São Paulo - O rotativo do cartão de crédito, o maior vilão para os consumidores, pode estar com os dias contados —pelo menos como ele é hoje. A reformulação do produto vem sendo estudada pela Abecs (associação das empresas de cartões), que deve apresentar propostas nos próximos meses. Mas, na prática, o que isso significa?
Segundo especialistas ouvidos por EXAME.com, a notícia é positiva para os consumidores, já que a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito é de 450% ao ano, em média, a maior entre todas as modalidades. Para os bancos, o produto pode não estar compensando mais, diante do aumento da inadimplência, o que prejudica a imagem das instituições.
"Estamos com duas consultorias contratadas para analisar a mudança do rotativo. Não queremos gerar impacto no dia-a-dia das pessoas", diz Ricardo de Barros Vieira, diretor executivo da Abecs. "Estudamos várias frentes, mas a mais forte é a restrição no tempo de permanência no produto a 60 ou 90 dias", completa.
O diretor explica que a modalidade foi criada para atender às "urgências" dos consumidores, que precisassem de crédito pré-aprovado por poucos dias. Mas, na prática, muitos acabam utilizando o produto com frequência, como uma muleta financeira, até se tornarem inadimplentes.
O rotativo é uma linha de crédito pré-aprovada que é contratada pelo cliente automaticamente quando ele paga um valor abaixo do total devido no cartão de crédito —e pelo menos o pagamento mínimo (15%) da fatura. A proposta estudada pela Abecs é de que o consumidor fique nesta modalidade por 60 ou 90 dias, no máximo, e depois disso o saldo devedor seria migrado a uma linha de crédito com juro menor.
"Vamos apresentar algumas soluções à indústria, e esta deve ser uma delas. Não podemos impor que as empresas aceitem o que for sugerido, mas acreditamos que a aceitação será grande", diz Vieira. A Abecs representa cerca de 96% do mercado de cartões no país.
Para Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro, a substituição do rotativo após 60 ou 90 dias por uma linha de crédito com juro menor pode beneficiar os bancos. "Quando o consumidor é considerado inadimplente por mais de 90 dias, isso afeta negativamente o índice de Basileia [indicador que determina o limite da carteira de crédito de uma instituição financeira] deles", diz.
Já o consumidor deve manter o cuidado: "mesmo a modalidade com juro menor, que entraria no lugar do rotativo, pode não caber no bolso dele", alerta a planejadora financeira Eliane Tanabe.
Consciência
Para não cair em uma enrascada e se complicar financeiramente, seja no rotativo do cartão ou em outra modalidade de crédito, especialistas recomendam utilizar esses produtos com consciência. "É como bebida alcoólica, tem que ter moderação", ressalta Calil.
"Quando o consumidor vai fazer alguma compra muito grande, como financiar um carro ou uma casa, ele normalmente estuda bastante como será o pagamento disso. Com o cartão, porém, ele não pensa muito no futuro, já que as compras são 'pequenas'. Com isso, amplia a chance de não conseguir pagar a fatura lá na frente", diz Eliane.
A primeira coisa que é preciso fazer, segundo a plenejadora financeira, é tentar mudar esse comportamento. "Muitas vezes fazemos compras irracionais, pensando que precisamos comprar um presente ou precisamos comprar uma determinada roupa, mas nem sempre essas compras são, de fato, uma necessidade."
É preciso identificar quais são os gastos obrigatórios e necessários primeiro para depois, então, saber quanto vai sobrar de dinheiro para os gastos voluntários, explica Eliane.
Segundo Calil, da Academia do Dinheiro, antes de tomar um crédito, o consumidor tem que considerar também utilizar recursos que ele pode ter em outras aplicações. "Muita gente tem um pouco de dinheiro na poupança, por exemplo, mas prefere tomar um crédito e pagar juros em vez de resgatar o valor parado na caderneta", diz.
Se for mesmo o caso de recorrer a um empréstimo, vale buscar pelas modalidades mais baratas, como o consignado —com desconto em folha de pagamento. "Parcelar no cartão de crédito é uma alternativa apenas se utilizada com consciência. Lembre-se de que este é um valor disponível para urgências e, com as parcelas, ele fica comprometido", finaliza Eliane.
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1. Chega de desculpas
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São Paulo - Não consegue economizar ou vive no
cheque especial, mas nunca encontra tempo para colocar as finanças em ordem? A pedido de EXAME.com, Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira e autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos", criou um plano de 14 dias para quem deseja melhorar o
orçamento.
É necessário realizar apenas uma tarefa por dia durante duas semanas para mapear a situação financeira. O objetivo é controlar gastos e poupar para atingir metas pessoais, como a compra da casa própria, por exemplo. As dicas foram baseadas nas orientações compiladas por Cerbasi no livro "Como Organizar sua Vida Financeira", que será relançado em setembro desse ano. Conheça a seguir o plano de 14 dias para quem deseja se preparar contra eventuais imprevistos que tenham impacto no orçamento:
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2. 1º dia: organize comprovantes de renda e despesas
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Calcule sua renda líquida mensal (já livre de eventuais descontos, como impostos) e os gastos realizados no último mês. Separe-os em grupos, como alimentação, saúde, moradia e lazer. Caso não tenha o registro de todas as despesas realizadas nesse período, inicie um monitoramento de entradas e saídas de dinheiro durante os próximos 30 dias, arquivando diariamente os comprovantes em uma pasta. O plano de ação para melhorar o orçamento deverá ser iniciado após essa análise.
