Revista Exame

Pix e Open Banking: as transformações financeiras de 2021

A digitalização tomou conta dos hábitos financeiros dos brasileiros na pandemia, abrindo espaço para a adesão a novas soluções

Pandemia do coronavírus acelerou as transformações digitais no setor de pagamentos e transferências (Leandro Fonseca/Exame)

Pandemia do coronavírus acelerou as transformações digitais no setor de pagamentos e transferências (Leandro Fonseca/Exame)

BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05h12.

Última atualização em 17 de dezembro de 2020 às 11h03.

O ano de 2021 promete ser de transformação no setor bancário. Ferramentas que já estão em vigor, como o Pix, e outras prestes a estrear, como o open banking, vão mudar a relação dos brasileiros com suas finanças, ampliando as opções de escolha. Para os grandes bancos, os incumbentes, será o momento de se apropriar das novas soluções junto com competidores nativos digitais.

O Pix, sistema de pagamentos e transferências instantâneas desenvolvido pelo Banco Central, está em vigor há um mês e supera as expectativas: foram mais de 53 milhões de transações. “As pessoas estão usando o Pix principalmente para a transferência entre contas, mas existe um enorme potencial para uso em pagamentos e transações que são feitos em dinheiro”, diz Leandro Vilain, diretor de política de negócios e operações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Mas o Pix conta apenas uma parte da história ­— assim como a pandemia de covid-19, que só contribuiu para acelerar uma tendência que já estava em curso. Ao longo de 2020, mais de 1.000 agências fecharam as portas no país. Em um mundo digitalizado, em que o contato presencial com o cliente se mostrou não mais imprescindível, cortar agências tornou-se uma ação imperativa para reduzir custos.

Em paralelo, as grandes instituições investem em tecnologia para oferecer o que há de atrativo nos concorrentes digitais: é o caso do Itaú Unibanco, que acaba de lançar um app dedicado a investimentos com uma plataforma aberta de produtos. Na estratégia para se manter relevante, vale até se unir a quem era inimigo pouco tempo atrás. É o caso do Bradesco com o Guiabolso, que hoje trabalham juntos no projeto do open banking ­— o banco chegou a processar a fintech para impedir que os dados de seus clientes fossem compartilhados na plataforma pioneira em agregar dados financeiros de diferentes instituições.

“Os maiores bancos já têm uma base sólida de clientes, capital e tecnologia. Agora é entender quais serviços agregar”, diz João André Pereira, chefe do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central. Para o BTG Pactual (do mesmo grupo da EXAME), é um serviço para o cliente de varejo, por meio da nova marca BTG+.

Open banking

O open banking, que entra em vigor em 2021, permitirá a troca de informações de clientes entre instituições financeiras. Inicialmente, a troca será de dados, mas, em fases mais avançadas, bancos poderão usar um ambiente centralizado para fazer transações.

“O open banking vai permitir que cada cliente monte o próprio banco. Ele vai escolher a instituição A, que tem o melhor cartão de crédito, a B, com o melhor crédito consignado, e a C, que tem o melhor financiamento, e juntar tudo isso em um único ambiente”, explica Pereira. Será possível realizar operações em um mesmo aplicativo, acabando com as transferências de uma conta para outra.

A era de prender o cliente com o argumento da comodidade está com os dias contados, ainda que nem todas as soluções fiquem prontas em 2021. Para o consumidor, será a oportunidade de ficar no centro das tomadas de decisão. Para os bancos, será um ano para abraçar as inovações ou de correr o risco de ficar à margem das transformações.

(Arte/Exame)

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