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Mercado financeiro inicia semana de ressaca

Mercados cambial, acionário e de títulos mantêm-se em queda nesta segunda-feira (22/5). Um dos motivos vem dos EUA, em função da alta constante da taxa de juros

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

A semana começou mal no mercado financeiro. O dólar fechou cotado a 2,29 reais no mercado a vista. A moeda americana subiu 3,17%, maior alta em três anos. Durante o dia, o dólar chegou a ser negociado a 2,32 reais. Pela primeira vez em muitos meses, a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) acionou seus limitadores de negociação no mercado do dólar futuro. Os contratos de dólar com vencimento em junho chegaram a ser cotados a 2,3274 reais às 11 horas e 30 minutos, atingindo a variação máxima do dia. Com isso, negócios a preços mais elevados não foram aceitos pelo sistema.

A Bolsa de Valores de São Paulo também teve um dos piores dias dos últimos tempos. No momento mais crítico, o Índice Bovespa chegou a cair 5,3%. No encerramento dos negócios, o principal indicador do mercado acionário brasileiro indicava uma queda de 3,3% e retrocedia a níveis de março deste ano.

As notícias ruins não pararam por aí. O risco-Brasil fechou em alta de 5,3%, cotado a 278 pontos-base, após registrar uma alta de 9% no pior momento do dia. No mercado de títulos públicos, os títulos prefixados do Tesouro Nacional que eram negociados pagando juros de 14% ao ano fecharam o dia a 15,6%, maior nível desde fevereiro.

Esse movimento generalizado de deterioração tem três causas.

A primeira é uma piora nas expectativas com relação à economia americana. Até há poucos dias, a grande maioria dos analistas dos Estados Unidos esperava que o recente movimento de alta dos juros americanos parasse quando a taxa referencial chegasse a 5% ao ano. Hoje, os juros chegaram nesse nível e as autoridades monetárias sinalizam que o processo de alta ainda não foi encerrado. Não por acaso, o dia no mercado acionário americano também foi ruim: o índice de ações Nasdaq caiu 1% para o menor preço desde novembro passado. Outros índices - como o Dow Jones e o Standard & Poor';s - também recuaram.

A segunda causa é a mudança de direção dos investidores internacionais. Os juros em alta fazem com que eles se tornem menos dispostos a comprar títulos e ações de países emergentes. O índice Morgan Stanley Capital International - que acompanha as oscilações de ações em 26 países, a maioria emergentes - caiu 4,4%, sua maior baixa em um dia desde agosto de 1998, quando a crise da Rússia semeou o pânico entre os mercados emergentes.

Movimentos como esse são extremamente prejudiciais ao mercado brasileiro. Os investidores em países emergentes que querem reduzir suas posições vendem suas posições e os preços desabam, derrubando a bolsa e elevando o risco-Brasil. Um dos exemplos mais sintomáticos foi o anúncio da extinção do Brazil Fund, um fundo de investimentos internacional dedicado apenas a ações brasileiras. Lançado há cerca de 18 anos, o fundo decidiu encerrar suas atividades e deverá vender 1,1 bilhão de dólares em ações brasileiras ao longo das próximas semanas, acrescentando pressão de queda às cotações.

A terceira causa da piora é interna: é um movimento de correção no mercado local. Nos últimos três anos, os profissionais que administram dinheiro acostumaram-se com um cenário próximo do ideal: juros em queda, ações em alta e dinheiro entrando de fora aos borbotões. Nesse cenário, ganhava mais dinheiro quem fazia as maiores apostas e assumia posições mais arriscadas, movimento conhecido no mercado como alavancagem. Agora, está ocorrendo uma reversão desse movimento, pressionando as cotações.

Muitos operadores também destacaram o fato de que fundos de hedge vinham alongando suas posições. Essa estratégia é uma tentativa de garantir uma rentabilidade elevada por mais tempo, tendo em vista que as expectativas do mercado são de juros em queda. O problema é que papéis mais longos têm mais risco e são menos negociados. Em um momento de venda, como o atual, esses títulos tendem a oscilar mais do que a média. Se os gestores dos fundos tiverem de vendê-los, será necessário fazê-lo a baixo preço. Por isso, quem conhece os fundos de risco não descarta a hipótese de os gestores terem de divulgar pesados prejuízos aos seus cotistas nos próximos dias.

A pergunta de um bilhão de dólares é: essa queda vai continuar? Segundo analistas, sim: no curto prazo, ainda há espaço para novas baixas nos preços das ações e novas altas nas cotações do dólar. No entanto, quando se traçam cenários com perspectivas mais longas, há várias razões para otimismo. Os fundamentos da economia brasileira ainda são sólidos, a dívida pública está sob controle e a inflação não está explodindo, o que representa um cenário de longo prazo benéfico para os investimentos de risco.

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