Medalha de ouro: Com alta da Bolsa, fundos de investimentos em ações se destacam no mês (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 19h41.
São Paulo - O Ibovespa, principal índice de referência da Bolsa, teve o melhor rendimento do balanço de investimentos de julho, com alta de 5,00%.
Em seguida, os melhores desempenhos do mês foram registrados por fundos de investimentos em ações.
Dentre as aplicações de renda fixa, que são mais conservadoras, o investimento mais rentável foi a Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-f), título do Tesouro Direto cuja remuneração é definida no início da aplicação.
Veja na tabela a seguir o ranking do desempenho de algumas das principais aplicações do mercado em julho e no acumulado de 2014:
Aplicação | Desempenho em julho | Desempenho no ano |
---|---|---|
Ibovespa | 5,00% | 8,39% |
Fundos de ações dividendos* | 4,62% | 9,82% |
Fundos de ações Ibovespa Ativo* | 3,96% | 4,77% |
Fundos de ações livre* | 2,95% | 4,65% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2025)* | 2,04% | - |
Dólar | 1,92% | -4,18% |
Fundos Multimercado Multiestratégia* | 1,56% | 4,85% |
Fundos de Investimento Imobiliário (IFIX) | 1,54% | 2,49% |
LTN (vencimento em 01/01/2018)* | 1,24% | - |
Fundos Multimercados Juros e Moedas* | 1,18% | 5,73% |
Fundos de Renda Fixa* | 1,06% | 6,57% |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2035)* | 1,01% | 16,46% |
Fundos referenciados DI* | 1,00% | 5,88% |
Fundos Multimercado Macro* | 0,97% | 3,19% |
NTN-F (vencimento em 01/01/2017)* | 0,96% | 8,54% |
LTN (vencimento em 01/01/2015)* | 0,94% | 5,91% |
LFT (vencimento em 07/03/2015)* | 0,94% | 5,99% |
Selic* | 0,90% | 6,00% |
CDI* | 0,89% | 5,95% |
LFT (vencimento em 07/03/2017)* | 0,87% | 5,89% |
NTN-B (vencimento em 15/05/2035)* | 0,81% | 12,54% |
NTN-B Principal (vencimento em 15/05/2015)* | 0,75% | 6,76% |
NTN-B (vencimento em 15/05/2015)* | 0,75% | 6,74% |
Poupança antiga* | 0,55% | 3,95% |
Poupança nova* | 0,55% | 3,95% |
NTN-B (vencimento em 15/08/2050)* | 0,39% | 13,23% |
IPCA (estimativa do Banco Central)** | 0,15% | 3,90% |
IGP-M (estimativa do Banco Central)** | -0,37% | 2,07% |
Fundos de ações Small Caps* | -0,53% | -1,05 |
Ouro | -0,53% | 3,31% |
Fontes: Banco Central, BM&FBovespa, Tesouro Nacional e Anbima.
(*) O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
(**) Expectativa de inflação para o mês de junho e para o acumulado em 2014 até julho, segundo o Banco Central.
À exceção dos fundos de investimento imobiliário, os resultados dos rendimentos de todos os fundos da tabela foram fechados no dia 25 de julho, assim como as expectativas sobre o IGP-M e o IPCA.
Os dados sobre a poupança nova e antiga, taxa Selic, o CDI, o ouro, o dólar e os títulos do Tesouro foram fechados no dia 30 de julho. E as rentabilidades do Ibovespa e do IFIX são referentes ao fechamento do dia 31 de julho.
Renda fixa
Com alta de 2,04% no mês, as NTN-Fs com vencimento em 2025 tiveram a melhor rentabilidade da renda fixa.
Conforme explica o administrador de carteira de valores mobiliários Fabio Colombo, a alta desses títulos prefixados pode ser explicada pela expectativa de queda dos juros básicos da economia, que foi bastante aventada ao longo do mês.
"Com a economia fraca, o mercado começou a aventar a possibilidade de redução dos juros, mas no final do mês o Banco Central deu a entender que não faria isso e a curva de juros voltou a acelerar, mas não o suficiente para reverter a alta que esses títulos tiveram no mês", diz Colombo.
