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Não somos uma empresa de cartão, diz presidente da Visa no Brasil

Com investimentos de cerca de 10 bilhões de dólares nos últimos cinco anos, a Visa estruturou uma rede para ser uma integradora de pagamentos em todo o mundo

Nuno Lopes Alves: brasileiro perdeu medo de pagamento digital ao utilizar o Pix (Visa/divulgação/Divulgação)

Nuno Lopes Alves: brasileiro perdeu medo de pagamento digital ao utilizar o Pix (Visa/divulgação/Divulgação)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 26 de maio de 2022 às 06h29.

Última atualização em 26 de maio de 2022 às 15h03.

Muito além de uma empresa de cartão de crédito. É assim que a Visa, uma das maiores companhias de pagamentos eletrônicos do mundo, que movimentou cerca de 14 trilhões de dólares em transações no último ano, tem se posicionado. Em entrevista à EXAME Invest, Nuno Lopes Alves, presidente da Visa no Brasil, afirmou que a companhia investiu cerca de 10 bilhões de dólares nos últimos cinco anos em tecnologia para criar o que ele chama de “rede das redes.”

A ideia é que por meio da infraestrutura da companhia, ela seja uma grande integradora de transações, fazendo com que diferentes sistemas se conectem em todo o mundo. “Globalmente, os pagamentos não digitais [dinheiro e cheque], somam 18 trilhões de dólares. Ainda há muito para digitalizar os pagamentos. É um espaço gigante para crescer.”

Neste processo, o Brasil é estratégico para a Visa na América Latina. Antes de assumir o comando da Visa no Brasil, há cerca de um ano, Lopes Alves era o responsável por gestão e negócios na região Andina (Colômbia, Equador e Venezuela).

A pandemia foi um impulsionadora do processo de digitalização do mercado brasileiro. O executivo destacou dados da Associação Brasileira de Empresas de Cartão de Crédito e Serviços (Abecs) antes e depois da pandemia. Nos últimos anos, as transações com cartões de crédito e débito cresceram de 35% para 55%.

“A transformação digital está em curso no mundo todo. No Brasil, não é diferente. O movimento é muito acelerado e o nosso investimento em infraestrutura fez com que o mercado na hora da necessidade pudesse se voltar ao e-commerce.” Ele destaca ainda que a mudança também ocorreu no mundo físico, com a adoção do pagamento por aproximação (contactless) “É higiênico e prático. Quando adotado pelo consumidor, tem efeito de contágio.”

Somado a isso, durante a pandemia, o mercado de pagamento ganhou o Pix, que teve grande aceitação. O número de brasileiros que criaram uma chave do Pix ultrapassa os 100 milhões, enquanto o número de transferências em um único dia já passou de 58 milhões. A Visa vê com bons olhos a chegada do sistema de pagamento do Banco Central. Segundo o executivo, o Pix que fez com que o brasileiro “perdesse o medo dos pagamentos digitais.”

Lopes Alves afirma ainda que todo este crescimento expressivo é apenas um pedaço do mercado que a Visa pode atuar. De acordo com o executivo, a companhia está pronta e posicionada para ganhar escala em diferentes segmentos do mercado de movimentação financeira, além do mercado de pagamentos, como serviços agregados (monetização de dados, camadas de segurança, consultoria para ajudar o ecossistema das companhias, entre outros.) “São novos fluxos de pagamentos, transações, pagamentos de pessoas a pessoas, empresas a pessoas, governo a empresas. É um mercado 10 vezes maior do que o de meios de pagamentos.”

Token

Uma das apostas da companhia é a utilização do token, que substitui os dados da credencial do portador do cartão, como o número de conta e a data de validade do cartão, por um identificador digital único  ("token") que pode ser usado para fazer pagamentos sem expor informações sensíveis de uma conta. A tecnologia é usada em sites, aplicativos de mobilidade urbana, delivery de alimentação, streaming e lojas virtuais. Somente este ano, a Visa alcançou a marca de dois bilhões de tokens emitidos em todo o mundo.

No Brasil, a tokenização tem sido utilizada no pagamento no Whatsapp. Neste tipo de transação eletrônica, todas as informações dos usuários do aplicativo são substituídas por uma credencial única e armazenada na nuvem. Quando uma transação ocorre, a Visa troca os dígitos originais por um identificador único que fica no sistema do comprador. Cada aplicativo ou dispositivo possui um identificador diferente, e em caso de roubo do telefone, por exemplo, o identificador pode ser desabilitado remotamente. " O que está na ponta é uma credencial da Visa, a desmaterialização do cartão", explica Alves.

Outra aposta da companhia é a permissão de remessas internacionais por meio da tecnologia de blockchain. Ela permitirá que grandes empresas façam transação de remessas de diferentes países, com agilidade e eficiência. “Estamos na penetração dessa tecnologia em diferentes casos de uso." É um mar de oportunidades pela frente.

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