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Não vá com tanta sede ao pote do Tesouro Direto

Títulos vivem ótimo momento, mas investidor pode ter prejuízos se investir tudo o que tem de uma vez só no Tesouro


	Jovem com sede: Com possível alta da Selic, taxas dos títulos públicos podem subir e títulos atuais podem sofrer variação negativa
 (Stock.xchng)

Jovem com sede: Com possível alta da Selic, taxas dos títulos públicos podem subir e títulos atuais podem sofrer variação negativa (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2014 às 22h12.

São Paulo - O investimento no Tesouro Direto tem sido ostensivamente recomendado por especialistas. Mas, ainda que os títulos estejam em um momento favorável, eles podem vir a render ainda mais com uma nova alta da taxa Selic, por isso o investidor deve tomar cuidado para não ir com muita sede ao pote.

Com as recentes altas da taxa básica de juros, os títulos públicos têm oferecido remunerações atraentes e que ficam ainda mais interessantes se comparadas a outras aplicações financeiras do mercado que estão em baixa, como as ações.

As Notas do Tesouro Nacional-série B (NTN-B), que pagam uma taxa pré-fixada mais a variação da inflação medida pelo IPCA, têm oferecido ao investidor remunerações de mais de 6% ao ano acima da inflação. Um rendimento que as NTN-Bs não viam desde 2011 e que supera com folga o retorno líquido de cerca de 6,5% ao ano da poupança, que não oferece correção pela inflação.

As Letras Financeiras do Tesouro também estão em evidência, já que seu rendimento é atrelado à variação da Selic.

E os títulos pré-fixados, que pagam ao investidor uma taxa de juro pré-definida, também têm oferecido taxas mais interessantes com a elevação da Selic. As Letras do Tesouro Nacional e a Nota do Tesouro Nacional-série F disponíveis para compra estão com taxas de 12% ao ano.

Por que então tomar cuidado?

Ainda que a remuneração dos títulos seja vantajosa, o mercado espera que a taxa Selic ainda sofra mais elevações e passe dos atuais 10% aos 10,5% ao ano.

Para não se distanciar dos juros que balizam o mercado, as remunerações dos títulos públicos flutuam ao sabor da Selic. Portanto, com a nova alta, os títulos públicos podem sofrer algumas mudanças. 

As NTN-Bs, que atualmente pagam ao investidor taxas de 6% ao ano mais IPCA, por exemplo, podem apresentar uma rentabilidade negativa se a nova taxa pré-fixada das NTN-Bs se tornar ainda maior, deixando as remunerações atuais menos vantajosas.

Suponha que no ano que vem as NTN-Bs passem a oferecer taxas de 7% ou 8% ao ano. Um investidor que tiver comprado o título agora terá acordado uma remuneração de 6%. Se resolver vendê-lo antens do vencimento, pode ter de fazê-lo por um preço menor do que pagou originalmente, perdendo não apenas a remuneração, mas também parte do principal.

Esta seria uma espécie de compensação pela taxa menor. O prejuízo só não ocorrerá se o investidor ficar com o título até o vencimento, recebendo os 6% ao ano mais a inflação prometidos.

“Esse ganho de 6% ao ano é um ganho bem interessante, mas o investidor precisa estar ciente dos riscos, porque se a taxa de juros continuar subindo, o título pode ter uma desvalorização”, afirma Amerson Magalhães, diretor da Easynvest Título Corretora.

Movimento parecido pode ocorrer com os títulos pré-fixados. Se uma LTN ou uma NTN-F hoje pagam cerca de 12% ao ano, com a alta da Selic, as taxas podem subir.

Uma pessoa que tiver comprado o título hoje poderá vê-lo se desvalorizar se novas LTN e NTN-Fs passarem a oferecer melhores remunerações.

Qual estratégia usar ao investir nos títulos?

Para quem não tolera nenhum tipo de prejuízo, Amerson Magalhães recomenda o investimento apenas nas LFTs, que acompanham a variação da Selic. “O investidor que é mais conservador, que acredita que a alta da Selic vai continuar e ainda não se sente confortável com oscilações em títulos de renda fixa, deve investir na LFT“, orienta.

Como a LFT sempre acompanha as variações da Selic, o investidor não corre o risco de ver seu título sofrer se a taxa chegar aos 10,5% ao ano. Afinal, sua remuneração será ajustada a esses 10,5%.

“Ao comprar o título pós-fixado, o investidor não precisa ter essa preocupação, porque estará acompanhando a Selic”, diz Magalhães.

Já o investidor que aceita riscos um pouco maiores pode aplicar não só nas LFTs, que farão o papel mais conservador da carteira, mas também nas NTN-Bs.

O ideal é comprar títulos aos poucos, sem investir tudo que tem de uma vez só e sempre pensando que o investimento deve focar o longo prazo.

“A ideia é que o investidor conheça a volatilidade da NTN-B e não compre um título de longo prazo para investir um dinheiro que ele pode precisar no curto prazo”, diz Magalhães.

Ele lembra que muitos investidores que não compreendiam as oscilações dos títulos de renda fixa se assustaram com as NTN-Bs neste ano.

Ao longo de 2013, com a alta da taxa Selic, as NTN-Bs compradas anteriormente, que pagavam 2%, 3% ou 4% ao ano mais a inflação, passaram a ser desvantajosas diante das novas NTN-Bs, que passaram a oferecer taxas cada vez maiores.

Como a rentabilidade dos títulos é divulgada diariamente e são mostrados os rendimentos que eles teriam se fossem vendidos antes do vencimento, os investidores se assustaram com as variações negativas (fruto dessa marcação a mercado) e venderam seus títulos em vez de mantê-los até o final do prazo para não realizar o prejuízo.

Mas, se as taxas das NTN-Bs podem subir com a alta da Selic e os títulos podem sofrer novamente essas variações negativas, por que não esperar, em vez de investir agora?

Amerson Magalhães responde que, de certa forma, a expectativa de alta da Selic já foi precificada. Isto é, as taxas das NTN-Bs já incorporaram na sua remuneração parte desse possível aumento da taxa básica de juros.

“O título público já é precificado pela expectativa de juros futuros. Por isso, se o investidor quer reduzir riscos, ele deve ir comprando ao longo do tempo”, diz o diretor da Easynvest Título Corretora.

Ainda que investir aos poucos seja uma estratégia que permite minimizar os riscos de investir de uma vez só na hora errada, Magalhães admite que pode ser preferível ao investidor conservador deixar para fazer seu investimento apenas depois que a taxa Selic se estabilizar.

Os títulos pré-fixados seguem a mesma lógica. Eles estão com bons rendimentos, por isso pode valer a pena comprá-los agora, mas eles podem render mais ainda, por isso pode valer a pena comprar aos poucos e suavizar os riscos de oscilações. 

Ainda assim, há uma ênfase maior na recomendação de compra das NTN-Bs do que dos títulos pré-fixados porque, com a inflação em alta, as NTN-Bs protegem mais o investidor.

“Há títulos pré-fixados que pagam 12% ao ano. Só que como a inflação vem ficando próxima ao teto da meta nos últimos anos, uma forma de se defender dela tem sido o investimento nas NTN-Bs. Pode ser até que, no fim das contas, os títulos pré-fixados paguem mais, mas se a inflação permanecer próxima ao teto, certamente a NTN-B terá uma rentabilidade maior”, completa Magalhães. 

Veja no vídeo a seguir qual é o melhor título do Tesouro Direto para a aposentadoria:

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