(Rmcarvalho/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 6 de maio de 2020 às 17h01.
Última atualização em 29 de agosto de 2020 às 00h00.
As previsões para as taxas de juros e inflação caíram desde a eclusão da crise provocada pelo novo coronavírus. Segundo o boletim Focus, é esperado que a Selic encerre o ano em 2,75% e, o IPCA, em 1,82%, muito abaixo da meta do governo para a inflação, de 4%. Nesse cenário de baixa inflação e juros baixos no curto prazo, em quais títulos do Tesouro Direto é indicado investir agora?
Veja abaixo as indicações de Odilon Costa, analista de crédito da EXAME Research:
Vale a pena manter aplicar agora em títulos mais curtos. Apesar do cenário de queda da inflação e da Selic para os próximos meses já ter sido precificada no valor do título, na visão de Costa o prêmio de risco se manteve relativamente elevado por conta da crise no cenário político.
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O título está sendo negociado a 4,82% ao ano – cerca de 175% do CDI, quando considerada a Selic de 2,75% projetada pelo boletim Focus. O juro paga uma taxa real atualmente de 2%, o dobro da paga pelo Tesouro Selic. "É necessário apostar que a inflação ficará menor pelos próximos 12 meses a 18 meses. Caso esse cenário se concretize, o risco de volatilidade do título diminui muito até o vencimento".
Estes títulos são a melhor opção para proteção contra a inflação. Além do IPCA, estes títulos remuneram uma taxa real prefixada. A remuneração paga por esse título segue elevada e em linha com a média histórica do país (3% ao ano). A taxa de juros real do título é de 3,35% ao ano – cerca de três vezes o esperado para o Tesouro Selic este ano. Há algum risco de volatilidade desses títulos. Ou seja, caso o dinheiro precisa ser resgatado antes do vencimento, isso deve ser considerado. "Ele é mais indicado para objetivos de mais longo prazo e de preferência devem ser carregados até o vencimento", diz Costa.
Já no caso de títulos mais longos (2035 e 2045), a inflação mais baixa tende a pressionar a rentabilidade nos próximos meses, principalmente por conta de uma eventual piora na crise política. Por este motivo não é recomendado aplicar neles agora. Apesar de o Tesouro IPCA+ 2035 pagar taxas maiores do que o Tesouro IPCA+ 2026, segundo Costa ainda não compensa o risco adicional desses títulos. Títulos com vencimento em 2035 e 2045 podem ter o dobro de volatilidade do vencimento em 2026.
O Tesouro SELIC (LFT) continua sendo uma alternativa para formação da reserva de emergência, principalmente por conta de sua liquidez imediata. Mas consideradas as projeções do Focus, o ganho real do título tende a ser inferior a 1% ao ano até o final de 2020.
Portanto, é indicado agora reduzir o porcentual desses títulos na carteira de investimentos de renda fixa. Caso o invesidor queira aplicar esse porcentual em títulos públicos, deve alocar um porcentual maior da carteiraem títulos indexados à inflação, contanto que o objetivo da carteira seja gerar renda para objetivos de longo prazo.