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O que o Corinthians e a Libertadores ensinam ao investidor

As 7 lições sobre investimentos inspiradas nas estratégias do time no campeonato

Não adianta se agarrar a um mau investimento; antes de perder mais, saia (Miguel Schincariol/Placar)

Não adianta se agarrar a um mau investimento; antes de perder mais, saia (Miguel Schincariol/Placar)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 10h32.

São Paulo - Depois de 12 anos sem ganhar um “mata-mata” da Copa Libertadores, o Corinthians superou o tabu das oitavas de final e é um dos favoritos para levantar a taça. As apostas certeiras do time estão estampadas em discursos de torcedores e nos meios de comunicação. E, a despeito das controvérsias sobre o que vai acontecer daqui para frente, a campanha do Corinthians no campeonato até o momento é mais do que suficiente para uma boa lição de finanças.

Veja abaixo sete pontos da relação Corinthians-Libertadores que podem ser aplicados aos seus investimentos:

1. Melhor defesa e segundo melhor ataque na primeira fase da Libertadores

O Corinthians teve a segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores. Foi a melhor defesa da competição, com apenas dois gols sofridos e o segundo melhor time no ataque, com 13 gols.

O time não tem uma grande estrela no ataque ou na defesa, mas no conjunto tem um elenco bom e equilibrado. E o técnico Tite faz questão de reforçar que os bons desempenhos são resultados do trabalho em equipe.

No mercado financeiro, diversificar as aplicações ajuda a conseguir rentabilidade ao mesmo tempo em que se gera proteção contra grandes perdas. Fundos com maior força de ataque geram maiores resultados, mas manter também uma aplicação com posição mais defensiva é essencial para não ter saldos negativos.

“Se um investidor aplica apenas em renda variável para ter mais retorno, ele pode precisar resgatar o dinheiro em um momento ruim da bolsa e ter prejuízos”, explica Paulo Bittencourt, diretor técnico da Apogeo.

Não colocar todos os ovos na mesma cesta, escolher ações mais defensivas (boas pagadoras de dividendos e de empresas com demanda inelástica), não concentrar todos os papéis no mesmo setor, aplicar em ações e papéis de renda fixa que preservam o poder de compra perante a inflação, e manter algum dinheiro aplicado em renda fixa conservadora e de alta liquidez são algumas formas de balancear ataque e defesa e se resguardar contra tempos difíceis. Os gols sofridos de um lado serão compensados por uma quantidade maior de pontos marcados do outro.

2. Tite tem se mostrado paciente, mas não resignado

Depois da eliminação no Paulista, Tite tirou o goleiro Júlio César e o atacante Liedson dos últimos jogos. Júlio falhou contra a Ponte Preta e o atacante não tem marcado gols. Ainda assim, eles continuam sendo testados pelo técnico, como na segunda partida contra o Emelec, quando Liedson entrou em campo no segundo tempo. Uma demonstração de paciência do técnico.

Em contrapartida, em março o contrato do jogador Adriano foi rescindido. Em um ano, ele participou de oito partidas e marcou apenas dois gols. E ainda causou grandes prejuízos: o time custeou um tratamento caríssimo para o tendão do jogador, que não surtiu resultados porque ele faltou em muitas sessões. Nada de resignação.

Nos portfólios de investimentos, alguns ativos não trazem retornos e é difícil avaliar até que ponto se deve aguardar a performance antes de fazer uma substituição. Investidores de sucesso dizem que a postura paciente é essencial, mas até certo ponto, para que não se transforme em passividade.


Segundo Bittencourt, a maneira de chegar o mais próximo de tomar a decisão correta é avaliar continuamente os resultados dos investimentos. Assim, ainda que não seja possível prever se a ação irá se valorizar de novo, o investidor estará mais tranquilo por ter tomado uma decisão embasada.

Ou seja, de tempos em tempos - seis em seis meses, anualmente - reavalie seus investimentos e rebalanceie sua carteira. E se uma perspectiva de ganho não render os gols esperados, mesmo após a sua demonstração de paciência, não se apegue ao jogador "perdedor", para não arrastar o time para o buraco.

3. Time se sentiu lesado pela arbitragem, mas superou e se concentrou nos objetivos

Na primeira partida contra o Emelec, inúmeras foram as críticas dos corintianos à arbitragem. Com desvantagem numérica - Jorge Henrique foi expulso aos 6 minutos -, o time paulista sucumbiu ao nervosismo e se desestabilizou.

