Minhas Finanças

O que fazer com seu dinheiro aos 20 anos

Especialistas dizem que jovens podem obter mais retornos ao investir em sua formação do que em uma boa aplicação financeira

Sonhar com dinheiro: aproveite enquanto ainda não tem grandes responsabilidades para poupar e investir (Thinkstock/aarestt)

Sonhar com dinheiro: aproveite enquanto ainda não tem grandes responsabilidades para poupar e investir (Thinkstock/aarestt)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 9 de maio de 2016 às 09h38.

São Paulo - Os primeiros salários e bolsas de estágio têm um gostinho especial e podem parecer uma fortuna para quem só recebia mesadas e ainda mora com os pais. A tentação de gastar tudo é grande, mas guardar uma parte, mesmo que bem pequena, pode ser essencial para alcançar objetivos e realizar sonhos – além de ganhar mais dinheiro no futuro.

Quem começa a economizar já aos 20 anos tem mais facilidade para manter esse hábito para o resto da vida, como explica Thiago Alvarez, sócio-fundador do aplicativo de controle financeiro GuiaBolso. “Não importa quanto você consegue juntar ou o que fará com esse dinheiro. Poupar tem que ser como escovar os dentes."

Alvarez recomenda investir 15% do salário todo mês em uma aplicação financeira para controlar a tentação de gastar tudo e ainda obter um bom retorno com o tempo. Futuramente, esse valor poderá ser usado para pagar uma viagem de férias, um curso ou o computador novo, por exemplo.

“O lado bom de desenvolver maturidade financeira aos 20 anos é que quanto mais cedo se começa, mais fácil é criar essa cultura de investir e mais o dinheiro vai render”, diz o professor Wilson Marchionatti, coordenador do Estúdio de Finanças da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Porém, ser responsável com o dinheiro tem seu preço. Às vezes, por exemplo, você terá de abrir mão da viagem de Ano Novo com os amigos para seguir seu planejamento financeiro. “Não é tão atrativo postar no Facebook que você está estudando enquanto os outros estão viajando, ou que você conseguiu economizar no mês. Mas você colherá os frutos lá na frente”, orienta Marchionatti.

O professor de finanças Liao Yu Chieh, do Insper, lembra que quem mora com os pais pode ter mais facilidade ainda para poupar parte da renda e investir. Por mais que o estágio pague menos do que um emprego, como as despesas são menores é mais fácil fazer o dinheiro sobrar. “Com o excedente, dá para comprar o presente e o futuro. Investir não é deixar de gastar, é comprar o futuro”, diz Chieh.

Invista em hobbies e sonhos para ter dinheiro no futuro

Não basta aplicar seu dinheiro para ter uma situação financeira confortável lá na frente. Aos 20 anos, investir em você pode ser mais valioso do que em qualquer aplicação financeira. “Busque um hobby superavitário. Faça aquilo que você gosta de fazer gerar algum dinheiro”, aconselha Chieh, do Insper.

Dê aulas sobre um assunto que você domina, venda algo que você faça e se dedique àquilo você faz bem e tem paixão. Esses hobbies e habilidades podem se transformar em rendas extras – e até na sua renda principal – no futuro.

Ser curioso e se informar ao máximo sobre tudo que você tem interesse também são hábitos que podem render oportunidades mais para frente. “Estude algo com o que você se identifica, mesmo que você não enxergue uma utilidade”, incentiva o professor de finanças.

Investir na formação profissional e pessoal é o melhor que você pode fazer aos 20 anos, na opinião da professora Liliane Segura, pesquisadora do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica. “É inviável guardar muito dinheiro nessa idade. É melhor investir no que pode ser útil para ganhar dinheiro depois.”

Viajar a outros países, seja para estudar ou apenas para conhecer outras culturas, é um bom exemplo do tipo de investimento que pode gerar bons frutos no futuro. “É hora de correr riscos e investir nos sonhos. Deixe para pensar na aposentadoria depois”, sugere Liliane.

É bom lembrar, no entanto, que quanto antes você começar a investir com foco na aposentadoria, mais fácil será a tarefa de garantir uma vida financeira confortável no futuro.

Por mais que você comece investindo pouco, ao investir cedo é possível acumular um bom patrimônio sem fazer grandes esforços, já que no longo prazo o efeito dos juros compostos é capaz de transformar pequenos valores em grandes fortunas.

Comece pela poupança e depois migre para outros investimentos

Para quem está começando a entender o mundo dos investimentos e tem pouco dinheiro para aplicar, a rentabilidade da aplicação escolhida é menos importante do que a disciplina de investir todo mês. Quando o valor investido é baixo, as diferenças de rentabilidade entre um investimento e outro podem não passar de alguns poucos centavos.

Por isso, até juntar cerca de 500 reais, Alvarez, do GuiaBolso, sugere aplicar na poupança, que apesar de ter baixa rentabilidade, aceita depósitos de qualquer valor, permite resgatar o dinheiro em qualquer momento e não sofre desconto de Imposto de Renda (IR).

Depois de acumular 500 reais na poupança, Alvarez sugere transferir o dinheiro para um fundo DI, que pode render mais do que a poupança. Esse investimento também permite sacar os recursos a qualquer momento, mas suas desvantagens são a taxa de administração e o desconto de IR.

Marchionatti, da PUC-RS, sugere outras alternativas, que têm a mesma segurança do que a poupança e podem oferecer maior rentabilidade, como os CDBs e os títulos públicos pós-fixados (veja as aplicações indicadas para quem está começando). Porém, até que o investidor iniciante pesquise sobre as aplicações e entenda suas diferenças, a poupança é a opção mais indicada.

O professor de economia Orlando Fernandes, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), lembra que aos 20 anos dá para correr mais riscos com aplicações, já que o investidor tem menos responsabilidades e não tem pressa para ganhar dinheiro. Assim, para quem consegue juntar um valor mais alto e tem vontade de conhecer a fundo o mercado financeiro, ele sugere investir em ações.

“Toda a parte burocrática para investir na bolsa está bem mais simples do que já foi, e essa geração acostumada com a internet tem mais facilidade para operar”, diz Fernandes. Mas lembre que as ações são um investimento de risco e nem todo mundo tem perfil para esse tipo de aplicação.

Liliane, da Mackenzie, já não aconselha jovens a entraram no mercado de ações: "Não vale a pena. O risco de perder dinheiro é muito alto e tem que ter muito conhecimento”, opina. 

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