Minhas Finanças

Os melhores e os piores investimentos do ano de 2012

Poupança foi a pior aplicação do ano; títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação tiveram o melhor desempenho


	Títulos atrelados à inflação e fundos de ações foram os mais rentáveis em 2012
 (Claudio Jule/SXC)

Títulos atrelados à inflação e fundos de ações foram os mais rentáveis em 2012 (Claudio Jule/SXC)

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Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2012 às 11h30.

São Paulo – A caderneta de poupança foi a pior aplicação financeira em um ano marcado pela queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, e por uma alta de última hora da Bolsa. O destaque do ano ficou por conta dos títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação, as NTN-Bs, que valorizaram entre 12% e 47% no acumulado do ano. Os fundos que investem livremente em ações e aqueles que investem em ações de empresas de baixo valor de mercado, as small caps, também tiveram, na média, valorização formidável, em torno de 20%. Veja na tabela a seguir, os melhores e os piores investimentos de 2012:

Aplicação No ano Fechamento em
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2035) 46,68% 28/12/2012
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2015) 19,85% 28/12/2012
Fundos de ações livres 18,66% 24/12/2012
Fundos de ações Small Caps 18,63% 24/12/2012
Fundos Multimercado Macro 17,97% 24/12/2012
Ouro BM&F 15,32% 27/12/2012
Fundos de ações dividendos 14,99% 24/12/2012
Fundos Multimercado Multiestratégia 14,35% 24/12/2012
LTN (vencimento em 01/01/2014) 14,12% 28/12/2012
NTN-F (vencimento em 01/01/2014) 13,63% 28/12/2012
NTN-B (vencimento em 15/05/2013) 11,95% 28/12/2012
Fundos de ações Ibovespa Ativo 11,36% 24/12/2012
Fundos de Renda Fixa 11,34% 24/12/2012
Fundos Multimercados Juros e Moedas 11,13% 24/12/2012
Dólar comercial 9,43% 28/12/2012
Fundos referenciados DI 8,50% 24/12/2012
LFT (vencimento em 07/03/2013) 8,49% 28/12/2012
Selic 8,40% 27/12/2012
LFT (vencimento em 07/03/2017) 8,36% 28/12/2012
CDI 8,28% 27/12/2012
IGP-M 7,81% 12/2012
Ibovespa 7,40% 28/12/2012
Poupança antiga ** 5,95% 28/12/2012
IPCA (estimativa do Banco Central) 5,73% 12/2012
Poupança nova*** 3,32% 28/12/2012

Fontes: Banco Central, BM&FBovespa, Tesouro Nacional e Anbima.
(*) Últimos 30 dias até a data de vencimento.
(**) Rentabilidade do dinheiro que já estava aplicado na poupança antes do início das novas regras em 04/05/2012 e que ainda rende segundo a regra antiga.
(***) Rentabilidade mensal válida para a nova regra da poupança e medida entre os dias 28/11/2012 e 28/12/2012. Rentabilidade anual calculada entre os dias 04/05/2012 e 28/12/2012.


Poupança tornou-se aplicação menos atrativa

Conforme era a intenção do governo, a caderneta de poupança tornou-se a aplicação menos atrativa de todas em 2012. Em maio, a regra de remuneração foi modificada para que a Selic pudesse ser reduzida. De 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR), a remuneração passou a 70% da Selic mais TR, que atualmente está zerada.

É claro que, para a tabela acima, só foi possível computar a rentabilidade da nova poupança a partir de 4 de maio, quando as regras novas entraram em vigor. Mesmo assim, repare que o segundo pior desempenho foi o da poupança pela regra antiga, que manteve a mesma remuneração de 0,5% ao mês mais TR para os depósitos feitos na caderneta até 4 de maio.

As demais aplicações conservadoras e de alta liquidez, que funcionam como alternativas equivalentes à poupança, também tiveram rentabilidade baixa. Foram as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), títulos negociados pelo Tesouro Direto que seguem as oscilações da Selic, e os fundos DI, cuja rentabilidade média já aparece na tabela líquida de taxas de administração.

Ambas as aplicações renderam mais o menos o mesmo que a Selic, que fechou o ano com acumulado de 8,40%. A taxa nominal atual é de 7,25%. Porém, é preciso ter cuidado com a rentabilidade apresentada pelos fundos DI e LFTs. Dependendo da alíquota de imposto de renda e da taxa de administração cobrada pelo fundo ou pela corretora por meio da qual se acessa o Tesouro Direto a rentabilidade do investimento pode ficar inferior à da poupança. Veja quando a poupança vale mais a pena que os fundos DI e o Tesouro Direto.

Títulos atrelados à inflação brilharam

Para quem pôde investir em aplicações de menor liquidez e um pouco mais sofisticadas, os títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação foram os investimentos com melhor desempenho no ano. Seu valor de face aumentou, pois esses títulos se beneficiam da queda da taxa básica de juros. Parte de sua remuneração é definida no ato da compra do título, e a outra parte está atrelada à inflação.

