Aéreas: facilidade para mover uma causa é uma das razões do acúmulo de processos no Brasil (Daniel Garrido/Getty Images)
Redatora
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 06h16.
Processos judiciais contra atrasos em voos e extravios de malas se tornaram um peso para as áreas brasileiras, segundo informações da Bloomberg. Todos os meses as companhias enfrentam de 8 mil a 10 mil processos do tipo, enquanto empresas internacionais têm um média de 5 mil, segundo entrevista Ricardo Bernardi, especialista da Bernardi & Schnapp e consultor jurídico da IATA, ao veículo.
Além disso, ele aponta que consumidores vencem 80% dos casos. Os processos se multiplicam também pela facilidade de apresentar um – é possível fazê-lo sem um advogado em um juizado de pequenas causas.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), reclamações do tipo custam pelo menos R$ 1 bi por ano. 98,5% dos processos contra companhias áreas do mundo são movidos no Brasil, de acordo com a instituição.
Segundo a Bloomberg, a situação levou empresas a diminuírem a quantidade de voos no país, o que gera aumento de preço nas passagens. Segundo o ministro da Fazenda Fernando Haddad, o custo dos bilhetes aéreos aumento 65% entre agosto e dezembro do ano passado.
Além disso, as aéreas brasileiras não receberam pacotes de ajuda durante a pandemia, como aconteceu nos EUA e na Europa. A Gol, por exemplo, entrou com um processo de recuperação judicial nos EUA em janeiro.
A equipe econômica está trabalhando em novas regras para processos judiciais contra aéreas, segundo a Bloomberg. Segundo uma fonte, a ideia é tornar mais claras as situações em que a companhia é passível de reclamação.
Há ainda uma questão regional dentro do país: os tribunais de Rondônia, por exemplo, são considerados mais pró-consumidor – e a Azul reduziu suas operações no estado em 2023, por exemplo.