Minhas Finanças

O jeito mais rápido de vender seu imóvel

A venda de imóveis em leilões pode demorar menos de um mês, mas a desvantagem financeira pode não compensar; veja como funciona a negociação

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de dezembro de 2013 às 17h47.

São Paulo – A venda de um imóvel pode durar meses ou até anos. Mas, quem tem pressa pode conseguir agilizar o processo ao colocar o imóvel à venda em um leilão. Desde o contato com a empresa até a finalização da venda o procedimento costuma demorar entre 25 e 60 dias, segundo a Zukerman Leilões e a Fidalgo Leilões, duas das maiores casas de leilões do Brasil.

Apesar da rapidez na negociação, nos leilões os imóveis são vendidos com grandes descontos. Por isso, é importante avaliar com cuidado se de alguma forma a rapidez na venda pode compensar os malefícios desse modelo de venda. Veja a seguir algumas das principais características da venda de imóveis em leilão e avalie quando esse tipo de negócio pode ser vantajoso. 

Venda rápida

O leilão de imóveis na maioria dos casos é adotado por pessoas jurídicas, como instituições financeiras e construtoras que têm objetivo de vender imóveis de inadimplentes ou aumentar o volume de vendas rapidamente. Mas, qualquer proprietário que não esteja impedido de vender seu imóvel, pode fazê-lo por meio de um leilão.

A agilidade da venda pode ser a principal e única vantagem para pessoas físicas na venda de um imóvel em um leilão extrajudicial (que não ocorre em virtude de uma decisão da justiça). Segundo Fábio Zukerman, leiloeiro oficial e sócio da Zukerman, na sua empresa normalmente as vendas ocorrem em um período de 25 a 40 dias. 

“A maior parte das pessoas físicas colocam o imóvel à venda por para resolver um conflito familiar, quando mais de um parente disputa um imóvel recebido por herança, por exemplo, ou quando a pessoa já fez de tudo para vender o imóvel no mercado por um valor mínimo, mas não conseguiu e quer alavancar esse valor mínimo no leilão”, explica Zukerman.

Celso Ribeiro, leiloeiro da Fidalgo Leilões, afirma que na empresa a venda de um imóvel costuma se concretizar, em média, em 60 dias. “Aqui, 99,9% dos casos são de leilões judiciais e apenas 0,1% são de pessoas físicas. Esse ano tivemos apenas dois leilões particulares. Em um dos casos o proprietário não conseguia vender o imóvel de jeito nenhum e em outro o imóvel ficava em uma cidade onde um grupo comprava todos os imóveis e controlava os preços das compras, por isso o dono queria atrair compradores de fora para conseguir um preço melhor”, diz. 

O professor de direito imobiliário da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Luciano de Souza Godoy, avalia que para as pessoas físicas, o leilão traz vantagens apenas em dois casos extremos: “Imóveis muito procurados e menos procurados são os alvos do leilão. Se o imóvel tem baixa procura, o leilão pode ser um bom negócio para a pessoa que precisa de dinheiro e de liquidez rápida. E imóveis muito valiosos, em regiões que têm pouquíssima oferta, como na zona sul do Rio de Janeiro ou de São Paulo, o proprietário pode conseguir um valor acima de mercado colocando o imóvel em um leilão”, explica. 

Quanto se recebe pelo imóvel

Normalmente os imóveis vendidos em leilões chegam a ter descontos de 20% ou mais em relação ao preço de mercado. O preço do imóvel é reduzido para que a compra seja viabilizada mais rapidamente. Por isso, na maioria esmagadora dos casos, não se deve esperar obter nenhum tipo de vantagem financeira. Conforme o professor da FGV explica, apenas imóveis muito disputados têm chances de se valorizar nos leilões.


Segundo o sócio da Zukerman, no laudo de avaliação do imóvel dois valores são descritos, um deles é o valor de mercado e o outro é o valor de liquidez forçada, que costuma ser 20% menor que o valor de mercado. “Nós preferimos e costumamos recomendar na Zukerman que o valor mínimo do imóvel leiloado seja o valor de liquidez forçada”, afirma. 

Na Zukermam, a maior parte dos lances partem, portanto, do valor de liquidez forçada e podem chegar, em casos raros, até a superar o valor de mercado, dependendo da emoção dos compradores, segundo explica o leiloeiro. “Se o imóvel estiver em um local muito disputado, o valor de venda pode se aproximar ou até ultrapassa o valor de mercado”, diz. 

Celso Ribeiro afirma que na Fidalgo alguns imóveis vão a leilão com um valor mínimo até 40% abaixo do valor de mercado para atrair mais compradores, mas cabe ao vendedor aceitar ou não os valores dos lances. “No edital do leilão, nós colocamos que a venda está condicionada ao 'aceite' do vendedor. Assim, mesmo se ele colocar um valor mínimo de 40.000 reais e receber um lance nesse valor, ele só venderá o imóvel se der o ‘aceite’ ao lance dado”, explica.

Custos da venda

Os custos da venda do imóvel em leilão são outro ponto de grande relevância. Enquanto em uma venda intermediada por imobiliárias a comissão pode chegar a custar 6% do valor do imóvel, sendo esse valor negociável, a venda no leilão pode custar muito mais ou menos que isso, variando de 1% a 8% do valor do imóvel. 

As despesas basicamente são com publicidade, elaboração do laudo de avaliação e documentação do imóvel e com a remuneração do leiloeiro, se houver êxito na venda. Segundo Luciano Godoy, a emissão das documentações necessárias para a venda do imóvel e o laudo de avaliação costumam custar cerca de 1.000 reais. 

