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Onde investe o fundo de ações mais rentável de 2010

Ações da Dasa, Dufry, Porto Seguro e OHL são as principais posições dos fundos da Skopos, que renderam quase 50% no ano passado

Trecho da rodovida Fernão Dias, da OHL: Skopos gosta das ações da empresa (EXAME)

Trecho da rodovida Fernão Dias, da OHL: Skopos gosta das ações da empresa (EXAME)

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Da Redação

Publicado em 5 de janeiro de 2012 às 20h03.

Nada é mais importante para um fundo de investimentos do que seu histórico de desempenho - ou "track record", no jargão do mercado financeiro. Ainda que a rentabilidade passada não seja garantia de lucros futuros, quem tem dinheiro em mãos prefere contratar os serviços de gestão de recursos de quem consegue consistentemente bater a média do mercado, seja na renda fixa ou na bolsa. Entre os fundos de ações, poucas casas brasileiras possuem um "track record" tão interessante quanto a Skopos (veja o histórico na tabela abaixo). Lançado em 2001, o primeiro fundo da asset acumula uma valorização de 1.538,8% (já descontadas as taxas anuais de administração), contra uma alta de 354,2% acumulada pelo Ibovespa na década passada. Em 2010, quando o Ibovespa subiu apenas 1%, o fundo se destacou ainda mais. Segundo os dados publicados no site Como Investir, da Anbima (a associação dos bancos de investimento e gestoras de recursos), nenhum fundo de ações foi melhor que o da Skopos (clique aqui e veja o ranking).

Ano Rentabilidade do fundo Skopos BRK FIC FIA Ibovespa
2001 44,73* -11
2002 46,43 -17
2003 33,51 97,3
2004 46,72 17,8
2005 17,56 27,7
2006 53,24 32,9
2007 36,69 43,7
2008 -44,78 -41,2
2009 97,45 82,7
2010 47,03 1
Fonte: Skopos e Bovespa    
*Acumulado entre maio e dezembro    

Em entrevista concedida a EXAME.com, Fernando Spnola, da Skopos, afirma que os sócios do fundo buscam investir em bons negócios, que possuem um bom time de gestão e são negociados em bolsa a um bom preço. Assim como no ano passado, as maiores posições do fundo estão atualmente aplicadas em Dasa, Dufry, Porto Seguro e OHL. Ele afirma, no entanto, que as ações brasileiras já não parecem baratas como as americanas, por exemplo. Leia abaixo os principais trechos da entrevista, concedida por e-mail:

EXAME.com - Qual é a filosofia de investimentos da Skopos? Qual é a principal característica que diferencia o trabalho de vocês de outras assets?

Spnola - Nosso principal objetivo é gerar retorno absoluto investindo em ações. Gerimos um portfólio relativamente simples que pode ser dividido em dois grupos: posições long (compradas) e posições short (vendidas). No lado comprado, temos uma carteira concentrada composta de cinco a sete posições em empresas com as seguintes características: bom negócio, bom time de gestão e bom preço. Do lado short (vendido), possuímos posições de curto prazo em empresas específicas e podemos proteger o portfólio vendendo contratos futuros do índice. Mas é importante ressaltar que grande parte da nossa performance vem do nosso portfólio comprado. Aprendemos muito com outros gestores e tentamos melhorar um pouquinho todos os dias. O gestor ideal seria uma mistura de Bruno Rocha [Dynamo] com Luis Stuhlberger [CSHG] e que trabalhasse 60 anos gerindo dinheiro de terceiros. Vamos tentar fazer isso.

EXAME.com - O que fez o resultado de 2010 ser tão bom? Quais foram as principais posições ganhadoras?

Spnola - Obviamente, estamos felizes com um resultado tão positivo num período de tempo relativamente curto. O correto posicionamento setorial, uma excelente performance das companhias (influenciada por méritos da gestão e por um ambiente de negócios favorável) e uma certa dose de sorte combinaram-se para compor um resultado incomum. Nossa estratégia recente, implantada no final de 2009, está baseada em dois pontos principais: 1) busca de maior previsibilidade; e 2) redução da exposição líquida do fundo. As principais posições no ano passado foram Dasa, Dufry, Porto Seguro e OHL.


EXAME.com - Qual é a expectativa para a bolsa em 2011? Que setores e ações são vistos com mais otimismo?

Spnola - Não temos expectativas para desempenho da bolsa e desconfiamos muito de quem acha que sabe para aonde o mercado vai. Mas as ações brasileiras já não são as mais baratas. Nosso custo de oportunidade, o CDI, é um dos mais altos do mundo. Parece mais óbvio um americano comprar ações nos EUA do que um brasileiro comprar ações no Brasil. Nossa posição permanece igual, não divulgamos as posições vendidas e elas são muito pequenas, liquidas e de curto prazo.

EXAME.com - No site oficial, a Skopos diz que adota um "ativismo positivo". O que seria exatamente isso? No conselho de que empresas há representantes da Skopos? Vocês realmente participam do processo de reestruturação de empresas e participam das decisões estratégicas?

Spnola - Como temos um horizonte de investimento longo e um processo de análise que dura meses e que pode levar anos até que tenhamos uma posição grande em uma companhia, acabamos ficando próximos da gestão, o que nos possibilita a troca de idéias, opiniões e experiências sobre determinados assuntos. Um assento no conselho de administração faz com que este processo seja muito mais eficiente. Essa é a nossa postura nos conselhos: agregar valor em áreas específicas sem ambição de controlar nada. Com relação às pessoas que representam a Skopos e outros investidores minoritários, em alguns casos indicamos sócios da Skopos e em outros casos pessoas com algum conhecimento específico e que julgamos serem mais indicadas para uma determinada companhia, dependendo das necessidades de cada negócio. Não buscamos negócios para reestruturação e atuamos como conselheiros independentes no interesse das companhias, em decisões estratégicas ou não.

EXAME.com - O fundo já apareceu na mídia engajado em causas como a melhoria das regras do Novo Mercado. Essa é uma preocupação constante?

Spnola - Sempre damos muito peso para a questão de governança, mas acreditamos que a melhor proteção é estar aliado a pessoas honestas e competentes.

EXAME.com - O Pedro Luiz Cerize é o principal sócio da Skopos?

Spnola - Sim, o Pedro é o sócio fundador. Atualmente, a empresa é uma "partnership" com sete sócios.

EXAME.com - Como surgiu a ideia de montar a asset? Como o fundo conseguiu obter consistentemente ganhos bastante elevados em todos anos desde o início das operações (com exceção de 2008)? Quais foram as posições mais vencedoras ao longo desses dez anos?

Spnola - O Pedro foi o trader de bolsa no BBA-Creditanstalt de 1997 a 2000. Ele mantinha contato com gestores de hedge funds americanos que investiam no Brasil e viu que havia muito pouca gente fazendo isso aqui e que, mais cedo ou mais tarde, essa indústria teria que crescer. Quem saísse na frente teria alguma vantagem. Nossos maiores acertos foram em Caemi, Industrias Romi, Fosfertil, Porto Seguro, OHL, Dasa e Ultrapar, entre outras.

EXAME.com - Quanto dinheiro vocês administram?
Spnola - Atualmente gerimos 1,8 bilhão de reais.

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