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Novas regras de fundos abrem as portas do mercado externo

Uma diferença importante nas novas regras é a transparência


	Dinheiro: a evolução se dá na ampliação do limite de investimentos no exterior dos fundos de varejo
 (Thinkstock/Rodrigo bellizzi)

Dinheiro: a evolução se dá na ampliação do limite de investimentos no exterior dos fundos de varejo (Thinkstock/Rodrigo bellizzi)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 15h50.

São Paulo - As instruções 554 e 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que entraram em vigor hoje, 1º de outubro, representam uma modernização importante dos investimentos e do setor de fundos brasileiro, adaptando-os aos novos tempos do mercado, diz Eduardo Forestieri, superintendente de Distribuição de Investimentos do Citibank.

“Desde que a instrução anterior, a 409, entrou em vigor há dez anos, o mundo se modernizou muito, os meios de comunicação evoluíram e o próprio mercado brasileiro avançou em termos de transparência, uso da internet para comunicação e até na estrutura de gestão e distribuição”, afirma.

Mais transparência e melhor comunicação

Outra mudança importante nas novas regras é a transparência. A CVM quer que o investidor entenda o que o gestor fala e que às vezes não ficava claro. Era preciso simplificar a comunicação e torna-la mais eficiente.

Isso levou ao fim do prospecto, que repetia o regulamento e a lâmina do fundo e acabava mais confundindo o investidor do que esclarecendo.

“Na lâmina, o gestor poderá falar só o necessário, ir direto ao ponto”, diz Forestieri. E o formulário eletrônico, pela internet, trará mais detalhes da carteira e permitirá a adesão aos fundos sem papéis.

O setor de fundos segue assim o caminho da simplificação que já foi adotado pelo Tesouro Direto em seus títulos públicos, que receberam nomes mais populares e explicativos, e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), ao concentrar as classificações de fundos em quatro grandes categorias.

Perfil do investidor

A instrução 554 trouxe ainda uma evolução importante na definição do perfil do investidor e no acesso aos tipos mais sofisticados de investimento, afirma Forestieri.

A instrução aumenta o valor exigido do investidor qualificado, de R$ 300 mil para R$ 1 milhão, e cria a figura do investidor profissional, com mais de R$ 10 milhões, “dando mais liberdade para esse cliente com mais recursos e para quem gere o dinheiro dele”, diz o executivo.

Diversificação mais fácil

Já na 555, a evolução se dá na ampliação do limite de investimentos no exterior dos fundos de varejo, e que passou para 20% para o publico em geral e 40% para os qualificados.

Além disso, passou a permitir que os fundos para qualificados possam aplicar 100% dos recursos lá fora sem exigir aplicação mínima de R$ 1 milhão.

Uma aplicação mínima tão alta limitava muito a diversificação e o acesso aos fundos no exterior. “Não era racional o investidor ter R$ 1,1 milhão e ter de colocar 98% de seus recursos em um só fundo para poder aplicar lá fora”, diz Forestieri.

“E isso limitava a alocação no exterior a quem tinha muito mais de R$ 1 milhão para investir e a própria diversificação dos investidores”, diz.

Mais 97% do PIB mundial para investir

A diversificação, destaca Forestieri, é um dos principais benefícios da nova legislação. “Se compararmos o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas pelo país) do Brasil com o do resto do mundo, teremos no máximo 3%”, afirma.

Isso significa que hoje o brasileiro só pode investir em 3% do mundo. “Agora, o investidor vai ter 100% do mundo para investir.”

Mais setores e papéis e menor correlação
O investidor terá agora também acesso a papéis de setores que não existem na bolsa brasileira, como saúde ou automobilístico, ou regiões não tão óbvias, como os países da Ásia além do Japão, ou os emergentes da Europa.

Há ainda diferentes tipos de papéis de renda fixa emitidos por empresas ou commodities que poderão entrar na carteira do brasileiro.

Isso abrirá a possibilidade de o investidor descorrelacionar sua carteira, aplicando em papéis que não seguem a mesma tendência. “Hoje, o brasileiro tem 100% de seus investimentos correlacionados, ou atrelados, a 3% do PIB do mundo apenas”, diz Forestieri.

Opção por hedge cambial

A maior abertura ao exterior obrigará o investidor brasileiro também a se preparar mais e discutir outros temas que antes nem passavam pela sua cabeça, como a questão cambial.

Segundo Forestieri, há hoje uma divisão no mercado se as aplicações lá fora devem ser em reais ou em outra moeda, como dólar ou euro. No caso do Citibank, a opção foi não trazer fundos em moeda estrangeira, só em moeda local.

Fundos no exterior

O banco está lançando no Brasil quatro fundos que aplicam em ativos no exterior e que permitirão a aplicação a partir de R$ 25 mil para investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão para investir. Um será de renda fixa, outro multimercado, um de juros e moedas e um de ações globais.

O investidor vai poder escolher entre eles de acordo com seu perfil de risco e objetivos. “A ideia é que a volatilidade dessas carteiras não venha do câmbio, mas das aplicações”, afirma Forestieri.

“Se fôssemos usar o câmbio, neste ano por exemplo, com o dólar subindo 50%, a maioria do retorno viria somente da correção cambial, e não da estratégia” explica. “Além disso, o cenário pode mudar.”

Para o público em geral, o Citi vai criar sete fundos com até 20% de exposição no exterior. Todos terão hedge cambial e vão usar a parcela de 20% para comprar cotas de outros fundos que apliquem 100% no exterior.

Um deles vai ter exposição em papéis de empresas brasileiras. Outro aplicará em fundos diferentes lá fora e alguns vão mesclar bolsa americana e crédito.

Um deles, de ações, vai aproveitar as emissões lá de fora no mercado local via compra de Brazilian Depositary Receipts (BDR, recibo de ações estrangeiras negociado no Brasil).

Apesar da aplicação no exterior, os fundos não terão carência para resgate, que poderá ser feito entre três e cinco dias úteis (D+3 a D+5).

Fundos de previdência no exterior
O Citi está lançando também fundos de previdência privada com aplicações no exterior. Eles aplicarão parte dos recursos nos fundos da plataforma global do Citi no exterior.

Os fundos obedecerão o sistema de ciclo de vida, que vai reduzindo a parcela em renda variável com o passar dos anos.

Da parcela de 35% em ações, o fundo poderá aplicar uma parte no mercado local ou via derivativo em índice Standard & Poor’s futuro com proteção cambial.

“A estrutura dá liberdade para o gestor definir quanto colocar no exterior”, afirma Forestieri.

Outro fundo de previdência sem ciclo de vida terá uma parcela fixa de 45% em renda variável.

E são fundos com aplicação mínima de R$ 80 e sem taxa de carregamento, a taxa adicional cobrada pelos bancos na aplicação em previdência.

Para Forestieri, apesar da forte alta dos juros locais e da forte queda da bolsa, ainda é interessante fazer uma diversificação no exterior.

“Olhando fundos com cinco, dez anos de vida que aplicam lá fora, com proteção cambial, ou seja, sem ganho com o dólar, vemos que mesmo com o custo do hedge eles ainda andam acima do CDI, e bastante”, diz.

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