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3. 2º dia: analise os gastos
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3/16 (ThinkStock/Nastco)
Se souber lidar com planilhas eletrônicas, como o Excel, ou
aplicativos que ajudam a gerenciar gastos, use essas ferramentas para se organizar. Caso não tenha o costume de utilizar esses recursos, relacione todos os seus gastos em um caderno e identifique onde você está gastando mais do que imaginava.
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4. 3º dia: planeje sua rotina para monitorar o orçamento
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4/16 (pressureUA/Thinkstock)
O ideal é que você não perca muito tempo com essa atividade. Prefira estratégias simples, como arquivar comprovantes por tipo de gasto e dedicar uma hora por mês para atualizar o seu orçamento.
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5. 4º dia: faça uma relação de todas as suas dívidas
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Crie uma lista na qual você relacione todas as suas dívidas. Em cada uma, é necessário apontar o valor total do saldo devedor, o valor da prestação mensal (quando houver), nome do credor e o Custo Efetivo Total (CET) de cada linha de crédito. O CET mostra todos os encargos incluídos na dívida e é a melhor forma de analisar as taxas cobradas. Organize essa lista a partir da dívida mais cara para a mais barata, usando o CET como critério para esse ranking.
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6. 5º dia: defina seus objetivos financeiros
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Crie uma lista de sonhos e objetivos pessoais que você pretende alcançar nos próximos seis meses, em um ano e após cinco anos. Faça as contas de quanto precisará poupar para alcançá-los.
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7. 6º dia: faça uma lista de corte de gastos
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Relacione todas as economias que você se propõe a fazer, com base na análise de seu orçamento, identificação do total de parcelas mensais de suas dívidas e o quanto gostaria de poupar. Trocar o carro atual ou até o próprio imóvel por outro mais em conta é uma estratégia eficaz. As metas devem ser relacionadas por escrito.
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8. 7º dia: se comprometa a aumentar sua renda
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Defina, por escrito, valores que você pretende levantar no curto prazo, seja vendendo bens que não usa e, se possível, realizando horas extras ou bicos. Defina um prazo para esse período, para que não se torne uma rotina. O ideal é executar esse objetivo durante três a quatro meses, no máximo.
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9. 8º dia: negocie dívidas
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9/16 (Thinkstock/Creatas Images)
Com base no seu plano de corte de gastos e aumento de ganhos, calcule quanto poderá gerar nas próximas semanas ou meses e entre em contato com seus credores para quitar as dívidas com CET acima de 2% ao mês e/ou substituir as dívidas mais caras por outras de CET mais baixo, com o objetivo de reduzir seu gasto com juros. Assuma prestações que você consiga pagar com tranquilidade, para não correr o risco de cair em dívidas não planejadas (
veja 10 passos para negociar sua dívida com o banco). Uma boa estratégia é vender bens de alto valor, como o carro.
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10. 9º dia: estude investimentos
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Analise investimentos oferecidos pelo banco no qual você tem conta e por outras instituições financeiras. Dedique uma ou duas horas para entender como funciona cada aplicação financeira (
veja 10 livros essenciais para quem quer começar a investir). Preencha um questionário para identificar seu perfil de investidor.
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11. 10 º dia: defina metas de poupança
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11/16 (James Thew/Thinkstock)
Faça planos de quanto começará a poupar por mês assim que liquidar suas dívidas, caso tenha débitos que não foram planejados. Passe a poupar somente quando suas dívidas se limitarem a financiamentos planejados, com prestações que caibam confortavelmente no orçamento.
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12. 11º dia: escolha uma aplicação para a aposentadoria
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12/16 (ChickiBam/Thinkstock)
Marque uma reunião com um corretor de seguros para discutir o melhor plano de previdência para seu perfil ou busque uma aplicação financeira que seja mais adequada para objetivos de longo prazo (
veja 8 verdades que você deve encarar sobre a aposentadoria). Comprometa-se a iniciar as contribuições somente depois de quitar suas dívidas.
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13. 12º dia: automatize seus investimentos
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13/16 (Anatoliy Babiy/Thinkstock)
Ao iniciar aplicações e começar a guardar dinheiro, prefira que os depósitos mensais sejam feitos por débito automático. A ferramenta reforça a necessidade de ter disciplina, essencial para o sucesso de seu plano.
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14. 13º dia: organize documentos e senhas
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14/16 (gpointstudio/Thinkstock)
Com o planejamento definido, tire um tempo para organizar documentos do banco e guardar senhas de cartões, por exemplo. Defina também uma data a cada seis meses para que você estude as aplicações que seu banco oferece e possa compará-las com as de outras instituições financeiras.
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15. 14º dia: planeje o orçamento futuro
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15/16 (Thinkstock)
Para ter disciplina, você precisa saber o resultado de cada passo. Planilhas são recomendadas porque permitem projetar gastos futuros, incluindo consumo em datas festivas, para que você veja quanto dinheiro irá acumular e quando irá conseguir atingir seus objetivos financeiros. Tenha como hábito pensar no futuro e ajustar o orçamento atual quando ocorrer algum desequilíbrio.
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16. Agora veja 15 formas de controlar o seu orçamento
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16/16 (Raul Júnior/VOCÊ SA)