Minhas Finanças

Os fundos de renda fixa mais rentáveis

Aplicações concentradas em títulos atrelados à inflação foram as campeãs de rentabilidade em 2011 - uma tendência que se mantém para este ano

Fundos que investem em títulos públicos que protegem o investidor do dragão da inflação se destacaram em 2011

Fundos que investem em títulos públicos que protegem o investidor do dragão da inflação se destacaram em 2011

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2012 às 18h46.

São Paulo – Os fundos que aplicam em papéis atrelados à inflação foram os mais rentáveis da categoria de renda fixa em 2011. A consultoria Economática realizou um levantamento dos dez fundos que registraram as maiores rentabilidades no ano passado (veja os resultados na tabela abaixo e a metodologia da pesquisa no final desta reportagem). Todos eles, sem exceção, investem primordialmente em títulos públicos que garantem um retorno equivalente à inflação pelo IPCA mais uma taxa de juros (as NTN-B, ou Notas do Tesouro Nacional série B).

Nome Classificação Anbima Empresa gestora Taxa de administração (% ao ano) Rentabilidade em 2011 (%)
HSBC FI RF LP Precos Renda Fixa HSBC Gestao de Recursos Ltda 0,50 17,79
Sul America Inflatie FI RF LP Renda Fixa Índices Sul America Investimentos 0,40 17,06
BTG Pactual IPCA FI RF Renda Fixa Índices BTG Pactual 1,00 16,48
Caixa FIC Novo Brasil Ima B RF LP Renda Fixa Índices Caixa 0,20 15,95
FI Caixa Brasil Ima B Tp RF LP Renda Fixa Índices Caixa 0,20 15,60
Caixa FIC Patrimonio Ind Precos RF LP Renda Fixa Caixa 0,30 15,16
Jpm Real Rates FI RF Renda Fixa Índices Jpmorgan Asset Management 0,40 15,12
FI Caixa Brasil Ima B 5 Tp RF LP Renda Fixa Índices Caixa 0,20 15,11
FIC Vot Inflation RF Renda Fixa Índices Votorantim Asset 0,50 15,09
Bradesco FI RF Ima B Renda Fixa Índices Bram Bradesco Asset Management SA Dtvm 0,20 14,85

O objetivo de cada um dos líderes do ranking varia bastante, mas a maioria busca bater a rentabilidade do IMA-B, um índice de títulos públicos atrelados à inflação criado pela Anbima (a associação de bancos e fundos de investimento). O IMA-B é constituído por uma cesta de NTN-B com diversos prazos de vencimento (atualmente entre 7 meses e 33 anos) e registrou uma valorização de 15,11% no ano passado - algo bem acima da média das aplicações de renda fixa.

Em geral, as NTN-B se destacam em rentabilidade quando existe no mercado a expectativa de que a inflação será alta. Nesse cenário, os investidores buscam proteção nesses papéis porque eles garantem que não haverá a corrosão do poder de compra pela inflação e ainda pagam uma taxa de juros real superior a 5% (neste momento).

Para bater a valorização de 15,11% do IMA-B em 2011, os líderes do ranking precisaram comprar títulos públicos nos prazos que se valorizaram mais – no caso, aqueles com os vencimentos mais curtos. Outra possibilidade é que o gestor tenha se antecipado à decisão do Banco Central de cortar os juros em agosto lucrando também com títulos prefixados que, na época, pagavam juros substancialmente maiores que os atuais.


2012

Para Marcelo Saddi, diretor da SulAmérica Investimentos e responsável pelo segundo fundo de renda fixa mais rentável de 2011, neste ano os papéis atrelados à inflação devem continuar a se destacar em termos de rentabilidade. O gestor acredita que as NTN-B terão uma rentabilidade superior à Selic média do ano – projetada por ele em 9,7%.

Ao longo de 2012, a economia deve começar a reagir aos estímulos do governo (queda de juros, redução dos depósitos compulsórios dos bancos e cortes de impostos), gerando mais inflação. Mesmo nesse cenário, a maioria dos analistas acredita que o BC não seria tão rígido com o aumento dos preços e continuaria a tolerar uma inflação mais próxima ao centro da meta, como no ano passado.

Para quem concorda com essas colocações, a forma mais fácil de investir em títulos indexados à inflação é por meio de fundos. Na lista dos dez mais rentáveis de 2011, há apenas dois que estão abertos apenas a investidores qualificados e exigem dos poupadores um patrimônio mínimo de 300.000 reais em aplicações financeiras. Alguns dos demais, no entanto, não são quase nada restritivos. O SulAmérica Inflatie FI RF LP, por exemplo, exige uma aplicação inicial mínima de 25.000 reais e movimentações subsequentes a partir de 5.000 reais.

Investir nos melhores fundos de 2011 também não é caro. A taxa de administração média é de apenas 0,39% do dinheiro investido ao ano. Se o gestor alcançar uma rentabilidade superior à meta do fundo, entretanto, é provável que seja necessário pagar também uma taxa de performance.

Já o investidor que prefere investir em títulos públicos diretamente também pode fazê-lo por meio do Tesouro Direto. A ferramenta desenvolvida pelo governo federal permite que as pessoas físicas comprem papéis do Tesouro por meio de uma corretora. Algumas instituições não cobram taxas para intermediar a compra dos papéis, mas será necessário desembolsar cerca de 0,3% ao ano para remunerar a custódia dos títulos (clique aqui e veja como investir).


Para Saddi, os papéis mais indicados para investimento são as NTN-B com vencimentos mais longos (mais de cinco anos). Ele acredita que esses títulos protegem os investidores de avanços inflacionários e ainda embutem taxas de juros interessantes. Os papéis também registraram um desempenho inferior aos mais curtos no ano passado - um movimento que pode se reverter agora.

É importante notar que, se a estratégia estiver errada e houver uma forte revisão para baixo nas expectativas de inflação do mercado, esses papéis deverão sofrer mais que os curtos. No entanto, Saddi aposta no oposto disso. Ele acredita que a economia brasileira tende a gradualmente caminhar para patamares de juros e inflação mais parecidos com os de países desenvolvidos. Dentro de alguns anos, portanto, dificilmente o investidor terá a chance de comprar um título público que pague IPCA mais 5,5% ao ano – garantindo um bom lucro a quem tiver se antecipado a esse cenário.

Metodologia

O estudo dos fundos de renda fixa mais rentáveis de 2011 foi realizado com exclusividade para EXAME.com por Einar Rivero a partir de uma consulta à ferramenta de fundos da consultoria Economática. O levantamento considerou quatro categorias de fundos: Referenciado DI, Renda Fixa, Renda Fixa Índices e Renda Fixa Crédito Livre. Para apresentar nos resultados aplicações em que qualquer pessoa pode investir, foram excluídos da pesquisa os fundos exclusivos e aqueles com menos de 100 quotistas.

O levantamento também desconsiderou os fundos com menos de um ano de vida, os inativos e aqueles com patrimônio inferior a 50 milhões de reais. A Economática informou ainda que os fundos que não tinham algum dado disponível na base da Economática/Anbima tiveram de ser eliminados.

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