Minhas Finanças

O que acontece com o seu dinheiro se Temer sair?

As incertezas no cenário político afetam diretamente o seu bolso. Veja como se proteger e onde investir

Crise no governo Temer: É hora de controlar os gastos e investir em renda fixa (Ueslei Marcelino/Reuters)

Crise no governo Temer: É hora de controlar os gastos e investir em renda fixa (Ueslei Marcelino/Reuters)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 18 de maio de 2017 às 14h25.

Última atualização em 18 de maio de 2017 às 16h56.

São Paulo - As últimas revelações envolvendo o presidente Michel Temer e os irmãos Batista, da JBS, mudaram o pano de fundo para recuperação da economia. O governo Temer está por um fio. Se ele deixar a presidência, como isso afeta o seu bolso e os seus investimentos? O que fazer para planejar suas finanças e se proteger do que vem pela frente?

Ninguém tem certeza do que vai acontecer com o presidente Temer, que já afirmou que não vai renunciar. Se ele sair do governo, pode ser por cassação pelo TSE ou impeachment. O certo é que, enquanto isso, as votações no Congresso ficam paralisadas e a incerteza aumenta.

Confira a seguir como proteger o seu dinheiro e onde investir diante desse novo cenário:

1) Controle seu orçamento

O nível de incerteza sobre o rumo que o Brasil vai tomar voltou para o mesmo patamar de antes do impeachment de Dilma Rousseff. “O personagem mudou, mas o momento é tão ou mais delicado”, explica a economista Juliana Inhasz, professora da graduação de Economia do Insper.

Até então, os economistas esperavam que as reformas fiscal, trabalhista e previdenciária fossem aprovadas no Congresso ainda este ano, o que poderia contribuir para a retomada do crescimento da economia em 2018, diante da perspectiva de um governo menos endividado. Agora, o foco do Congresso muda e a recessão econômica se alonga.

“Este não deve ser mais o ano em que as reformas acontecerão e 2018 não deve ser mais o ano da recuperação”, explica a economista. Assim, o desemprego deve se manter alto ou aumentar ainda mais, as restrições de acesso ao crédito devem continuar e você terá que pisar no freio.

Mais do que nunca, é hora de organizar o seu orçamento pessoal e não gastar mais do que você ganha. Se possível, também é momento de cortar gastos e manter uma reserva financeira de emergência, para usar se você for demitido, por exemplo.

2) Não assuma novas dívidas

Diante de tanta incerteza, não é momento para assumir grandes gastos futuros, como orienta a superintendente comercial da Gradual Investimentos, Emanuelle Serra. Se houver chance de você ser demitido ou ter sua renda reduzida, é melhor esperar para comprar o carro, a casa ou a viagem.

Os bancos devem continuar restringindo o acesso ao crédito. Além disso, a taxa Selic, referência para os juros praticados no mercado, que vinha caindo de forma brusca depois das últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), não deve cair tanto como era o esperado. “Acabou a euforia com os juros caindo. Agora é melhor esperar para entrar em um financiamento”, orienta a economista Juliana Inhasz.

3) Invista em renda fixa atrelada à Selic

Está fora do barco dos investimentos e quer embarcar nele? Fuja da volatilidade da renda variável neste momento. Para evitar o risco de perder dinheiro, prefira investimentos de renda fixa que acompanham a taxa Selic, como o Tesouro Selic, os CDBs e os fundos simples.

As taxas dos investimentos atreladas à Selic são pós-fixadas, ou seja, elas variam durante o período em que o dinheiro está aplicado, mas o investidor pode estimar sua rentabilidade e se beneficiar se os juros sobem.

4) Fuja das taxas prefixadas

Até então, investir em renda fixa com taxas prefixadas era bastante recomendado pelos consultores financeiros, que esperavam quedas bruscas da taxa Selic. Agora, a recomendação mudou.

Diante do novo cenário, taxas prefixadas se tornam mais arriscadas. Apesar de o investidor saber exatamente a rentabilidade que irá receber ao comprar um título prefixado, dificilmente a taxa, pactuada no momento da aplicação, será maior que a Selic no momento do resgate. Se os juros sobem, o investidor deixa de ganhar.

Prefira investir em títulos de renda fixa atrelados à inflação, mais adequados para objetivos de longo prazo, ou à taxa Selic, mais indicados para quem quer ter um dinheiro à disposição para resgatar a qualquer momento.

5) Não faça movimentos bruscos na renda variável

Se você já aplica em renda variável, não é o momento para fazer grandes movimentações e mudanças de estratégia.

“Neste momento, devemos evitar decisões precipitadas. Para quem está dentro do barco, não é hora de sair”, aconselha Emanuelle Serra, da Gradual Investimentos.

6) Evite comprar dólares nos próximos dias

O dólar disparou nesta quinta-feira (18) e deve se manter em patamares altos nas próximas semanas, apesar da volatilidade. Por isso, não é momento de comprar dólar se você tem uma viagem marcada ao exterior. “Espere os próximos dias e depois compre aos poucos”, sugere a consultora financeira Emanuelle Serra.

Uma forma de quem vai viajar se proteger da volatilidade da moeda é investir em fundos cambiais, que protegem o dinheiro da variação do dólar e mantêm o poder de compra.

*Matéria atualizada após o anúncio do presidente Michel Temer de que não vai renunciar. 

Acompanhe tudo sobre:Delação premiadaDinheiroGoverno TemerInvestimentos-pessoaisJBSJoesley Batistaplanejamento-financeiro-pessoalrenda-fixarenda-variavel

Mais de Minhas Finanças

Mega-Sena sorteia prêmio de R$ 3,5 milhões nesta quarta-feira

Fila do INSS sobe e chega a quase 1,8 milhão; aumento em três meses é de 33%

Mega da Virada 2024 inicia apostas com prêmio recorde de R$ 600 milhões

Influenciadoras de Wall Street: como elas estão democratizando as finanças pessoais