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Onde investir em setembro

Em um cenário ainda incerto da pandemia é aconselhável aplicar em segmentos mais resilientes

Debêntures incentivadas, CRIs, CRAs e fundos com menor volatiilidade são indicados por especialistas (Unsplash/Divulgação)

Debêntures incentivadas, CRIs, CRAs e fundos com menor volatiilidade são indicados por especialistas (Unsplash/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 18h00.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 20h35.

No início de um novo mês e diante de uma pandemia com final ainda incerto, o investidor que revisitar sua carteira pode se perguntar o que fazer com o dinheiro agora. Afinal, para manter a rentabilidade da carteira com uma taxa Selic em 2% ao ano, é necessário correr mais riscos.

Mas o nível de risco vai depender do perfil de investidor e objetivos da aplicação, diz Juliana Machado, analista de fundos da EXAME Research. "O perfil do investidor não é estático. Desde a aplicação no título ele pode ter modificado. Tem a ver com momento de vida, capacidade financeira, idade e também experiência. Isso o torna apto para aplicar em produtos mais arrojados."

Além de buscar mais risco em novas aplicações, na pandemia muitos ativos tiveram grandes oscilações de preços, como as ações. Nesse cenário, pode ser necessário equilibrar o portfólio de investimentos já existente. "Não vale a pena fazer mudanças pequenas, mas balancear novamente a carteira quando ela de fato foge muito do perfil de risco do investidor. Não é uma amarra, mas uma régua", conclui Machado.

Veja abaixo algumas opções de onde colocar o dinheiro no mês de setembro:

Tesouro Selic

Por causa da crise provocada pela pandemia, muita gente pode ter usado parte de sua reserva de emergência. O momento pode ser uma boa oportunidade para recompor os valores.

Para esse objetivo, a melhor opção continua sendo o Tesouro Selic, ainda que a taxa de juro esteja baixa. A recomendação é que a reserva de emergência seja equivalente a seis ou 12 vezes a renda mensal.

Tesouro IPCA

Se o investidor tem um perfil mais conservador e objetivos de longo prazo pode comprar um título Tesouro IPCA, disponível na plataforma do Tesouro Direto.

Mesmo que os juros tenham diminuído bastante, o Tesouro IPCA 2035 e 2045 ainda oferece uma taxa de juro real generosa em relação a outros países, considerando que na compra do título há apenas o risco de o governo não pagar a dívida, algo considerado baixo apesar da piora da política fiscal.

Atualmente, o Tesouro IPCA com vencimento em 2026 paga IPCA mais 2,46%. Ou seja, somente a porção prefixada do título rende mais do que a Selic. É necessário, contudo, lembrar que esses títulos são marcados a mercado diariamente e seus preços podem oscilar. Mas, caso sejam levados até o vencimento, essa será a taxa de rendimento da aplicação.

A previsão é que a economia possa reagir à crise a partir do ano que vem. Como consequência, a inflação pode voltar a subir. Nesse cenário, estar posicionado no título é atrativo.

Debêntures incentivadas, CRIs e CRAs

Uma opção mais rentável do que o Tesouro IPCA e que também podem ser indexadas à inflação são as debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda, que pagam IPCA mais uma taxa prefixada.

A preferência deve ser por ativos de segmentos mais resilientes à crise, diz Leonardo Frisoni, head de alocação da Convexa Investimentos. "Costumamos indicar CRIs e CRAs de setores mais resilientes, como frigoríficos, como os da Minerva, e relacionados ao agronegócio. Entre as debêntures, damos preferência a empresas de segmentos como infraestrutura e energia elétrica."

Muitas empresas estão emitindo debêntures, CRAs e CRIs com prêmios considerados atrativos pelos analistas. É possível encontrar títulos que pagam IPCA + 4%. Ou seja, apenas com a parte prefixada é possível ter uma rentabilidade maior do que a da Selic.

Mas é necessário analisar cada título para diluir riscos. Uma opção, aconselha Frisoni, é optar por um fundo de debêntures. "A aplicação vai alocar em 30 ou 40 papéis diferentes. Mas o mais importante é alocar a porção do portfólio nesse investimento adequada ao perfil, para evitar surpresas. Em ambos, há o risco de crédito adicionado à carteira, já que não têm garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC)."

Fundos multimercado com baixa volatilidade

Caso o investidor perceba que seu perfil de risco seja moderado, ou seja, seu portfólio permita alocar pelo menos uma porção do dinheiro em aplicações mais arriscadas, como forma de obter uma maior rentabilidade, é possível optar por fundos multimercado com baixa volatilidade. "É uma maneira de investir com um risco controlado na classe de ativo", diz Juliana Machado, da EXAME Research.

Um fundo com baixa volatilidade pode ter vários tipos de estratégia. A diferença é que ele toma menos risco em mercados de dívida, ações e moedas. "Aconselhamos que sejam buscados não os que fazem apostas direcionais, como se a Selic ou o dólar vão subir ou cair, mas apostas relativas", diz Frisoni, da Conexa. "Por exemplo, que esperem que uma cesta de moedas tenham um desempenho melhor do que outra. Ou que um segmento de ações se recupere melhor da crise do que outro."

Fundos de ações

Fundos que investem em ações também podem ser uma opção. Machado, da EXAME Research, indica estratégias long biased, long & short e long only.

Fundos long only têm somente posições compradas em ações, enquanto os long biased se dividem em posições compradas e vendidas, lucrando tanto com a alta quanto com a baixa do mercado. Já fundos long & short também funcionam como os long biased, com a diferença de que operam com pares de ativos iguais.

O importante é ver se o fundo apresenta resultados consistentes, diz Machado. "Diante do excesso de liquidez no mercado financeiro, muitos fundos reabriram ou reduziram a aplicação mínima. Então, o novo mês pode ser uma oportunidade para entrar em fundos que antes não eram acessíveis ao pequeno."

Fundos que investem no exterior

Fundos que investem lá fora — ETFs, fundos multimercado ou ações do tipo "Investimento no exterior" — também podem ser interessantes para diversificar a carteira. A diversificação no exterior deve ser encarada como uma proteção. Isso porque têm uma baixa correlação ou correlação negativa dos ativos que o compõem. 

Quanto maior a alocação em ações brasileiras, maior deve ser a fatia de investimentos lá fora, diz Frisoni, da Convexa. "Essa fatia do portfólio é uma proteção contra uma queda dos ativos. Quanto maior o apetite por risco, maior deve ser a diversificação dos ativos."

O dólar alto não deve ser impeditivo para realizar investimentos lá fora agora. Quando se trata de proteções, não é aconselhável tentar buscar o melhor momento de entrada e saída. O essencial é incluí-la no portfólio e buscar fazer um preço médio, aplicando periodicamente.

 

 

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