Cerca de 20% dos brasileiros se colocam como satisfeitos com a vida e as finanças; 18% estão infelizes em ambas as áreas (anyaberkut/Getty Images)
André Jankavski
Publicado em 27 de outubro de 2019 às 07h00.
Última atualização em 27 de outubro de 2019 às 07h00.
São Paulo – A vida seria melhor com um salário maior. Porém, esse pensamento que pode ser rotineiro na vida das pessoas – ou em desabafos nas redes sociais – não é tão certo assim. Uma pesquisa realizada pela consultoria CVA Solutions, que ouviu 6.150 pessoas por todo o país, mostrou que as pessoas com renda maior estão mais satisfeitas e felizes com a vida do que aquelas que ganham menos, mas a diferença está longe de ser grande.
A consultoria pediu para que as pessoas avaliassem a satisfação delas com a vida em notas de 1 a 10. Cerca de 54% dos entrevistados que tinham uma renda pessoal acima de 7.000 reais por mês se colocaram como muito satisfeitas (notas 9 e 10). O percentual cai para aqueles com rendimentos entre 2.500 e 7.000 reais (47%) e abaixo de 2.500 (38%).
“Nós observamos que não há uma diferença tão grande no grau de felicidade entre as rendas. Uma pessoa mais pobre também consegue ter uma vida próspera e feliz”, diz Sandro Cimatti, presidente da CVA Solutions.
A insatisfação com a vida (notas de 1 a 6), no entanto, acaba sendo mais acentuada nos mais pobres (26%) do que nos endinheirados (9%). Aqueles que ganham entre 2.501 e 7.000 reais ficam no meio do caminho na infelicidade: 17%.
A pesquisa também levantou o número de pessoas que estão felizes com a sua atual condição financeira. Aí a felicidade baixa – e muito. Cerca de 59% dos entrevistados do grupo dos mais pobres estão insatisfeitos com o valor que tem no banco e em suas carteiras – e 53% deles possuem mais dívidas do que dinheiro poupado.
Nem mesmo os mais ricos estão plenamente tão satisfeitos assim: apenas 41% deles estão plenamente felizes com as suas posses. Para piorar, 24% deram notas de 1 a 6 para as suas contas.
A pesquisa separou os entrevistados em grupos levando em conta a satisfação deles com a vida e as finanças. O maior deles é o de brasileiros plenamente contentados nas duas categorias: 20%. Por outro lado, aqueles que estão infelizes nas duas áreas somam 18%, o terceiro maior grupo.
O que diferencia esses dois grupos? Segundo Cimatti, responsável pela pesquisa, comportamentos positivos ajudam na prosperidade. Ou seja, os livros de autoajuda que dizem para não sermos rancorosos e gratos pela vida, motivados pelos projetos, gentis um com os outros e participar exercícios regulares estão certos, segundo o levantamento.
Na área das finanças, basta exercer o básico: poupar, gastar menos do que ganha, ter objetivos financeiros e conciliar trabalho com a família.
Não à toa, 80% das pessoas mais felizes adotam essas práticas. Nas satisfeitas financeiramente, o percentual de adoção é de 65%. Na outra ponta, cerca de 59% das pessoas que se consideram infelizes tentam ter um comportamento mais positivo e 50% delas buscam ter atitudes mais responsáveis com o dinheiro.
“É fato que o dinheiro ajuda em muita coisa, mas a pesquisa mostra que comportamentos positivos podem ter uma influência maior na felicidade do que a condição financeira”, diz Cimatti.