Minhas Finanças

O melhor plano financeiro para quem mora só

Os prós e os contras de viver sozinho e os melhores investimentos para quem não tem como dividir as despesas

Em dez anos, percentual de domicílios com um morador subiu de 8,6% para 12,1%. (Urbane Apartments/Creative Commons)

Em dez anos, percentual de domicílios com um morador subiu de 8,6% para 12,1%. (Urbane Apartments/Creative Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2011 às 06h12.

São Paulo – O percentual de pessoas que moram sozinhas cresceu no Brasil nos últimos anos, evidenciando a ascensão de uma nova estrutura domiciliar. Sem ter com quem dividir as despesas fixas, os solitários precisam redobrar a atenção com as finanças e a dedicação profissional. Enquanto alguns gastos pesam mais, outros são bem menores que os das famílias, ou até inexistentes, conferindo àqueles que não têm dependentes uma capacidade maior de poupança.

Segundo o último Censo do IBGE, de 2000 a 2010 o percentual de domicílios com apenas um morador passou de 8,6% para 12,1%, puxado principalmente pelo envelhecimento da população que, com mais qualidade de vida, pode prescindir de morar com o restante da família. Mas jovens que se casam mais tarde, solteiros convictos e divorciados engrossam essa estatística.

Quem vive só precisa dar uma atenção diferenciada às finanças. Por um lado, a capacidade de poupança é maior e o consumo é mais flexível que no caso das famílias; por outro, algumas despesas pesam mais no orçamento, composto apenas de uma fonte de renda.

A preocupação em se gastar menos do que se ganha e fugir de dívidas de juros altos deve ser redobrada. Em relação aos investimentos, o ideal é não correr muito risco, pois quem é sozinho não pode se dar ao luxo de ter perdas significativas de patrimônio. A seguir, os pontos que jogam contra e a favor de cada perfil de solitário, e a forma adequada de investir para cada um:

Jovens solteiros

As pessoas hoje em dia se casam mais tarde, e frequentemente deixam a casa dos pais antes de dividirem o teto com um companheiro. A renda de quem tem até 35 anos ainda é baixa em comparação aos profissionais mais maduros, tendendo a crescer ao longo dos anos.

Despesas que merecem atenção: gastos mais elevados com lazer (viagens, passeios e refeições fora de casa podem ser rotineiros), educação (aprimoramento profissional) e financiamentos de longo prazo para a compra de imóvel ou carro, que podem pesar na renda mensal. Mudanças profissionais radicais podem ser benéficas para expandir as oportunidades futuras, mas normalmente causam um baque na renda atual.

Pontos a favor: poucas despesas com saúde, largo horizonte profissional e possibilidade de pensar no longo prazo. Mesmo que o percentual poupado da renda não seja alto, o tempo de acumulação é longo o suficiente para que sejam possível formar um bom colchão, tanto para imprevistos imediatos quanto para a aposentadoria.


Onde investir: Poupar todos os meses entre 10% e 30% da renda. O primeiro passo é formar, com investimentos conservadores, uma reserva de emergência suficiente para manter as despesas por um período de seis a doze meses. “Quem tem volumes mais reduzidos a aplicar deve ficar na caderneta de poupança”, aconselha o planejador financeiro Fernando Meibak.

Formada essa reserva, tudo que for poupado a partir de então pode ser direcionado à renda variável, na forma de ações ou fundos de ações, de maneira a formar a reserva da aposentadoria. “Não sou muito favorável a fundos multimercados, pois você não sabe exatamente onde está aplicado”, diz o administrador de investimentos Fabio Colombo.

Quem tiver perfil mais conservador, pode optar pela renda fixa na forma de títulos públicos, via Tesouro Direto. “Eu gosto muito dos títulos de longo prazo atrelados ao IPCA, principalmente levando-se em conta que a tendência do juro real no Brasil é cair”, diz Meibak, referindo-se às NTN-Bs.

