Contas digitais: Competição com fintechs obrigou os bancos a oferecerem novas soluções (RossHelen/Thinkstock)
Júlia Lewgoy
Publicado em 13 de julho de 2017 às 05h00.
Última atualização em 14 de julho de 2017 às 15h45.
São Paulo - Já imaginou um banco que fala “2017, né, mores”? É o que diz o site da nova conta 100% digital de um tradicional banco brasileiro.
Sem querer ficar para trás, grandes instituições financeiras suspenderam as contas digitais gratuitas para relançar serviços pagos, mais moderninhos, e competir com fintechs como Nubank, Banco Inter e Banco Original.
Em junho, o Bradesco lançou a Next, plataforma digital paga que substituiu a Digiconta, gratuita. Um movimento parecido aconteceu no Banco do Brasil. A instituição suspendeu a BB Conta Digital, sem custos, e lançou a Conta Fácil, com uma modalidade paga, em novembro de 2016.
O Santander apostou na conta pré-paga Superdigital, um relançamento da antiga ContaSuper, em maio.
As novas contas permitem fazer todas as transações no aplicativo, sem agência bancária, e prometem tornar o jeito de lidar com o dinheiro menos complexo e mais transparente, como outras fintechs.
“É fácil encontrar alguém que esteja insatisfeito com seu banco no Brasil. Enquanto as fintechs ganham popularidade, os grandes bancos experimentam usar a mesma receita para sobreviver no longo prazo”, diz o consultor financeiro André Massaro.
Com a competição mais acirrada com as fintechs, as ferramentas e a comunicação dos bancos tradicionais tendem a melhorar, na avaliação de Massaro.
Os bancos Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander já permitem a abertura de qualquer conta corrente pelo celular, sem precisar ir até uma agência física. As grandes instituições também simplificaram seus aplicativos e incluíram ferramentas de controle do orçamento, como outros apps de finanças pessoais.
No entanto, há menos opções nos grandes bancos para quem busca serviços gratuitos. Assim, cresce a necessidade de o consumidor pesquisar custos e serviços. “Conta digital não é mais sinônimo de conta gratuita”, lembra o consultor financeiro.
Além disso, mesmo nas contas correntes tradicionais, é possível realizar muitas transações por aplicativos. Na prática, todas as contas se tornam digitais. “Essa separação entre conta digital e contra presencial não faz mais sentido”, diz a economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim.
A economista recomenda que o consumidor analise detalhadamente os serviços oferecidos e evite pagar pelo que não utiliza. Vale lembrar que todos os bancos oferecem uma conta de serviços essenciais, gratuita, regulamentada pelo Banco Central.
EXAME.com levantou informações sobre custos, cartões, apps e programas de benefícios das novas contas digitais dos grandes bancos, para o leitor avaliar se vale a pena contratar.
O banco Itaú suspendeu a sua conta digital gratuita, a iConta, e não lançou nenhuma nova conta digital até o momento. Somente os clientes “Personnalité” e “Uniclass” têm direito ao atendimento 100% remoto.
A Caixa é o único dos grandes bancos que não tem conta 100% digital.
A seguir, confira uma comparação de custos e serviços das novas contas:
1 - Quem pode ter a conta?
Qualquer um com mais de 18 anos, que peça um convite e grave um vídeo para abrir a conta. O atendimento é feito somente por chat, redes sociais, e-mail ou telefone.
2 - Quanto custa?
A conta mais básica custa 19,95 reais por mês. Dá direito a um cartão internacional de débito e crédito e a saques e transferências para outros bancos ilimitados.
A conta intermediária custa 29,95 por mês. Dá direito, ainda, ao programa de milhas, que acumula um ponto a cada dólar gasto.
A conta mais completa custa 39,95 reais por mês e permite acumular 1,5 ponto a cada um dólar gasto.
Os valores já incluem a anuidade do cartão e é possível reduzi-lo conforme o gasto. Dá para experimentar a conta de graça por cinco meses, até um limite de serviços.
3 - Como é o cartão?
O cartão é internacional, de débito e crédito, da bandeira Visa. Os saques podem ser feitos em caixas da rede Banco24Horas e da rede de autoatendimento do Bradesco.
4 - O que dá para fazer no app?
Organizar vaquinhas e divisão de contas em grupo.
Inserir um limite de gastos no mês.
Ordenar os gastos e ganhos por categorias.
Criar objetivos e agendar investimento automático mensal.
Fazer aplicações somente em fundo de investimento e poupança.
Pegar empréstimo.
Pagar contas e fazer transferências.
5 - Tem programa de benefícios?
Clientes da Next participam do programa de fidelidade Livelo e do programa de descontos Mimo.
1 - Quem pode ter a conta?
Qualquer um com mais de 18 anos. O atendimento é feito por telefone e na agência, se o cliente preferir.
2 - Quanto custa?
A conta tem duas modalidades, uma paga e outra gratuita. A conta gratuita dá direito a um cartão de débito, quatro saques mensais e transferências ilimitadas entre contas BB, mas há limites de saldo de 5 mil reais por mês e de pagamento de 800 reais por dia.
O banco cobra 2,15 reais por saque em terminais de autoatendimento e 18,70 reais por transferências via DOC ou TED para agências de outros bancos.
A conta paga custa 9,90 reais por mês. A tarifa mensal pode ser convertida em bônus para recarga de celular pré-pago. Sem movimentação, a conta é gratuita.
3 - Como é o cartão?
O cartão é de débito, da bandeira Elo. Os saques podem ser feitos em caixas da redes de autoatendimento Banco24Horas, Banco do Brasil e Banco Postal.
4 - O que dá para fazer no app?
Colocar recarga no celular
Ordenar os gastos e ganhos por categorias.
Contratar somente consórcio, seguros e título de capitalização (o app não permite contratar crédito e investimentos)
Pagar contas e fazer transferências.
5 - Tem programa de benefícios?
Clientes da Conta Fácil podem converter a tarifa da conta em bônus de recarga para celular.
1 - Quem pode ter a conta?
Qualquer um com mais de 18 anos. O atendimento é feito somente por chat ou telefone.
2 - Quanto custa?
A conta individual custa 7,90 reais por mês. Dá direito a um cartão físico pré-pago e a cinco cartões virtuais, que podem ser compartilhados .
A conta família custa 11,90 reais por mês. Dá direito a três cartões físicos pré-pagos e a dez cartões virtuais.
Cada saque ou transferência para outros bancos é cobrado à parte e custa 5,90 reais.
De graça, dá para experimentar a conta até um limite de R$ 200 em transações por mês.
3 - Como é o cartão?
Tanto o cartão físico quanto o virtual são internacionais, pré-pagos, com bandeira Mastercard. Os saques só podem ser feitos em caixas da rede Banco24Horas.
4 - O que dá para fazer no app?
Organizar vaquinhas e divisão de contas contas em grupo.
Enviar e pedir dinheiro por chat.
Fazer câmbio em nove moedas.
Colocar recarga no celular.
Recarregar o Bilhete Único em São Paulo.
Ordenar os gastos e ganhos por categorias e tags.
Pagar contas e fazer transferências.
Não dá para pegar empréstimos nem fazer investimentos.
5 - Tem programa de benefícios?
Clientes da Superdigital participam do programa de descontos Santander Esfera e do programa de pontos Mastercard Surpreenda.