George Soros: aposentado, ele perdeu a coroa de gestor do fundo mais rentável da história (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2012 às 13h50.
São Paulo – Um fundo criado por George Soros perdeu a primeira colocação no ranking dos mais rentáveis da história mundial. O Bridgewater Pure Alpha Fund, gerido por Ray Dalio, obteve um lucro de 13,8 bilhões de dólares no ano passado e agora acumula uma rentabilidade de 35,8 bilhões de dólares desde sua constituição em 1975. Isso é mais do que tudo que o mítico Quantum Endowment Fund, do bilionário George Soros, conseguiu lucrar desde 1973 (31,2 bilhões de dólares).
O ranking dos fundos foi elaborado pela LCH Investments, uma empresa do grupo Edmund de Rothschild e publicado no jornal britânico Financial Times. Veja abaixo a lista dos dez fundos de investimento mais rentáveis da história:
Fundo | Lucro líquido do fundo desde a constituição (em bilhões de dólares) | Ano de constituição do fundo |
---|---|---|
Bridgewater Pure Alpha | 35.8 | 1975 |
Quantum Endowment Fund | 31.2 | 1973 |
Paulson & Co | 22.6 | 1994 |
Baupost | 16.0 | 1983 |
Brevan Howard Fund | 15.7 | 2003 |
Appaloosa | 13.7 | 1993 |
Caxton Global | 13.1 | 1983 |
Moore Capital Management | 12.7 | 1990 |
Farallon | 12.2 | 1987 |
SAC | 12.2 | 1992 |
O fundo Bridgewater Pure Alpha administra um total de 72 bilhões de dólares em ativos, o que também é suficiente para lhe garantir o posto de maior hedge fund do mundo. Chamados de fundos multimercados no Brasil, os hedge funds dão ao gestor bastante liberdade para investir em diferentes classes de ativos, como ações, títulos, moedas e derivativos. No ano passado, o Bridgewater Pure Alpha ganhou muito dinheiro com o fortalecimento do dólar ante outras moedas, como o euro.
O fundo é gerido por Ray Dalio, 62, a partir de seu escritório em Connecticut, nos Estados Unidos. O gestor ganhou notoriedade na crise de 2008 ao antever a necessidade de governos e consumidores de países ricos de reduzirem as próprias dívidas. Os resultados dos últimos dois anos foram impressionantes. Além do ganho de 13,8 bilhões de dólares no ano passado, o Pure Alpha já havia obtido valorização de 45% em 2010. Os principais quotistas são fundos de pensão e investidores institucionais.
É pouco provável que o bilionário George Soros recupere o posto de gestor do fundo que mais criou riqueza na história. O bilionário de 81 anos praticamente se aposentou no ano passado, quando decidiu devolver todo o dinheiro dos clientes. Desde então, ele apenas administra a fortuna própria e da família, estimada em 22 bilhões de dólares.
Além de desbancar Soros, Ray Dalio também conseguiu quebrar o recorde de John Paulson, da Paulson & Co, que havia lucrado 11,9 bilhões de dólares apenas no ano de 2007. O resultado alcançado pelo Bridgewater Pure Alpha em 2011 é o maior lucro anual da história da indústria de hedge funds.
Paulson, por sinal, foi o destaque negativo da lista. Seu fundo teve um prejuízo de 9,6 bilhões de dólares no ano passado ao tentar antecipar uma recuperação da economia americana que demorou mais que o esperado para chegar. Quando finalmente as bolsas subiram no início deste ano, Paulson já havia cansado de esperar e vendido posições em ativos de risco, como o Bank of America, realizando um enorme prejuízo. Apesar do ano desastroso que passou, o Paulson & Co conseguiu segurar o posto de terceiro fundo mais lucrativo da história.
Responsável pelo ranking, a LCH é uma empresa que analisa e seleciona fundos de investimento lucrativos e confiáveis para clientes endinheirados. Para investir em um hedge fund no exterior, no entanto, é necessário tomar diversos cuidados. A legislação dos Estados Unidos não obriga os gestores a serem tão transparentes na divulgação do portfólio como no Brasil, o que abre espaço para casos de fraude e pirâmides como a montada por Bernard Madoff.
Quem quiser investir em algum dos fundos que estão na lista dos mais rentáveis da história deveria primeiro conversar com alguma empresa especializada. No Brasil, há diversos gestores especializados em aplicações em fundos de fundos lá fora.
O problema inicial que sempre surge é a burocracia. As regras tributárias para o pagamento de Imposto de Renda sobre os ganhos obtidos no exterior são bastante punitivas com os aplicadores. Muitas vezes, vale a pena abrir uma empresa no exterior, o que implica em mais burocracia e gastos com contadores. Além disso, o Banco Central obriga todos os brasileiros com um patrimônio de ao menos 100.000 dólares fora do Brasil a entregar uma declaração anual de bens.
O investimento no exterior, entretanto, vale a pena quando o real está bastante valorizado e a pessoa acredita que, em algum momento, haverá a reversão dessa tendência. Outra vantagem de investir fora do Brasil é a diversificação. Nos Estados Unidos ou na Europa, o investidor terá acesso a diversas aplicações e fundos que simplesmente não existem por aqui. O investidor, portanto, não fica tão exposto ao risco de um único pais.