Mesmo se o investidor sente que está sendo lesado é importante manter a calma e não reagir de maneira passional. Procurar um culpado e contestá-lo por uma tomada de decisão, não muda o que já foi perdido.

É importante lembrar que muitas vezes fatores alheios ao comportamento do gestor, por exemplo, podem estar em jogo.

“Na área de investimento é comum existir uma relação de amor e ódio. Quando a pessoa não consegue o que quer culpa alguém e isso complica a tomada de decisão. O investidor tem que ser objetivo”, defende Paulo.

Com Tite deu certo. Antes da partida de volta contra o Emelec ele pediu aos jogadores concentração. “Temos que estar concentrados em vencer. Essa indignação tem de ser transformada em trabalho”. Resultado: Corinthians nas quartas de final.

4. Corinthians aprendeu com os erros do Campeonato Paulista

Tite declarou que a eliminação do time nas quartas de final do Paulista serviu para suprimir algumas falhas do time para a Libertadores. “Experiência não se adquire em livro. Temos que aprender em cima dessas fases diferentes”, afirmou o técnico.

Muitas vezes é difícil prever o desempenho de uma aplicação, e um objetivo muitas vezes será contraposto por uma circunstância. Mas os erros cometidos em um investimento podem ajudar a evitar outros.

Anne Scheiber, uma funcionária pública dos Estados Unidos, alcançou um patrimônio de 22 milhões de dólares a partir de uma aplicação de 5.000 dólares em ações. Antes disso, aos 38 anos, ela havia perdido tudo o que tinha depois de pedir ao irmão corretor que cuidasse de suas aplicações. Foi dez anos mais tarde que ela iniciou o investimento que a tornaria milionária. O segredo, segundo ela, foi ter passado a fazer todas as decisões a pessoalmente. O erro induziu o acerto.


5. Time não deixou o tabu das oitavas de final atrapalhar

“Estatística não vence, municia de alguma forma, mas não credencia ninguém a ser vencedor”, defendeu Tite antes do clássico que lhe garantiu a passagem às quartas de final.

Primeiramente, um tabu não tem comprovação científica, fato que já seria suficiente para que as decisões não fossem tomadas em virtude do trauma.

No mercado financeiro é comum que investidores se ancorem em fatos passados. “Muitos têm uma experiência favorável e se viciam naquela estratégia. Mas um fato histórico pode ser irrelevante diante do cenário atual”, ressalta o diretor técnico da Apogeo.

O time do Corinthians em 2000, data da eliminação traumática contra o Palmeiras, não é o mesmo de hoje. E o tabu das oitavas não livrou o Emelec da derrota.

As trajetórias, portanto, devem ser avaliadas, colocadas em questão, mas não devem determinar uma decisão. Tanto é fato, que esta orientação é expressa em todos os prospectos de investimentos credenciados na Comissão de Valores Mobiliárias (CVM): rentabilidade passada não garante rentabilidade futura.

6. A composição atual do Corinthians inclui jogadores experientes

Os principais jogadores do Corinthians são experientes: Danilo, Emerson Sheik, Chicão e Alessandro.

A opção por investimentos em empresas que já estão no mercado há algum tempo pode ser muito interessante. Muitas vezes elas apresentam resultados mais consolidados e têm a vantagem de seu histórico poder ser consultado. “Como no caso de um jogador experiente, que não sofre tanto com a pressão da torcida, uma empresa mais tradicional pode ser mais resistente a movimentos adversos”, pondera Paulo Bittencourt.

O raciocínio inverso também vale: investir em um jogador estreante pode ter custos baixos, mas os riscos são altos. As ações de uma empresa que acabou de estrear na Bolsa, de uma empresa jovem ou pré-operacional também podem ser subvalorizadas, mas são mais arriscadas por não ter análise prévia ou histórico de resultados, dependendo do caso.

O investidor pode até dar sorte no investimento em um IPO - Oferta Pública Inicial de Ações, na sigla em inglês –, como o Santos com o Neymar. Mas, na dúvida, melhor ficar com um bom e experiente Chicão.

7. Tite apostou em Cássio somente depois de avaliar de perto a trajetória do goleiro

O técnico corintiano apostou e deu certo. Quem assistiu aos últimos jogos pôde notar a boa atuação do goleiro que “desfalcou” Julio César. Boas substituições normalmente são resultados de um bom estudo. Tite acompanhou a evolução de Cássio, prestando muita atenção no goleiro nos treinos antes de torná-lo titular. As ações que estão fora da carteira podem e devem ser observadas. Assim, se o investidor precisar substituir um ativo, ele terá elementos para tomar uma decisão mais consistente.

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