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Mirae lança primeiro ETF de renda fixa no Brasil em setembro

Os chamados Exchange Traded Funds já existem no Brasil, mas apenas para ações

Cotas do fundo poderão ser compradas por a partir de R$ 100 (artisteer/Thinkstock)

Cotas do fundo poderão ser compradas por a partir de R$ 100 (artisteer/Thinkstock)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 11h50.

A gestora coreana Mirae Asset deve lançar em setembro o primeiro fundo de renda fixa com cotas negociadas em bolsa do mercado brasileiro. Os chamados Exchange Traded Funds (ETF) já existem no Brasil, mas apenas para ações, e vão agora facilitar a aplicação em renda fixa para pequenos investidores, servindo de alternativa a fundos de investimentos, Tesouro Direto e papéis de empresas e bancos.

Ao comprar uma cota do fundo por valores a partir de R$ 100, o investidor receberá o rendimento de uma carteira formada por aplicações no mercado futuro de juros de acordo com o índice Standard & Poor’s (S&P) B3, que reflete o rendimento dos juros projetados pelo mercado para os próximos três anos. Terá também imposto menor, de 15% sobre o ganho, enquanto na compra de papéis as alíquotas começam em 22,5%.

Os ETFs não têm gestão ativa, apenas reproduzem índices de mercado, mas têm sido mais usados no mercado internacional pelos investidores do que a aplicação direta em ações ou títulos. A vantagem é que os ETFs permitem, com valores pequenos, maior diversificação em vários papéis na compra de uma cota.

O Tesouro Nacional há alguns anos prepara um ETF lastreado em títulos públicos, mas está ainda em processo de seleção de um gestor para cuidar da montagem do fundo. As propostas dos gestores foram entregues em 6 de agosto e estão agora na fase de seleção. O ETF do Tesouro terá como referência os papéis do Tesouro Nacional.

Compras no Canadá, Coreia, Austrália e Nova York

O ETF de Renda Fixa será um dos primeiros grandes lançamentos da gestora da Mirae no Brasil e terá como alvo não só investidores locais, mas também grandes investidores estrangeiros interessados nos juros pagos no país. A empresa é forte no mercado de ETFs no exterior, tendo comprado nos últimos anos a Horizons, do Canada, a Tiger, da Coreia, a BetaShares, da Austrália e, mais recentemente, a Global X, uma gestora fundada em 2008, com sede em Nova York, e com mais de 50 ETFs disponíveis nas bolsas dos EUA e do exterior.

Conversas vinham há dois anos

“Enquanto o Tesouro Nacional não iniciava o processo de seleção das gestoras, vimos oportunidade de desenvolver em paralelo o nosso próprio ETF de Renda Fixa”, diz Jisang Yoo, presidente da Mirae Asset Global Investments no Brasil. Segundo ele, as conversas com a bolsa B3 e com o parceiro provedor de índice, a S&P, começaram em agosto de 2016. “Em quase dois anos foram feitos diversos trabalhos que resultaram no FIXA-ETF01L1”, explica Jisang Yoo. “Acreditamos muito no potencial do crescimento do ETF de Renda Fixa no Brasil, e o nosso índice de referência vem para fomentar ainda mais o mercado”, afirma.

Tributação diferenciada

Uma das vantagens do novo ETF será sua tributação, explica André Pimentel, diretor de Investimentos da Mirae Asset no Brasil. “Ele possibilita ao investidor uma eficiência fiscal, já que no mercado secundário o investidor tem a possibilidade de ser tributado somente em 15% de imposto de renda e sem come-cotas (imposto cobrado antecipadamente antes do resgate, em maio e novembro nos fundos de renda fixa e multimercados), e zero de IOF, isso quando o prazo médio de repactuação for acima de 720 dias”, explica. “Nosso ETF foi criado para atender esses pré-requisitos e se posicionar nessa faixa de tributação.”

