Open-banking: estudo aponta uma elevação média na capacidade de pagamento mensal do consumidor (anyaberkut/Getty Images)
Karla Mamona
Publicado em 14 de abril de 2022 às 08h48.
O open banking, novo sistema do Banco Central, permite o compartilhamento de dados bancários entre as instituições financeiras. A implementação do sistema teve início em fevereiro de 2021 e a última no final do mês passado. Nesta última fase, haverá compartilhamento de dados de serviços de informações relacionadas a outros serviços financeiros, como credenciamento, câmbio, investimentos, seguro e previdência.
Para os consumidores, o novo sistema do BC traz uma transparência e maior controle sobre as informações financeiras. Além disso, estimula a competição entre as instituições e o surgimento de novos produtos e linhas de crédito.
Outra vantagem será a inclusão de novos consumidores no mercado de crédito. Uma pesquisa realizada pela Serasa Experian apontou que o open banking pode incluir 4,6 milhões de pessoas no mercado de crédito e injetar R$ 760 bilhões na economia. O estudo foi realizado com uma amostra de 15 mil pessoas de diversas regiões do país.
“O open banking consegue abranger outros tipos de pagamentos creditícios, que o cadastro positivo, não consegue, como pagamento de conta de luz, água, planos de saúde. Isso é um benefício para quem não consegue ter acesso adequado ao mercado de crédito”, explicou Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa.
A Serasa acredita que o open banking é complementar ao cadastro positivo. “O open banking não irá acabar com o cadastro positivo. Podemos pensar em uma sequência. Primeiro, surgiu os dados negativos, seguido cadastro positivo e agora temos o open banking. É um amadurecimento do mercado.”
Rabi afirmou ainda que o open banking traz informações mais claras sobre o perfil dos consumidores e com isso será possível oferecer linhas de crédito mais adequadas, com taxas de juros e prazos de pagamento mais atrativos. Entre os beneficiados estão, por exemplo, os microempreendedores individuais, que no momento de tomar crédito, usam tanto o CPF, como pessoa física, ou a pessoa jurídica. “Com o perfil mais claro, a facilidade será maior.”
O estudo apontou ainda uma perspectiva de elevação média na capacidade de pagamento mensal do consumidor, passando de R$ 929 para R$ 1.391, ou seja, um aumento de 49%. A alta pode ser explicada como reflexo da clareza de avaliação de pagamento do consumidor.
Ao analisar a inclusão de novos consumidores no mercado de crédito por região, os dados apontam que o aumento será maior na região Norte do país, seguido pelo Nordeste, Sudeste, Sul e Centro Oeste. Veja tabela abaixo:
Ao analisar as faixas etárias da população atreladas à capacidade de pagamento, o estudo identifica que a maioria delas ganham um aumento no valor médio da renda com os dados personalizados do Open Banking e do Serasa Score.
Para as pessoas de até 25 anos a alta é de 95,9% (passando de R$ 540,00 para R$ 1.057,00), para aqueles que possuem idade entre 25 e 40 anos o aumento é de 45,7% (de R$ 987,00 para R$ 1.437,00), já entre a população de 41 a 60 anos existe um crescimento de 27,3% (de R$ 1.508,00 para R$ 1.921,00).
Apenas na população de mais de 60 anos de idade há queda (10,4%). Ou seja, a capacidade de pagamento diminui devido à identificação de vários pagamentos de despesas básicas (contas de água, luz, telefone, planos de saúde, entre outras.) que passam a ser mais bem conhecidas pelo sistema.