Com a queda da Selic ao longo do ano – de 11% para 7,25% - a parte prefixada das Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B) emitidas pelo governo foi ficando cada vez menor. Enquanto no início do ano encontravam-se títulos que pagavam entre 4% e 5,5% ao ano mais IPCA, atualmente não se encontram mais títulos que paguem mais de 4% ao ano mais IPCA. No ano passado, as NTN-Bs chegaram a pagar em torno de 6% ao ano mais IPCA.

Por isso, os títulos que pagam taxas prefixadas maiores tornaram-se mais valiosos no mercado. A NTN-B de menor valorização foi a de prazo mais curto, com vencimento em 2013, que teve alta de 11,95%. Já a NTN-B Principal de prazo mais longo, com vencimento em 2035, teve a maior alta de todas, de nada menos que 46,68%.

“O Banco Central fez um corte nos juros maior que o esperado pelo mercado. No final do ano passado, o mercado esperava que 2012 fechasse com uma Selic de 9,5%. Principalmente os papéis de prazo mais longo tiveram um ganho muito grande”, diz o administrador de investimentos Fabio Colombo.


Porém, apenas embolsou essa valorização quem conseguiu comprar e vender os títulos no momento certo, antes do vencimento. Os investidores do Tesouro Direto que costumam segurar seus títulos até o vencimento embolsam apenas a rentabilidade acordada na hora da compra.

A estratégia de especular com títulos públicos para embolsar ganhos tão expressivos quanto os da NTN-B Principal de 2035 podem ser complexas demais para o investidor pessoa física. Mas existem fundos atrelados a índices de renda fixa que investem dessa maneira os recursos dos cotistas. Esses fundos, apelidados de fundos de inflação, procuram seguir os índices chamados IMAs, que estão para a renda fixa como indicadores como o Ibovespa estão para as ações. O IMA-B, índice que corresponde a uma cesta de NTN-Bs de diversos vencimentos, acumulou alta de 24,68% em 2012.

Bolsa tomou fôlego no último mês

O chamado “rali de fim de ano” – alta da Bolsa que costuma ocorrer em dezembro em função de mudanças na composição do Ibovespa e do giro da carteira dos gestores de fundos – salvou o Ibovespa de fechar o ano no zero a zero. Mas o índice não teve exatamente um bom desempenho no ano, e os fundos Ibovespa ativo - que investem em ações do índice sem, no entanto, procurar replicá-lo - tiveram um desempenho apenas mediano.

Quem brilhou mesmo na Bolsa foram os fundos que investem livremente em qualquer ação (não necessariamente no Ibovespa) e os fundos que aplicam em ações de empresas de baixo valor de mercado, as small caps. A razão disso é que o principal índice da Bolsa continuou a sofrer com a crise externa e problemas regulatórios internos, uma vez que ações muito expostas ao mercado externo e à atuação do governo são as que mais pesam em sua composição. Os fundos que estavam livres para investir em ações mais promissoras, ligadas ao mercado interno, como as do setor de consumo, renderam em média algo como 20% no ano.

Segundo o administrador de investimentos Fabio Colombo, o otimismo é generalizado nas Bolsas do mundo. Os motivos seriam o fato de a Europa ter equacionado melhor a crise, que já não estaria dando sinais de piora, e a re-eleição de Barack Obama como um sinal de que a política econômica americana continuará seguindo a mesma linha. Contudo, ele lembra que o problema do “abismo fiscal” – retirada legal dos estímulos fiscais à economia americana – ainda preocupa, como mostraram os fracos desempenhos de Wall Street e das Bolsas europeias no último pregão do ano.

“A alta da Bolsa brasileira em dólares, porém, foi uma das menores, principalmente por causa da Petrobras, uma vez que não houve reajuste nos preços dos combustíveis, e das companhias de energia elétrica, em função da revisão de tarifas e concessões implementada pelo governo”, explica Fabio Colombo.

Quem foi mais ou menos

No espectro intermediário do ranking estão investimentos como os fundos de dividendos, que se viram sacrificados pela crise que acometeu as empresas elétricas em função da Medida Provisória que condiciona a renovação de concessões à redução das tarifas de energia; o ouro, que teve bom desempenho, como em todo ano de crise, mas perdeu força em dezembro, devido ao maior otimismo dos mercados; os fundos multimercados, que conseguiram surfar as tendências de mercado e optar por estratégias vencedoras; e os títulos do Tesouro Direto prefixados e fundos de renda fixa.

O bom desempenho das LTNs e NTN-Fs se deu pelo mesmo motivo que a valorização das NTN-Bs. Seu desempenho, porém, não costuma ser tão alto quanto o dos títulos atrelados à inflação. Já os fundos de renda fixa se beneficiaram da possibilidade de poder investir em quaisquer títulos, valendo-se da possibilidade de especular com títulos prefixados e atrelados à inflação quando a Selic está em queda.

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