Porém, que se a intenção for guardar dinheiro para alcançar um objetivo em prazo determinado, como a compra de um carro ou uma viagem, deve ser feita uma outra poupança, de médio prazo, que também priorize a renda fixa conservadora.

Recém-divorciados

O baque nas finanças nos primeiros anos após o divórcio pode ser grande. “Ao morar separado, o casal passa a duplicar os gastos”, lembra o planejador financeiro Fernando Meibak. Com tempo e algum trabalho, porém, as finanças se ajustam ao novo padrão de vida. Lembre-se que é possível morar num imóvel menor ou mesmo para uma vizinhança onde o custo de vida seja mais baixo.

Despesas que merecem atenção: os custos com o processo do divórcio, a duplicação de gastos com moradia e eventuais problemas financeiros decorrentes da partilha dos bens. Se o divórcio ocorrer na meia idade, o padrão de consumo já será elevado e precisará, num primeiro momento, sofrer uma redução. Sofrem mais as mulheres que dependiam financeiramente do marido e não sabem lidar com as finanças, os endividados e os desempregados, que nessa fase podem ter dificuldade de se recolocar no mercado.

Pontos a favor: na meia idade, maturidade profissional e renda mais alta que na juventude. Se os filhos já forem adultos, a vida solo significa também ausência de dependentes. Com a maior expectativa de vida do brasileiro, ainda há bom tempo de acumulação pela frente.

Onde investir: aqui valem as mesmas regras da juventude, mas na meia idade, o ideal é reduzir o percentual dos investimentos destinado à renda variável. Fabio Colombo aconselha algo entre 20% e 30%, sendo o restante voltado para a renda fixa conservadora. Mas quem se divorciou sem um colchão de emergência deve começar por aí.


Terceira idade

O crescimento da proporção de solitários foi maior nas cidades que apresentam envelhecimento mais acentuado da população, como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde o percentual de domicílios com apenas uma pessoa passou de 11% para 15%. As pessoas hoje vivem mais e com mais saúde, muitas vezes podendo morar sozinhas após o divórcio ou a morte do companheiro.

Por isso mesmo é importante dividir a chamada terceira idade em pelo menos dois grupos: os de idade menos avançada, ao redor dos 60 anos, e os de idade mais avançada, quando a saúde começa a se deteriorar mais. “Esse grupo vai ter menos despesa com lazer e mais com saúde, por exemplo. Agora, uma pessoa de 65 anos ainda tem total disposição, é um idoso diferente, com interesses mais próximos dos jovens”, diz Fernando Meibak.

Despesas que merecem atenção: saúde, saúde e saúde. Os custos com saúde são definitivamente os mais pesados nessa fase da vida, em que os planos de saúde são mais caros e o uso de medicamentos se torna contínuo. A idade mais avançada pode ainda requerer cuidados especiais de empregados, cuidadores e enfermeiros. Para os idosos de idade menos avançada, os gastos com lazer, viagens e prazer pessoal frequentemente assumem um papel importante.

Pontos a favor: a maior qualidade de vida possibilita muitos idosos a continuarem trabalhando, num mercado que abre cada vez mais as portas para profissionais mais experientes e qualificados. A aposentadoria do INSS, embora minguada, serve, nesses casos, como complementação de renda. Soma-se a isso uma redução com as despesas fixas com a família e, na fase mais avançada, uma queda significativa nos gastos com lazer e entretenimento. Aposentados podem ainda se mudar para cidades com custo de vida mais baixo, ou mesmo vender o imóvel próprio para liberar uma reserva e pagar aluguel, desde que a rentabilidade da reserva compense a nova despesa.

Onde investir: idosos podem investir todo o seu patrimônio em renda fixa conservadora. É claro que quem tem renda mais elevada, mantém-se no mercado de trabalho ou tem bastante tempo livre pode optar por investimentos mais emocionantes e divertidos, como o mercado de ações ou de imóveis. A experiência nesse tipo de investimento, acumulada ao longo dos anos, também conta. Mas sempre se lembrando de não se expor excessivamente aos riscos. Veja a melhor maneira de investir em ações para quem está na terceira idade.

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