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Mulheres deveriam assumir mais riscos ao investir, diz especialista global

Conservadorismo excessivo na gestão de carteira afeta evolução do patrimônio de mulheres investidoras, diz chefe global de pesquisas do Credit Suisse

Hechler Fayd’herbe acumula uma experiência de quase 25 anos no mercado financeiro global (Credit Suisse/Divulgação)

Hechler Fayd’herbe acumula uma experiência de quase 25 anos no mercado financeiro global (Credit Suisse/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 09h21.

É inegável o avanço da mulher na sociedade. As mulheres estudam cada vez mais e se qualificam para o mercado, o que colabora para que consigam ganhar maiores salários. Apesar de ainda não se equiparar aos dos homens, os salários das mulheres aumentaram nos últimos anos, o que permite que possam poupar mais e, consequentemente, que isso seja um passo importante no caminho para enriquecer.

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Mas dá para fazer mais a esse respeito. E isso passa por uma nova forma de gerenciar os investimentos, assumindo mais riscos. É o que afirma Nannette Hechler Fayd’herbe, executiva-chefe de Investimentos (Chief Investment Officer em inglês, ou CIO) da gestora de fortunas internacional e head global de Economia & Pesquisa do Credit Suisse, um dos maiores bancos de investimento do mundo.

"Considerando todos os nossos clientes do segmento private, vemos que a mulher tem uma menor tolerância ao risco", afirma Hechler Fayd’herbe, que acumula uma experiência de quase 25 anos no mercado financeiro global. Ela cita números de uma pesquisa recém-concluída pelo banco, divulgada com exclusividade pela EXAME, para fundamentar seu argumento.

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O estudo revela que 42% da riqueza global, em média, está nas mãos de mulheres. No Brasil, esse percentual é menor e varia de 30% a 40%. São volumes que incluem ativos financeiros, como ações, títulos e fundos, e também não-financeiros, como imóveis. Quando se olha apenas para ativos financeiros, a diferença entre gêneros é maior: elas detêm apenas um terço da riqueza mundial. Há razões para a diferença.

A fatia de mulheres que aceitam tomar riscos altos entre os 20 e 29 anos é equivalente a 22% do total. E esse número, que já é considerado baixo, cai pela metade entre os 30 e 45 anos. É um período de vida nas quais muitas delas se tornam mães. "Verificamos que é o momento em que muitas decidem dar um passo atrás na carreira ou trabalham em meio período para cuidar da família. Isso tem impacto no salário e, consequentemente, nos investimentos", diz.

Já o percentual de homens que aceita correr grandes riscos cai de 27% para 19% entre os dois ciclos de vida. Metade dos homens aceita correr riscos elevados (acima de moderados) na fase entre 30 e 45 anos, enquanto apenas 30% das mulheres têm a mesma atitude. E esse cenário muda muito pouco nos ciclos de vida posteriores.

Gráfico Exame Mulheres e investimentos

Gráfico Exame Mulheres e investimentos (Camila Santiago/Exame)

O que parece ser instintivo e estar relacionado ao ciclo de vida e que, portanto, poderia ser encarado como algo natural na verdade é preocupante, analisa Fayd´herbe. Ela expõe que ser mais conservador nos investimentos significa menos rendimentos da carteira para o período de aposentadoria em uma fase na qual ainda é possível correr mais riscos. "A mulher tem de entender que vai viver muito e precisa se sustentar na aposentadoria. É importante não perder tempo nesse caminho. Se decidem ser mães ou trabalhar menos precisam ajustar seu portfólio de forma a criar rendimentos adicionais, investindo em ações que pagam dividendos, por exemplo, e outros produtos de renda variável com risco controlado."

Outro hábito recorrente das mulheres é ter uma reserva de emergência e dinheiro imediatamente disponível -- que rende pouco -- em valor maior do que o necessário. "O indicado é ter uma reserva de seis meses a um ano em caso de desemprego ou para imprevistos. Mais do que isso não é necessário nesta idade."

Visão de longo prazo

Ainda no tema de investimentos, a pesquisa também revela que a mulher se comporta de forma diferente que os homens ao ter uma visão de mais longo prazo e ser menos propensa a realizar "trades", o que a torna uma investidora melhor. "Essa característica é uma vantagem para as mulheres, pois é muito difícil acertar o timing do mercado", diz a executiva.

O relatório também analisa que a mulher gosta de demonstrações práticas, em detrimento de teorias e jargões, quando se trata de aconselhamento profissional.

Outro comportamento específico é que, para as mulheres, os critérios ESG (sigla em inglês para os temas de meio-ambiente, sociais e de governança) são mais importantes do que para os homens quando se trata de investimentos.

 

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