na capacidade do investidor em identificá-los, as escolhas seriam mais conscientes e as perdas seriam mitigadas. 

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