O Pix é o meio de pagamento instantâneo desenvolvido pelo Banco Central em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 13h27.
Última atualização em 23 de dezembro de 2020 às 18h03.
A chegada do Pix, o sistema de pagamentos e transferências instantâneas e gratuitas -- para pessoas físicas -- do Banco Central, veio acompanhada de previsões sombrias para o TED e o DOC. As duas ferramentas que costumam ser cobradas pelos bancos e funcionam apenas durante o expediente bancário devem cair em desuso rapidamente com o substituto.
Que ter controle sobre seu dinheiro? Conheça o curso de liberdade financeira da EXAME Academy
Mas serão dois meios de pagamento do mundo físico, o boleto bancário e o dinheiro em espécie, aqueles que mais serão substituídos pelo Pix. É o que revela uma pesquisa inédita da área de Inteligência de Mercado da Globo, publicada em primeira mão pela EXAME Invest.
Os brasileiros pretendem utilizar o Pix como substituto dos seguintes meios de pagamento, em ordem decrescente de menções: boleto bancário (54%), dinheiro (53%), cartão de crédito (49%) e cartão de débito (39%).
A preferência de utilizar o Pix como substituto do boleto abre um potencial de aumento de vendas relevante para varejistas, uma vez que esse meio de pagamento é caracterizado por um amplo índice de desistência: o consumidor seleciona a compra, mas desiste de pagar e, consequentemente, abre mão do produto ou serviço. "Como o Pix conclui na hora a transação, o consumidor se compromete com a compra", afirma Gabriel Nobrega, head de Estratégia para o setor financeiro dessa divisão da Globo.
Outra oportunidade para varejistas -- revelada pela pesquisa -- é tirar proveito da instantaneidade do Pix como fator de atração de consumidores, em especial no varejo físico, em que há mais fricções: 82% dos entrevistados disseram considerar o tamanho e a rapidez das filas como um fator importante nas compras em lojas físicas. E 78% relataram já ter desistido de uma compra ou escolhido outra loja por causa do tamanho da fila.
"O Pix pode ser a solução para acelerar o tempo do check out (pagamento). Por exemplo, por meio de QR Code em uma mesa de restaurante, em que as pessoas usam o celular para ler o código e pagam quase simultaneamente", afirma Nóbrega.
Feiras, padarias e açougues (27% das menções como estabelecimentos com pior experiência de pagamento), supermercados (24%) e postos de combustíveis (23%) estão como as lojas que mais podem se aproveitar do Pix.
"Os bancos estão falando mais do Pix quando o assunto é transferência, mas, quando se trata de pagamentos, serão as empresas de varejo, principalmente as de e-commerce, as que vão puxar a adesão ao Pix. Especialmente depois da temporada de fim de ano, porque esta é uma época em que elas preferem não correr riscos", afirma.
A pesquisa aponta que existe uma predisposição de seis em cada dez brasileiros de experimentar novas tecnologias em serviços bancários e meios de pagamento, o que mostra o elevado potencial de penetração das novas soluções.
Em descoberta alinhada com essa disposição, sete em cada dez entrevistados disseram saber que é possível utilizar o Pix como método de pagamento.
A pesquisa foi realizada entre os dias 18 e 24 de novembro com 500 pessoas com acesso à internet e a bancos.