Experiência internacional e US$ 31 bi sob gestão em ETF

A Mirae pretende usar a experiência que adquiriu no exterior para trazer o ETF de renda fixa para o Brasil, afirma Jisang Yoo. Segundo ele, a Mirae tem ampla experiência nas mais diversas formas de ETF ao redor do mundo, podendo trazer o que há de mais inovador lá fora e ajustar essas aplicações ao perfil do mercado local. A empresa é gestora de aproximadamente U$ 31 bilhões de dólares apenas em ETF, distribuídos em 314 produtos da categoria nas mais diversas bolsas, sob o comando de quatro marcas relevantes. “Acreditamos que a força da equipe Global de ETF da Mirae Asset, aliada à expertise no mercado de Renda Fixa local, seja, sem dúvida, um grande diferencial”, diz Jisang Yoo.

Segundo ele, a Mirae busca consolidar a presença global por meio de aquisições, como temos feito nos últimos anos, já que acredita que o mercado de ETF é um segmento de grande potencial de crescimento, mesmo considerando a forte expansão já verificada nos últimos anos.

Índice em parceria com a S&P

André Pimentel observa que a Mirae oferecerá um ETF baseado em um índice elaborado em parceria com a S&P, que conta com amplo potencial de crescimento – tanto local quanto internacional – e conseguirá atender as demandas de liquidez do mercado. Além disto, o índice proposto, quando comparado com outros índices de relevância do mercado, tem se comportado de maneira muito competitiva em diversos períodos de análise. “Acreditamos que será interessante avaliá-lo como mais uma ferramenta para obtenção de retornos no longo prazo, bem como de diversificação do risco”, afirma Pimentel.

Lançamento na semana de 10 de setembro

A expectativa é fazer o lançamento do ETF na semana de 10 de setembro, afirma Jisang Yoo, ou seja, em pouco mais de três semanas. O código de negociação será FIXA-ETF01L1 e o nome do fundo de indice é Mirae Asset Renda Fixa Pré. E pequenos investidores também poderão investir nos ETFs de renda fixa, explica André Pimentel, a partir de R$ 100. “Trabalhamos para oferecer um produto competitivo para os mais diversos públicos, que vão desde os investidores pessoas física até os institucionais globais”, diz. O ETF poderá ser adquirido também por meio de outras corretoras além da Mirae.

Taxa de administração de 0,30% ao ano

Sobre o custo para o investidor negociar o ETF de renda fixa, Pimentel explica que haverá a taxa de administração do fundo, de 0,30% ao ano, baixa para os padrões brasileiros de renda fixa, que costumam cobrar em fundos de investimentos abertos mais de 0,50% ao ano. Já na hora de comprar as cotas na bolsa, o investidor terá de pagar a taxa de corretagem cobrada pela corretora pela qual vai operar e a tarifa de emolumentos da bolsa, como ocorre com outros papéis negociados na B3.

Potencial de R$ 10 bilhões no longo prazo

Com a experiência da Mirae nesse mercado no exterior, Jisang Yoo está otimista e acredita que o novo ETF de renda fixa pode chegar a R$ 10 bilhões no médio e longo prazo. “Dado o tamanho da indústria, a amplitude do público-alvo e competitividade do produto, nada mais natural do que ficarmos extremamente otimistas”, admite. “Considerando o prazo de maturidade do produto, acreditamos possuir uma posição de relevância no mercado”.

ETFs de Ásia e de Tecnologia de Informação

Com relação a outros ETFs, Jisang Yoo explica que a gestão de ETFs é uma divisão de negócio muito importante no grupo da Mirae Asset e a gestora encontra-se entre as 20 maiores do Mundo. “Localmente, temos o objetivo de expandir a divisão de negócio para Brasil juntamente com produtos bem estruturados como forma de estratégia de crescimento”, diz. “Temos planos para lançar ETFs internacionais, com estratégias específicas, como por exemplo, ETF regionais como Ásia, e temáticos voltados para Tecnologia da Informação, que investem em empresas de Robotica, Inteligencia Artificial, suprimentos de tecnologia, etc”, afirma.

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