Como a NTN-F paga uma taxa de juro já definida no momento da aplicação, quando existe a expectativa de que a Selic pode cair, os títulos comprados anteriormente ficam mais vantajosos, uma vez que a redução da taxa básica pode levar novos títulos a oferecerem taxas de juros menores.
Como esses títulos prefixados já vendidos ficam mais atrativos, a maior procura por esses papéis no mercado eleva sua rentabilidade no mês.
Mas, vale lembrar que esse resultado, de +2,04%, vale apenas para quem comprou e vendeu o título no espaço de um mês. Os investidores que compram o papel com o objetivo de carregá-lo até o vencimento receberão exatamente os juros que são acordados na compra.
As Letras do Tesouro Nacional (LTNs) tiveram o segundo melhor resultado na renda fixa, com alta de 1,24% no mês. Como também são títulos públicos prefixados, a valorização pode ser explicada pelas mesmas razões da NTN-F.
A caderneta de poupança, o investimento mais popular do Brasil, teve um dos piores rendimentos não só na comparação entre aplicações de renda fixa, mas no balanço em geral.
Com a Selic aos 11%, outras aplicações que acompanham a alta da taxa ficam mais vantajosas, enquanto a poupança perde a vantagem porque seu rendimento deixa de ser atrelado aos juros básicos depois que eles passam dos 8,5% ao ano.
Dentre os títulos mostrados na tabela, estão disponíveis para compra: NTN-B Principal (15/05/2035), NTN-B (15/05/2035), NTN-B (15/08/2050), LFT (07/03/2017), LTN (01/01/2018).
Renda variável
O Ibovespa teve o melhor rendimento do mês dentre os investimentos de renda variável, que possuem resultados mais imprevisíveis, com alta de 5,00%.
Para Colombo, a valorização é resultado dos efeitos das pesquisas eleitorais. "Com a oposição tendo chance maior de vitória o mercado vê maior possibilidade de mudanças na política econômica e isso tem animado a Bolsa. A Petrobras e a Vale, por exemplo, tiveram altas acima do índice pois espera-se que os preços dos combustíveis sejam reajustados no futuro, caso a oposição seja eleita", diz.
Ele acrescenta que a alta poderia ter sido ainda maior, mas com as notícias de crescimento do PIB americano, divulgadas no fim do mês, e a consequente perspectiva de aumento dos juros nos Estados Unidos, bolsas do mundo inteiro sofreram quedas.
Isso ocorre porque, com melhores perspectivas no mercado americano, investidores de todo o mundo tendem a direcionar seus recursos ao país, reduzindo posições em outros mercados e assim provocando a onda de quedas.
Outro destaque do balanço foram os fundos de investimentos que aplicam em ações, como os fundos de dividendos, fundos Ibovespa ativo e fundos de ações livre. Os três investimento se valorizaram na esteira da alta da Bolsa.
Cuidados
É importante ressaltar que a análise dos resultados dos investimentos no intervalo de um mês não é suficiente para que seja feita uma decisão consciente sobre qual aplicação escolher.
O balanço pode ser uma boa medida para acompanhar o andamento dos investimentos de forma sistemática, mas não deve ser o único parâmetro de avaliação do investidor.
Conforme brinca o professor William Eid, da Fundação Getúlio Vargas, investir olhando no retrovisor é fácil, mas pode ser uma estratégia furada, afinal, como diz um dos principais lemas das finanças pessoais: rendimento passado não é garantia de retorno futuro.
"É muito fácil mandar uma ordem de compra para o corretor observando os investimentos que mais renderam no mês, mas não adianta nada fazer isso", diz Eid.
Para ele, o investidor deve pensar no longo prazo, sobretudo se quiser aplicar na Bolsa.
"Quem já está na Bolsa deve ficar e quem quer entrar deve olhar no longo prazo. A Bolsa está com uma volatilidade impressionante e temos turbulência pela frente. Além das eleições, temos previsões pessimistas sobre o PIB. Um investimento não pode ser olhado mês a mês, tanto faz se subiu ou desceu em um prazo curto, quem investe deve ter visão longo prazo", diz o professor.