Na Zukerman, a publicidade costuma custar de 0,5% a 1% do valor de avaliação do bem, podendo variar muito, segundo explica Fabio Zukerman. “E a remuneração do leiloeiro também pode variar, mas não costuma passar de 3% sobre o valor de venda”, afirma. Sendo assim, na casa, os custos podem partir de 1% e chegar a 4% ou mais, dependendo da publicidade. 

Na Fidalgo, os custos com publicidade também costumam variar entre 0,5% a 1% do valor do imóvel e a remuneração do leiloeiro normalmente é de 5%, sendo que essa porcentagem é negociável, e algumas vezes chega a 2% ou 3% do valor do imóvel. Mas, se a propriedade precisar de mais publicidade, por não ser tão atrativa, os custos com divulgação podem chegar a 2% ou 3% do valor do imóvel. Na Fidalgo, portanto, os custos podem bater os 8%. 

Vale ressaltar que a publicidade não é opcional. O vendedor é obrigado por lei a divulgar o edital do leilão em três publicações de grande circulação.  

Procedimento 

O interessado em vender o imóvel deve entrar em contato com uma casa de leilão que trabalhe com leilões de pessoas físicas e deve enviar alguns documentos, como a matrícula do imóvel, a capa do IPTU, o laudo de avaliação elaborado por uma empresa especializada e a cópia de alguns documentos pessoais. Uma vez entregues os documentos, o proprietário assina um termo de autorização de venda.


Segundo Fábio Zukerman, as casas de leilão costumam orientar os vendedores quanto à documentação, porém os laudos de avaliação devem ser feitos por empresas de avaliação especializada, sendo que as próprias casas podem indicar empresas que prestam o serviço. 

Com a documentação devidamente apresentada, é realizada uma análise do imóvel pelos leiloeiros, é elaborada uma estratégia de publicidade e designada uma data para o leilão. “Diferentemente das negociações mais comuns no mercado, o leilão tem hora e dia para acabar, com as condições de venda previamente estabelecidas. Assim, uma vez arrematado o imóvel, o vendedor receberá rapidamente pela venda, não tendo perder tempo com tratativas”, explica Fábio Zukerman. 

No próprio edital do leilão são descritas as condições de pagamento aceitas pelo vendedor. O comprador fica obrigado a pagar o imóvel nas condições expostas no edital, podendo enfrentar processos na justiça se desistir da compra ou não aceitar as condições de venda depois de dar o lance. 

Se o leilão for presencial, então o compromisso de compra e venda do imóvel já é assinado por ambas as partes imediatamente após o leilão e o comprador faz o pagamento do sinal do imóvel, uma entrada que é previamente definida no edital. Mas, se o leilão for feito pela internet, então ao terminar o prazo disponível para lances, o leiloeiro apura qual foi o maior lance enviado e liga para o vendedor para questionar se ele aceita o lance. Em caso afirmativo, então ele viabiliza o contato entre as partes, que marcam um encontro para assinar o compromisso de compra e venda.

Cuidados durante a negociação

Segundo o professor de direito da FGV, o vendedor deve se preocupar com três questões principais durante a negociação. A primeira é o preço mínimo do imóvel, a segunda são as condições de pagamento e a terceira é o prazo de entrega do imóvel. “O prazo de entrega é uma questão que as pessoas se preocupam muito pouco, mas é muito importante. Alguns acabam obrigados a entregar o imóvel sem ter para onde ir”, diz. 

Essas condições são definidas no edital do leilão, por isso, antes de assinar qualquer compromisso, o vendedor deve se certificar de que a venda será realizada dentro dos parâmetros que considerar adequados. 

Uma vez feito o arremate e assinado o compromisso de compra e venda,  o próprio imóvel funciona como garantia do pagamento. “Se o comprador não pagar o imóvel, o compromisso é rescindido e o vendedor tem o direito de retomar o imóvel. Isso está previsto no contrato de compromisso de compra e venda, que é muito utilizado como proteção para quem vende o imóvel”, diz Godoy. 

Maior divulgação 

O leiloeiro da Fidalgo Leilões, Celso Ribeiro, afirma que além da maior velocidade na venda, uma outra vantagem possível na venda de um imóvel em leilão é a maior divulgação da propriedade. “As imobiliárias muitas vezes são mais especializadas em alguma região ou cidade e como nós fazemos uma divulgação para o estado todo, muitas vezes acabamos divulgando mais o imóvel”, explica. 

O leilão pode dar mais visibilidade também pelo fato dos preços anunciados serem inferiores ao valor de mercado. Mas, vale lembrar que, enquanto as imobiliárias realizam a divulgação do imóvel gratuitamente, no caso dos leilões, mesmo que a venda não se concretize, os custos com publicidade devem ser pagos. E segundo os entrevistados, não há nenhuma garantia de que o imóvel será vendido. 

Acompanhe tudo sobre:guia-de-imoveisImóveisLeilõespatrimonio-pessoalrenda-pessoal

Mais de Minhas Finanças

Resultado da Mega-Sena concurso 2.817; prêmio é de R$ 3,4 milhões

Nova portaria do INSS suspende por seis meses bloqueio de benefícios por falta de prova de vida

Governo anuncia cancelamento do Bolsa Família para 1.199 candidatos eleitos em 2024

Nota Fiscal Paulista libera R$ 39 milhões em crédito; veja como transferir o dinheiro